Mercado Livre de Energia Registra Crescimento Recorde e Atinge 53.880 Unidades Consumidoras em 12 Meses

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Abertura para consumidores de alta tensão e aumento de migrações impulsionam expansão de 50% em número de consumidores e 14% em volume de energia

O mercado livre de energia no Brasil tem registrado um crescimento acelerado nos últimos doze meses, alcançando 53.880 unidades consumidoras em agosto de 2024, contra 35.910 unidades no mesmo período de 2023. Esse avanço de 50% reflete o aumento do interesse dos consumidores, especialmente os de alta tensão que passaram a ter a possibilidade de escolher o fornecedor de energia a partir de janeiro deste ano. Esse movimento foi impulsionado pela flexibilização das regras, que abriu espaço para mais migrações ao Ambiente de Contratação Livre (ACL).

Esses dados fazem parte do último Boletim da Energia Livre, publicado pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), que monitora o desempenho e as transformações do mercado livre de energia. O boletim aponta que, além do crescimento do número de consumidores, houve um aumento de 14% no volume de energia consumida, o que reforça a tendência de migração contínua para o mercado livre.

Expansão Ininterrupta e Migração em Massa

A expansão do mercado livre de energia no Brasil segue um ritmo crescente há 18 meses consecutivos, especialmente desde janeiro de 2024. Com a nova regulamentação, que permite a escolha do fornecedor de energia para consumidores de alta tensão, a taxa anualizada de crescimento acelerou, criando um cenário de migração em massa para o ACL.

Em números, o mercado ganhou 17.910 novas unidades consumidoras ao longo dos últimos 12 meses, uma adição significativa que representa uma mudança no padrão de crescimento do setor. “O mercado livre brasileiro tem atraído cada vez mais consumidores, especialmente pequenos e médios empresários, que encontram neste modelo uma oportunidade de obter preços mais competitivos e previsibilidade nos gastos com energia”, aponta o presidente da Abraceel.

A expectativa de expansão continua para os próximos anos, com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevendo que mais de 36 mil novos consumidores devam migrar para o mercado livre entre 2024 e 2025. Desses, 95% são consumidores de menor porte, o que demonstra o potencial de democratização do mercado.

Destaques do Boletim: Minas Gerais e o Consumo Industrial

O boletim da Abraceel revela ainda que Minas Gerais lidera o ranking de estados com maior adesão ao mercado livre, com 57% da eletricidade consumida mensalmente vindo desse ambiente de contratação. Em segundo lugar, vem o estado do Pará, com 55% de sua demanda atendida pelo mercado livre.

No setor industrial, a migração também é significativa. Em agosto de 2024, 92% do consumo de energia elétrica industrial no Brasil era proveniente do mercado livre. Esse dado reflete a crescente preferência de grandes indústrias pelo ACL, onde podem negociar diretamente os preços com os fornecedores e garantir maior controle sobre os custos energéticos. No setor comercial, o mercado livre atende a 39% da demanda, mostrando que empresas de médio e grande porte também buscam alternativas mais econômicas e flexíveis.

Energia Solar e Contratos Flexíveis

Outro destaque do boletim é o papel da energia solar no mercado livre. Usinas solares centralizadas destinaram 81% de sua geração para o ACL, o que demonstra a crescente importância das fontes renováveis nesse ambiente. Com a tendência de sustentabilidade e a busca por energias limpas, os consumidores do mercado livre mostram preferência por contratar fontes renováveis, o que contribui para uma matriz energética mais sustentável.

Além disso, o relatório aponta que 54,8% da energia consumida no mercado livre está alocada em contratos com até quatro anos de duração. Esse formato de contrato permite que os consumidores adaptem seus compromissos conforme a volatilidade do mercado e suas necessidades energéticas específicas, sem precisar firmar acordos de longo prazo.

Vantagens e Desafios do Mercado Livre de Energia

O crescimento do mercado livre de energia no Brasil traz uma série de benefícios para os consumidores, especialmente em um cenário de transição energética e busca por sustentabilidade. A possibilidade de escolha do fornecedor e a flexibilidade nos contratos permitem que os consumidores negociem condições vantajosas, reduzindo custos e garantindo maior previsibilidade nos gastos com energia elétrica.

Por outro lado, a expansão do mercado livre também apresenta desafios, como a necessidade de regulamentação mais detalhada e a capacitação dos novos entrantes para lidar com a volatilidade dos preços no ambiente de contratação. O presidente da Abraceel ressalta que “é fundamental que o setor avance em políticas que promovam a segurança e a transparência nas negociações para que o mercado livre de energia se torne cada vez mais acessível a todos os perfis de consumidores”.

A adesão em massa ao mercado livre também impacta a rede de distribuição, que precisa estar preparada para receber um volume crescente de consumidores. A infraestrutura de transmissão e a gestão das interconexões com outras regiões e fontes energéticas são pontos que devem receber atenção, para que o crescimento do mercado livre seja sustentável e seguro.

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