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Pré-sal brasileiro atinge novo recorde na produção de gás natural e reforça papel estratégico na transição energética

Volume atinge 168 milhões de metros cúbicos por dia em abril, com crescimento de 22,9% em um ano. Redução na queima de gás e maior eficiência operacional fortalecem segurança energética e sustentabilidade

O setor de petróleo e gás brasileiro registra um marco histórico com o novo recorde de produção de gás natural no pré-sal, que atingiu 168,01 milhões de metros cúbicos por dia em abril de 2025, segundo dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O desempenho representa um crescimento expressivo de 22,9% na comparação com abril de 2024 e reforça o protagonismo do pré-sal na matriz energética nacional.

De acordo com especialistas do setor, o aumento consistente na produção de gás não apenas fortalece a segurança energética do país, mas também é um pilar essencial para viabilizar uma transição energética eficiente, reduzindo emissões e garantindo fornecimento estável em um cenário de crescente demanda por energia.

Eficiência operacional e redução na queima de gás: avanços ambientais e econômicos

Um dos destaques do boletim da ANP é o aumento na eficiência do aproveitamento do gás produzido. O índice de aproveitamento chegou a 97,1%, impulsionado pela entrada em operação de compressores no FPSO Almirante Tamandaré, que iniciou a injeção de gás no reservatório, reduzindo a queima para 4,98 milhões de metros cúbicos por dia, uma queda de 13,6% em relação ao mês anterior.

Esse avanço operacional não só melhora os indicadores ambientais do setor, como também maximiza o valor econômico da produção, disponibilizando mais gás para consumo interno, seja para geração de energia elétrica, indústria ou transporte.

Campos e unidades que lideraram a produção

O campo de Tupi, na Bacia de Santos, manteve-se como o maior produtor do país, com 39,81 milhões de metros cúbicos diários, seguido pelo FPSO Guanabara, na jazida compartilhada de Mero, que contribuiu com 12,10 milhões de metros cúbicos por dia, destacando-se como a unidade mais produtiva do mês.

As operações da Petrobras, isoladamente ou em consórcio, foram responsáveis por 89,76% da produção nacional, consolidando a liderança da companhia no desenvolvimento do pré-sal e na expansão da infraestrutura de gás no Brasil.

Por que o gás natural é estratégico na transição energética brasileira?

O aumento da produção de gás natural no Brasil ocorre em um momento de transformação do setor energético global. No Brasil, o gás desempenha um papel fundamental como combustível de transição, ao fornecer uma alternativa de menor emissão de carbono frente a combustíveis mais poluentes, como o carvão e o óleo combustível.

Além disso, sua flexibilidade operacional é essencial para complementar as fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica, garantindo estabilidade na geração elétrica, especialmente nos momentos de baixa geração renovável.

Desafios: escoamento, infraestrutura e regulação

Apesar do avanço expressivo na produção, o setor enfrenta desafios importantes, especialmente na expansão da infraestrutura de escoamento, processamento e transporte do gás. A malha de gasodutos ainda é limitada e precisa ser ampliada para maximizar os benefícios econômicos e ambientais da produção crescente.

Outro ponto crucial é a continuidade dos esforços regulatórios. A implementação efetiva do Novo Mercado de Gás, somada à regulamentação de incentivos à reinjeção e ao aproveitamento do gás associado, será decisiva para destravar investimentos, ampliar a oferta e garantir competitividade.

Próximos passos e perspectivas

A trajetória de crescimento do pré-sal sugere que os volumes de produção continuarão em alta nos próximos anos, especialmente com a entrada de novas unidades de produção, como o FPSO Marechal Duque de Caxias e o avanço de projetos nas bacias da Margem Equatorial.

Ao mesmo tempo, o Brasil se posiciona como player relevante no mercado internacional, com potencial não apenas de suprir o mercado interno, mas também de se tornar exportador de gás natural, seja na forma líquida (GNL) ou por meio de novas rotas comerciais.

A consolidação dessa estratégia exigirá articulação entre governo, empresas e sociedade para garantir um modelo que equilibre segurança energética, competitividade e sustentabilidade, colocando o gás natural do pré-sal como alicerce de uma transição energética eficiente e responsável.

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