Mesmo com queda expressiva na quantidade de contratos e energia transacionada, plataforma se consolida como referência em liquidez, adaptabilidade e eficiência em um mercado marcado pela alta volatilidade
A BBCE (Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia Elétrica) alcançou, em maio de 2025, o maior volume financeiro já registrado para esse mês desde a criação da plataforma. Foram movimentados R$ 7,45 bilhões, o que representa um crescimento de 18,1% em relação ao mesmo período de 2024, mesmo com uma redução significativa no volume físico de energia transacionada e na quantidade de contratos fechados.
Esse desempenho financeiro, alcançado em um contexto de menor perspectiva de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) e preços elevados de energia elétrica, reforça o papel da BBCE como uma infraestrutura crítica para o bom funcionamento do mercado livre de energia no Brasil.
Crescimento financeiro no mercado livre de energia
De acordo com os dados da própria BBCE, o montante negociado em maio foi dividido em 5.300 contratos, número 42,6% menor do que o registrado em maio do ano anterior e 30,3% inferior ao de abril de 2025. Já o volume físico de energia transacionada atingiu 29,6 TWh, queda de 42% na comparação com maio de 2024 e retração de 15,1% em relação ao mês anterior.
Apesar da expressiva redução na quantidade de operações, o volume financeiro se manteve em alta devido ao aumento no preço médio das negociações, que alcançou a marca de R$ 1,4 milhão por contrato.
Volatilidade nos preços e impactos nas negociações
Boa parte das negociações se concentrou em contratos com vencimentos mais longos: 46% dos contratos formalizados em maio envolviam prazos posteriores ao segundo semestre de 2025. Isso indica uma mudança no comportamento dos agentes do setor, que passaram a adotar estratégias de maior previsibilidade e gestão de risco diante das incertezas do cenário energético nacional.
A Curva Forward BBCE, única referência de preços do mercado baseada integralmente em dados de operações reais registradas na plataforma, mostra que os preços da energia física iniciaram o mês em trajetória de alta, alcançando o pico de R$ 350/MWh no dia 27 de maio. Após esse ponto, os valores apresentaram queda relevante, evidenciando a volatilidade que marcou o mês.
Soluções tecnológicas otimizam negociações
Segundo Eduardo Rossetti, diretor-executivo Comercial, de Produtos, Comunicação Externa e Marketing da BBCE, esse comportamento é reflexo direto das incertezas em torno da carga do SIN. “Maio foi um mês de forte instabilidade, com dúvidas sobre o comportamento da carga impactando diretamente a precificação e a estratégia dos agentes”, explica.
Rossetti destaca ainda que o ecossistema de soluções de negociação da BBCE foi essencial para garantir a continuidade e eficiência das operações, mesmo diante de um mercado volátil. A plataforma oferece diferentes modalidades de negociação, como ofertas em tela, iceberg, RFQ, swap físico, além da formalização de contratos bilaterais fechados fora da plataforma. “Isso permite ao mercado operar com flexibilidade e agilidade, mesmo em cenários desafiadores”, afirma.
Perspectivas para o mercado
Esse desempenho reafirma a posição estratégica da BBCE no mercado livre de energia brasileiro, atuando como um ambiente seguro, transparente e líquido para as transações entre agentes. Em um momento em que o setor passa por transformações significativas — impulsionadas pela digitalização, transição energética e incertezas climáticas —, contar com uma infraestrutura como a BBCE é decisivo para a maturidade do mercado e para a segurança dos negócios.
Com o segundo semestre de 2025 se aproximando e com ele, novos desafios regulatórios e operacionais, a expectativa é de que a BBCE siga fortalecendo sua atuação como principal ambiente de formação de preço, gestão de risco e estruturação de contratos no setor elétrico nacional.