A nova diretora substituta terá a responsabilidade de desempatar 19 processos críticos, incluindo temas de impacto nacional
A diretora substituta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ludimila Lima da Silva, assumiu uma posição estratégica no órgão regulador ao se tornar responsável por desempatar 19 processos paralisados devido à falta de consenso no colegiado. Ludimila terá 180 dias para exercer o cargo, até que o governo federal indique um novo nome para ocupar a vaga de forma definitiva, sujeito à aprovação pelo Senado Federal.
Os processos incluem temas sensíveis e de impacto direto no setor elétrico, como a regulamentação dos efeitos tarifários relacionados à quitação antecipada das Contas Covid e da Escassez Hídrica, ambos de grande interesse para o Ministério de Minas e Energia (MME).
O contexto da paralisação
Desde maio de 2024, a Aneel operava com apenas quatro cadeiras no colegiado, após o término do mandato do então diretor Hélvio Guerra. Essa vacância gerou um impasse constante nos julgamentos, especialmente porque os votos costumam se dividir em blocos previsíveis.
De um lado, o diretor-geral da Aneel costuma alinhar-se com a diretora Agnes da Costa, enquanto os diretores Ricardo Lavorato Tili e Fernando Mosna frequentemente apresentam um entendimento oposto. Essa polarização tornou impossível avançar em processos que demandam maioria de votos.
A nova dinâmica de poder
Com o voto de minerva em mãos, Ludimila Lima da Silva passa a ser peça-chave na definição de diretrizes cruciais para o setor elétrico nos próximos seis meses. Embora sua atuação deva respeitar a colegialidade, sua posição será decisiva em debates complexos que envolvem não apenas os interesses das distribuidoras, mas também o impacto nas tarifas pagas pelos consumidores.
Entre os processos travados estão:
- Consulta pública sobre a quitação antecipada das Contas Covid e Escassez Hídrica: Esses mecanismos foram criados para mitigar impactos financeiros durante a pandemia e a crise hídrica. A antecipação das quitações pode influenciar diretamente o cálculo tarifário, afetando consumidores e empresas.
- Processos regulatórios sobre geração distribuída: As mudanças no marco legal da geração distribuída (como a energia solar em residências e empresas) também estão na lista de pautas a serem votadas.
- Aprovação de reajustes tarifários e concessões: Decisões sobre reajustes e a renovação de concessões de distribuidoras estão entre os itens mais aguardados pelo mercado.
A demora na nomeação definitiva
Ludimila Lima da Silva assumiu a diretoria substituta da Aneel no início de 2025, após ser convocada para ocupar a posição temporariamente. No entanto, a demora na indicação de um nome definitivo para a vaga revela uma falha na organização política do governo federal.
Na última rodada de nomeações para agências reguladoras, o presidente Lula indicou 17 nomes para cargos-chave, mas não incluiu a Aneel na lista de prioridades. A escolha de novos diretores para órgãos como a Aneel exige não apenas alinhamento técnico, mas também articulação política, já que a aprovação pelo Senado é obrigatória.
O atraso nas indicações tem gerado críticas, especialmente de especialistas que apontam a importância de manter o colegiado completo para garantir decisões mais ágeis e robustas.
Os próximos passos
Nos próximos seis meses, o setor elétrico estará atento às decisões que dependem do voto de Ludimila. Sua postura em relação aos processos pautados será um indicativo de como o governo pretende conduzir debates sobre temas tão delicados.
Além disso, a expectativa é de que o nome definitivo para a diretoria seja anunciado até o final do primeiro semestre de 2025, para evitar novos períodos de paralisação no órgão regulador.
Com uma pauta que abrange desde temas técnicos até questões sensíveis ao consumidor, a atuação da diretora substituta deve influenciar o cenário regulatório em um dos setores mais estratégicos para o Brasil.