Com investimento de R$ 131,1 milhões do BNDES, Gás Verde lidera projetos inovadores no Rio de Janeiro e Pernambuco que impulsionam a transição energética e fortalecem a política nacional de mitigação das mudanças climáticas
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a aprovação de R$ 131,1 milhões em financiamentos para a Gás Verde, destinados à implantação de dois projetos de destaque na agenda nacional de sustentabilidade: a construção da primeira unidade de purificação e liquefação de dióxido de carbono (CO₂) verde do Brasil, em Seropédica (RJ), e uma nova planta de produção de biometano a partir de biogás de aterro sanitário, em Igarassu (PE).
Os empreendimentos, que somam R$ 141,5 milhões em investimentos totais, contam com apoio expressivo do Fundo Clima — instrumento fundamental da Política Nacional sobre Mudança do Clima — que aportará R$ 89,3 milhões, reforçando o compromisso do país com o desenvolvimento de soluções limpas, inovadoras e sustentáveis para o setor energético.
Seropédica terá a primeira planta de CO₂ verde do país
Em Seropédica, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, será instalada a primeira planta de CO₂ verde da corrente de biometano no Brasil, com capacidade estimada de produção de 100 toneladas diárias. O projeto, inovador e pioneiro, irá capturar e purificar o dióxido de carbono gerado como subproduto do biogás, transformando-o em CO₂ de alta pureza para aplicações comerciais, como na indústria alimentícia e de bebidas.
Atualmente, a planta da Gás Verde em Seropédica produz cerca de 130 mil metros cúbicos normais (Nm³) de biometano por dia, oriundos do biogás extraído do aterro sanitário operado pela Central de Tratamento de Resíduos da Ciclus Ambiental do Brasil. Desse volume, aproximadamente 39,18% corresponde a CO₂, que, com a nova unidade, deixará de ser simplesmente descartado para ser inserido no mercado como um insumo valioso, promovendo a economia circular.
A operação da planta está prevista para iniciar em julho deste ano, com expectativa de atingir sua capacidade máxima já em agosto. O aterro sanitário tem vida útil estimada até 2080, assegurando a continuidade e sustentabilidade do fornecimento de biogás por décadas.
Além do impacto ambiental positivo, a implantação da planta deverá gerar 60 empregos indiretos e 10 empregos diretos durante a fase operacional, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da região.
Nova planta em Igarassu amplia produção de biometano no Nordeste
Em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, será construída uma planta de produção de biometano, com capacidade de purificação de aproximadamente 45.600 Nm³ por dia de biogás proveniente do aterro sanitário Ecoparque Pernambuco. Todo o biogás extraído — cerca de 4 mil Nm³ por hora — será destinado à produção de biometano, gás renovável com aplicações industriais, veiculares e comerciais.
O projeto pernambucano é estratégico para a expansão do mercado de biometano no Nordeste e fortalece a cadeia produtiva do biogás como alternativa concreta e sustentável aos combustíveis fósseis. A nova unidade também representa uma contribuição direta para a mitigação das mudanças climáticas, ao evitar a emissão de metano na atmosfera — gás com potencial de aquecimento global 25 vezes maior que o do CO₂.
A implantação do empreendimento criará cerca de 60 empregos indiretos e 15 diretos durante a fase operacional, impulsionando a economia local e promovendo a geração de renda.
Apoio financeiro estratégico e política climática nacional
Os recursos de financiamento são compostos majoritariamente por crédito do Fundo Clima, que aportará R$ 17,1 milhões para a planta de CO₂ verde no Rio de Janeiro e R$ 72,2 milhões para a unidade de biometano em Pernambuco. O Fundo Clima, gerido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), é um dos principais instrumentos de financiamento à mitigação das mudanças climáticas no país, apoiando iniciativas que promovam a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o fortalecimento de soluções sustentáveis.
Segundo Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, os dois projetos são exemplares no alinhamento com as políticas públicas voltadas à mitigação das mudanças climáticas. “Enquanto um deles aproveita economicamente o gás carbônico, capturando um subproduto que seria emitido como rejeito, o outro garante a produção de gás renovável, evitando emissões de metano, que possui potencial de aquecimento global significativamente superior ao do CO₂”, destacou Mercadante.
Transição energética e descarbonização industrial
O CEO da Gás Verde, Marcel Jorand, ressaltou a importância do apoio financeiro do BNDES como reconhecimento à relevância do biometano no contexto da transição energética brasileira. “Num momento de emergência climática global, é fundamental contar com o respaldo de instituições como o BNDES. Este financiamento reforça a solidez dos nossos projetos e a contribuição decisiva do biometano para a descarbonização de grandes indústrias em todo o país”, afirmou Jorand.
Os projetos da Gás Verde representam um passo importante na consolidação do biometano como vetor estratégico para a segurança energética e o desenvolvimento sustentável do Brasil, ao mesmo tempo em que promovem a geração de emprego, inovação e economia circular.
Com a implantação das novas plantas em Seropédica e Igarassu, o Brasil fortalece sua posição como referência internacional na utilização do biogás e do biometano como instrumentos de combate às mudanças climáticas e de promoção da economia de baixo carbono.