Por Valdo Marques, Vice-Presidente Executivo da Stemac
Conforme o cenário econômico global se divide em disputas tarifárias e realinhamentos geopolíticos, o estreitamento das relações comerciais entre Brasil e China ganha importância estratégica.
Em 2024, o intercâmbio bilateral alcançou R$ 907 bilhões (US$ 158 bilhões), com crescimento de 9,9% sobre o ano anterior, e a China manteve-se como principal destino das exportações brasileiras, respondendo por 30,7% das vendas externas em 2023. Esse fluxo crescente de comércio e investimentos reflete a atratividade do mercado brasileiro, sustentada pela dimensão da economia e pela confiabilidade institucional, em contraste com barreiras protecionistas adotadas por outras potências.
No setor de energia elétrica, essa aproximação se traduziu em aportes significativos de empresas chinesas. Estatais chinesas superaram R$ 280 bilhões em projetos de infraestrutura e energia no Brasil nos últimos anos, incluindo concessões de usinas hidrelétricas, parques eólicos, solares e linhas de transmissão.
Segundo relatório do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China), o setor de energia elétrica foi o principal destino dos investimentos chineses no Brasil em 2023, recebendo 39% do capital (US$ 668 milhões), com foco em eólica, solar e hidrelétrica.
É nesse contexto que a Stemac reforça sua aliança com a Weichai, gigante chinesa de motores e equipamentos pesados. Em abril de 2025, foi assinado um acordo de cooperação de longo prazo, para o desenvolvimento conjunto do mercado nacional de motores e geradores de alta eficiência, a partir de Itumbiara (GO), onde a Weichai implantará sua primeira unidade operacional das américas.
A nova planta unirá a expertise local em engenharia com as inovações da Weichai, formando um polo de pesquisa e desenvolvimento capaz de acelerar a adoção de soluções energéticas mais eficientes e sustentáveis.
A escolha de Itumbiara não foi casual: a Stemac disponibilizou área em seu parque industrial para receber o centro de montagem e distribuição da Weichai, garantindo logística integrada e sinergia operacional. Além da infraestrutura, o projeto prevê programas de capacitação técnica para garantir que engenheiros e operadores brasileiros absorvam práticas de ponta, fortalecendo a formação de mão de obra qualificada e estimulando o desenvolvimento de fornecedores locais.
Em uma atuação conjunta, o Governo do Estado de Goiás agiu com eficiência e rapidez, criando um ambiente competitivo e favorável ao investimento internacional. O governador Ronaldo Caiado, junto com a diretoria da Stemac, visitou as instalações da Weichai na China, em outubro de 2023. Em fevereiro de 2024, a empresa chinesa retribuiu a visita, celebrando a decisão de investir no Brasil, em um evento realizado na sede da Stemac, em Itumbiara (GO).
Essa cooperação industrial entre Brasil e China exemplifica como parcerias internacionais podem mitigar riscos e reduzir custos de importação, sobretudo em um momento de tensões comerciais globais. Ao combinar a robustez da indústria nacional com a escala e recursos chineses, criamos produtos ajustados às condições brasileiras — seja na agropecuária, em empreendimentos imobiliários ou na indústria urbana — e contribuímos para a diversificação tecnológica do País.
Iniciativas desse porte são vitais para que o Brasil avance em sua transição energética, sem abrir mão de competitividade. A aliança entre Stemac e Weichai passa a ser mais do que um investimento: torna-se um modelo de cooperação que reforça a resiliência da indústria nacional e posiciona o país como referência em geração de energia de alta performance.
