Nova metodologia do ONS será implementada para otimizar a distribuição de restrições e garantir maior equilíbrio no SIN, começando pelo Rio Grande do Norte e Ceará
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está prestes a dar um passo significativo para fortalecer a segurança e a confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN). No dia 17 de setembro de 2024, o ONS implementará uma nova metodologia de restrição de geração eólica e fotovoltaica. A mudança visa otimizar a distribuição das restrições, garantindo que elas não se concentrem em determinados conjuntos de geradores ou regiões específicas, como tem ocorrido.
Essa nova abordagem, além de proporcionar um maior equilíbrio na aplicação das restrições, deverá impactar positivamente a operação do sistema, contribuindo para a segurança do fornecimento elétrico em todo o Brasil. Inicialmente, a metodologia será aplicada nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará, regiões que têm grande concentração de usinas de geração renovável.
O que são restrições de geração?
As restrições de geração ocorrem em situações em que a rede de transmissão, que leva energia das usinas para os centros consumidores, atinge seus limites de capacidade. Nesses casos, o ONS precisa decidir quais geradores terão sua produção limitada para não sobrecarregar a infraestrutura de transmissão. Até agora, essa decisão era baseada no “fator de sensibilidade”, que mede o impacto de cada gerador no carregamento da rede.
No entanto, a metodologia atual apresenta desafios, como a concentração das restrições em poucos geradores ou áreas, o que pode comprometer o equilíbrio e a equidade entre os produtores de energia. Isso, em última análise, afeta a eficiência do sistema e a distribuição do impacto sobre os agentes de mercado.
O que muda com a nova metodologia?
Com a implementação da nova metodologia, o ONS continuará a utilizar o fator de sensibilidade, mas de forma mais ampla e equilibrada. Em vez de restringir apenas geradores isolados, serão considerados grupos de geradores que têm impacto semelhante no fluxo de potência, distribuindo melhor as limitações entre os envolvidos.
Essa medida traz um avanço importante, especialmente para as fontes de energia renovável, como a solar e a eólica, que têm crescido rapidamente no Brasil. Ao ampliar o espectro de geradores afetados pelas restrições, o ONS busca evitar a concentração de limitações em um único ponto, minimizando os prejuízos individuais e maximizando o aproveitamento das fontes renováveis.
A escolha do Rio Grande do Norte e do Ceará para a implementação inicial dessa metodologia reflete a importância dessas regiões para o setor de energias renováveis no país. Ambos os estados são líderes em capacidade instalada de geração eólica e solar, tornando-se áreas estratégicas para testar o impacto das novas diretrizes. O ONS acredita que, ao reduzir a concentração das restrições, poderá aumentar a confiabilidade do sistema elétrico e melhorar a gestão do fluxo de energia, beneficiando toda a operação regional.
Benefícios para o SIN e os próximos passos
Os impactos da nova metodologia serão avaliados nos meses seguintes à sua implementação. Espera-se que ela aumente a confiabilidade do SIN e melhore a eficiência da rede, permitindo um uso mais otimizado dos recursos disponíveis, especialmente os provenientes de fontes renováveis.
Com o sucesso da primeira fase, o ONS planeja expandir essa nova metodologia para outras regiões do Brasil. Isso deve contribuir para uma operação ainda mais segura do SIN e para a maximização do uso das energias renováveis, que já representam uma parcela significativa da matriz elétrica brasileira.
A transição para uma operação mais equilibrada e sustentável do sistema elétrico reflete o compromisso do ONS com a modernização e a inovação no setor de energia. As adaptações metodológicas implementadas são parte de um esforço contínuo para garantir que a crescente participação das energias renováveis no Brasil seja aproveitada de maneira eficiente e segura.
Ao adotar essa nova metodologia, o ONS não só aprimora a segurança do SIN como também promove um sistema mais justo, onde os impactos de restrições são melhor distribuídos entre os agentes, evitando a penalização concentrada de geradores.
À medida que o Brasil avança em direção à descarbonização da sua matriz elétrica, medidas como essa são fundamentais para garantir que as energias renováveis, especialmente eólica e solar, possam ser utilizadas ao máximo de seu potencial. Essa iniciativa representa um importante passo nesse caminho, garantindo que a expansão das fontes renováveis seja acompanhada por uma rede de transmissão robusta e adaptada às necessidades do futuro.