EPE apresenta estudos que destacam os benefícios das usinas reversíveis para integrar renováveis e garantir segurança energética em tempos de mudanças climáticas
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) promoveu nesta segunda-feira (27), o webinar Usinas Reversíveis e Hidrelétricas no Brasil, um evento que reuniu especialistas do setor elétrico e lançou dois estudos estratégicos para o futuro energético do país. Transmitido ao vivo pelo canal da EPE no YouTube, o encontro marcou a apresentação do Caderno de Estudos: Um Olhar para as Usinas Hidrelétricas (UHEs) e do Roadmap de Usinas Hidrelétricas Reversíveis (UHR). Ambos os documentos traçam um panorama detalhado dos desafios e oportunidades do aproveitamento hidrelétrico no Brasil.
O que são as Usinas Hidrelétricas Reversíveis (UHR)?
As UHRs são uma tecnologia eficiente e sustentável que utiliza o excesso de energia produzido em períodos de baixa demanda para bombear água a um reservatório superior. Essa água é armazenada e utilizada para gerar energia em horários de pico, quando a demanda é maior. Além de proporcionar maior confiabilidade e flexibilidade ao sistema elétrico, as UHRs são capazes de integrar fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica, que enfrentam desafios de variabilidade.
Embora a tecnologia exista desde o século XIX, as UHRs ganharam maior relevância a partir da década de 1970, com a expansão de fontes inflexíveis, como termelétricas a carvão. Agora, no século XXI, elas são apontadas como solução indispensável para lidar com a variabilidade de energias renováveis. “As UHRs são uma classe de ativos resiliente, com projetos em operação há mais de 90 anos no mundo. Elas representam uma solução estratégica de longo prazo”, destacou Thiago Prado, presidente da EPE.
Estudos que Guiam o Futuro Energético
O Caderno de Estudos apresentado pela EPE fornece um panorama sobre o potencial hidrelétrico brasileiro, os desafios para a implantação de novos projetos e o papel das usinas na matriz elétrica do país. O documento aborda aspectos socioambientais, econômicos e regulatórios que precisam ser superados para a viabilização de novas hidrelétricas e destaca oportunidades como a repotenciação de usinas existentes e a adoção de UHRs.
Já o Roadmap de Usinas Hidrelétricas Reversíveis analisa de forma estratégica os desafios técnicos e econômicos para a inserção das UHRs no Brasil. O estudo explora o papel dessas usinas na integração de fontes renováveis e na oferta de serviços auxiliares, como controle de frequência e autorrestabelecimento, além de discutir modelos de remuneração que viabilizem esses investimentos.
A Importância das UHRs na Transição Energética
Durante o evento, Thiago Barral, Secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), ressaltou a relevância das hidrelétricas no contexto atual: “Nossa matriz elétrica está evoluindo rapidamente, absorvendo cada vez mais fontes como eólica e solar, que são variáveis no curto prazo. As hidrelétricas, com sua flexibilidade, são fundamentais para acomodar essas fontes de forma segura e com baixo custo.”
Thiago Prado, presidente da EPE, reforçou a necessidade de superar barreiras para a implantação de UHRs: “Precisamos de modelos de remuneração que viabilizem esses investimentos, considerando a criação de empregos diretos e indiretos e o fortalecimento da indústria nacional.”
Desafios e Caminhos para a Implementação
O debate mediado por Thiago Ivanoski, diretor da EPE, reuniu representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entre os principais pontos levantados, destacaram-se:
- Aspectos regulatórios e econômicos: A falta de um modelo de remuneração claro para UHRs é uma barreira que precisa ser superada.
- Sustentabilidade socioambiental: As usinas podem atender múltiplos usos dos reservatórios, como abastecimento de água e controle de cheias, ampliando seus benefícios para a sociedade.
- Potencial de mercado: O Brasil possui um vasto potencial hidrelétrico ainda não explorado, com condições ideais para a implementação de UHRs que atendam às demandas de flexibilidade do sistema.
Benefícios Estratégicos das UHRs
Além de sua função técnica de balancear a matriz elétrica, as UHRs representam uma oportunidade de desenvolvimento econômico e industrial. Esses projetos geram empregos diretos e indiretos em uma cadeia produtiva de domínio nacional, promovendo crescimento econômico com sustentabilidade.
Com os avanços apresentados no webinar, a EPE reforça a posição do Brasil como líder na transição energética global, utilizando o potencial de suas hidrelétricas e explorando novas tecnologias para garantir um futuro energético seguro e sustentável.