Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aponta forte expansão no mercado livre e crescimento expressivo nas fontes renováveis
O consumo de energia elétrica no Brasil apresentou um crescimento de 1,3% no primeiro quadrimestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano anterior. É o que aponta o levantamento divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entidade responsável pelo monitoramento do mercado de energia no país.
O levantamento mostra que, entre janeiro e abril, o país registrou uma demanda média de 73.567 megawatts médios (MWm). Esse desempenho reflete, sobretudo, a expansão do mercado livre de energia, que vem ganhando espaço diante do movimento crescente de migração de consumidores, especialmente industriais e comerciais, em busca de custos mais competitivos e maior previsibilidade contratual.
Mercado livre lidera crescimento
O consumo no mercado livre, que permite ao consumidor escolher seu fornecedor de energia, saltou 10,7% no período, totalizando 29.586 MWm. O ambiente reflete diretamente o aquecimento econômico, principalmente nos setores de serviços, comércio e saneamento.
Por outro lado, o mercado regulado, responsável pelo atendimento a residências e pequenos comércios, registrou queda de 4,1%, com consumo médio de 43.981 MWm. Essa retração está associada, além da migração de consumidores, a temperaturas mais amenas e maior incidência de chuvas, que naturalmente reduzem a demanda por energia elétrica em algumas regiões.
Desempenho por setor econômico
A análise por atividade econômica demonstra um cenário bastante positivo. O setor de saneamento lidera o crescimento, com expansão de 44,7%, impulsionado por investimentos em infraestrutura e modernização de sistemas no país.
Na sequência aparecem os setores de serviços, com crescimento de 23,8%, e comércio, com alta de 19,1%. O ramo de químicos manteve estabilidade no consumo, enquanto nenhum dos 15 segmentos monitorados pela CCEE apresentou redução, demonstrando resiliência e expansão econômica.
Consumo por região
Regionalmente, o Acre e o Maranhão foram os estados que mais ampliaram seu consumo de energia, ambos com crescimento de 9% no quadrimestre. O Pará, que se prepara para sediar a COP30 em novembro, também se destacou com uma alta de 6%, impulsionada pelo aumento das temperaturas e pela expansão econômica local.
Na contramão, o Amapá apresentou queda de 10%, reflexo de fatores conjunturais específicos da região.
Geração de energia: fontes renováveis ganham força
No campo da geração, as hidrelétricas, responsáveis pela maior parte da matriz brasileira, forneceram cerca de 60 mil MWm ao Sistema Interligado Nacional (SIN), uma leve redução de 1,8%.
O destaque ficou para as fontes renováveis não hídricas. A geração de energia solar cresceu 31,9%, enquanto as eólicas avançaram 25,7%, fortalecendo ainda mais a transição energética no Brasil. As térmicas, por sua vez, registraram uma redução de 0,3%, mantendo-se como fontes de suporte ao sistema.
Expansão do mercado livre e modernização do setor
O desempenho robusto do mercado livre reflete as transformações estruturais do setor elétrico brasileiro, que se encaminha para uma maior liberalização e competição. A partir de 2024, todos os consumidores do grupo A (alta tensão) passaram a ter acesso ao mercado livre, movimento que deve se ampliar até 2028 com a abertura para o mercado residencial.
Esse processo cria um ambiente mais dinâmico e competitivo, estimulando não apenas a busca por custos menores, mas também pela contratação de energia limpa e sustentável, tendência cada vez mais presente entre empresas e consumidores.
