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Consumo de energia elétrica no Brasil registra primeira queda após 27 meses de alta, aponta EPE

Queda de 0,8% em abril foi puxada pelos setores residencial e comercial, enquanto a indústria manteve crescimento. Migração para o mercado livre segue em ritmo acelerado

O mercado de energia elétrica brasileiro apresentou, em abril de 2025, sua primeira retração no consumo após 27 meses consecutivos de crescimento, segundo dados divulgados na mais recente edição da Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

O relatório indica que o país consumiu 46.992 gigawatts-hora (GWh) no mês, uma redução de 0,8% em relação a abril de 2024. O último registro de queda havia ocorrido em janeiro de 2023. Apesar desse recuo pontual, o comportamento não é homogêneo entre os segmentos e regiões.

Indústria cresce, mas queda no consumo residencial e comercial puxa indicador para baixo

O setor industrial manteve desempenho positivo, com avanço de 1,4% no consumo de energia, refletindo a resiliência das cadeias produtivas, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste.

Por outro lado, os setores residencial e comercial apresentaram retrações significativas, de -2,2% e -2,9%, respectivamente. A redução está associada a fatores como temperaturas mais amenas, menor uso de equipamentos elétricos e uma possível desaceleração no consumo das famílias e do varejo, em meio ao cenário econômico mais desafiador.

Cenário regional: Norte cresce, Sul e Sudeste recuam

A análise regional mostra que as regiões Norte (+4,0%), Centro-Oeste (+2,4%) e Nordeste (+1,4%) registraram crescimento no consumo de energia em abril.

Por outro lado, as regiões Sul (-3,4%) e Sudeste (-1,8%) puxaram a média nacional para baixo. O resultado reflete tanto questões climáticas — com temperaturas mais baixas no Sul — quanto os efeitos da migração de grandes consumidores para o mercado livre, particularmente concentrados no Sudeste.

Mercado livre mantém trajetória de forte expansão

O avanço da abertura do mercado livre segue como uma das principais tendências estruturais do setor elétrico. Desde janeiro de 2024, todos os consumidores do Grupo A (alta tensão) podem migrar para o Ambiente de Contratação Livre (ACL), conforme a Portaria nº 50/2022 do Ministério de Minas e Energia (MME).

Em abril, o ACL respondeu por 45,1% do consumo total de energia elétrica no Brasil, somando 21.179 GWh. O crescimento em relação a abril de 2024 foi expressivo:

  • +8,3% no volume de energia consumida;
  • +42,5% no número de consumidores no mercado livre.

O Norte liderou em crescimento de consumo, com alta de 15,0%, enquanto o Centro-Oeste apresentou o maior avanço no número de consumidores livres, com crescimento de impressionantes 79,2%.

Mercado regulado encolhe, mas base residencial cresce

O mercado regulado, atendido pelas distribuidoras, respondeu por 54,9% do consumo total, equivalente a 25.813 GWh — uma queda de 7,3% no consumo em relação a abril do ano anterior.

Apesar da redução na energia consumida, o número de unidades consumidoras no mercado cativo cresceu 1,6%, impulsionado, principalmente, pela expansão da base residencial, com destaque para a região Norte, que registrou aumento de 3,3% no número de consumidores.

Crescimento segue no acumulado dos últimos 12 meses

No acumulado de maio de 2024 a abril de 2025, o consumo nacional de eletricidade soma 564.129 GWh, o que representa um aumento de 3,6% na comparação com os 12 meses anteriores.

Esse dado reforça que, apesar da retração pontual em abril, a tendência de expansão da demanda de energia permanece, sustentada pelo crescimento econômico, pela digitalização da economia e pela transição energética.

Abertura do mercado e transição energética seguem como pilares do setor

A migração acelerada para o mercado livre, somada ao avanço da geração distribuída e das energias renováveis, confirma que o setor elétrico brasileiro vive uma transformação profunda.

A expectativa é que, com a Medida Provisória nº 1.300/2025, que estabelece a abertura plena do mercado até 2028, o mercado livre ultrapasse a marca de 50% de participação no consumo nacional antes do prazo.

Essa evolução estrutural é acompanhada de desafios regulatórios, necessidade de investimentos em digitalização, expansão da infraestrutura de transmissão e desenvolvimento de soluções de armazenamento.

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