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Amazonas acelera transição energética com sistema híbrido solar-térmico e reduz 5 mil toneladas de carbono por ano

Projeto pioneiro no município de Autazes substitui parte do uso de diesel por energia limpa, com economia operacional de 30% e benefícios diretos para mais de 41 mil habitantes

Em um movimento estratégico para a transição energética brasileira, o estado do Amazonas começa a protagonizar uma revolução silenciosa, porém transformadora: a implementação de sistemas híbridos de geração elétrica, que combinam energia solar e térmica para abastecer comunidades isoladas da Amazônia Legal. Este modelo está em consonância com os esforços globais de descarbonização e com as metas nacionais de redução de emissões.

O avanço mais recente ocorreu no município de Autazes (AM), localizado na Região Metropolitana de Manaus. Com população superior a 41 mil habitantes, a cidade agora conta com um sistema híbrido operado pela VPower, multinacional com sede em Hong Kong, líder em soluções energéticas integradas. O projeto, que marca uma nova etapa no setor energético da região, foi desenvolvido em parceria com a Fictor Energia e o Grupo WTT, responsável pela Enerwatt.

Integração de fontes: energia limpa para o coração da floresta

A iniciativa combina a geração por motores a diesel com a instalação de 3.400 painéis solares fotovoltaicos, capazes de produzir 2,1 megawatts (MW) de energia limpa. Isso permite atender à carga média da cidade, estimada em 8 MW, reduzindo significativamente a dependência de combustível fóssil.

Os resultados imediatos são expressivos: economia de 2,5 mil litros de diesel por dia, o equivalente a cerca de 1 milhão de litros por ano, além de uma redução de mais de 5 mil toneladas de CO₂ emitidas anualmente.

“Economicamente, o consumo de diesel foi reduzido em 8%, resultando em uma queda direta nos custos operacionais. Ambientalmente, o impacto é ainda maior, consolidando um passo crucial rumo à sustentabilidade”, afirma Dilon Tai, diretor de Novos Negócios da VPower Brasil.

Além dos ganhos ambientais e financeiros, o projeto incorporou uma tecnologia de armazenamento de energia via baterias (BESS), permitindo guardar o excedente de energia solar gerado durante o dia para uso noturno — um fator essencial para assegurar o fornecimento estável em localidades com acesso limitado à rede elétrica nacional.

Expansão do modelo para outras cidades do Amazonas

O projeto implantado em Autazes serve como modelo replicável e já está sendo expandido para outros municípios onde a VPower atua, como São Gabriel da Cachoeira, uma das regiões mais remotas e de difícil acesso da Amazônia.

O potencial de expansão é significativo. Estima-se que mais de 3 milhões de brasileiros vivam em áreas não conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). De acordo com o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), cerca de 27% da energia gerada no subsistema Norte ainda é proveniente de termelétricas movidas a combustíveis fósseis — cenário que pode mudar radicalmente com a adoção de modelos híbridos sustentáveis.

Sinergia institucional e eficiência na execução

Outro ponto de destaque foi a fluidez na implementação do projeto, que respeitou prazos e apresentou resultados acima do esperado. Segundo Dilon Tai, a execução ocorreu em perfeita sintonia entre as empresas envolvidas.

“Aproveito esta oportunidade para expressar nossa sincera gratidão pelo excelente trabalho da equipe da Enerwatt, que entregou o projeto dentro do prazo e com resultados excepcionais”, destacou o executivo.

O projeto também reforça o papel do setor privado na transição energética, complementando iniciativas do governo federal, que anunciou investimentos de R$ 5 bilhões para substituição da matriz energética em comunidades isoladas, priorizando fontes renováveis.

Caminho para a eficiência energética e desenvolvimento regional

Além dos ganhos ambientais e técnicos, o sistema híbrido representa um impulso importante para o desenvolvimento regional, com impactos diretos na qualidade de vida da população atendida. A melhoria na estabilidade do fornecimento, associada à redução no desgaste de motores e menor descarte de resíduos, contribui para um sistema mais resiliente, econômico e sustentável.

A adoção de soluções híbridas e o uso de baterias posicionam o Amazonas como vanguarda na transformação do modelo energético amazônico, colocando o Brasil em um novo patamar na busca por uma matriz elétrica mais limpa, acessível e confiável.

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