Após meses de oscilações, a estabilidade na geração hidrelétrica permite o fim da cobrança extra na fatura de energia
O último mês de 2024 chega com uma boa notícia para os consumidores brasileiros: a bandeira tarifária de dezembro será verde, conforme anunciou a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) na sexta-feira (29/11). Isso significa que, após a cobrança extra de R$ 1,885 a cada 100 kWh em novembro, a conta de luz não terá custos adicionais no próximo mês.
A mudança reflete as melhorias nas condições de geração de energia no país, marcadas por um período chuvoso mais intenso que favoreceu os reservatórios das hidrelétricas. Essas usinas, com custo de produção mais baixo em comparação às termelétricas, foram fundamentais para garantir uma geração eficiente e mais barata.
Segundo Sandoval Feitosa, diretor-geral da ANEEL, o sistema de bandeiras tarifárias “se consolidou no Brasil como uma forma democrática de dialogar com a sociedade sobre o consumo eficiente e o custo da energia”. Criado em 2015, o sistema busca informar de forma prática o custo variável da geração de energia, permitindo ao consumidor ajustar seu comportamento de consumo conforme as condições do setor elétrico.
Oscilações marcantes no cenário energético de 2024
O ano de 2024 foi marcado por frequentes alterações nas bandeiras tarifárias, reflexo direto da instabilidade no abastecimento hídrico e da necessidade de acionamento de diferentes fontes de energia. Entre abril de 2022 e julho de 2024, o Brasil viveu um período de estabilidade com a bandeira verde, indicando boas condições de geração.
No entanto, os meses seguintes apresentaram uma alternância rápida: bandeira amarela em julho, verde em agosto, vermelha (patamar 1) em setembro, vermelha (patamar 2) em outubro e novamente amarela em novembro. Essa sequência evidencia a dependência do setor elétrico brasileiro de fatores climáticos, especialmente no que se refere à disponibilidade de água para os reservatórios.
Agora, com a chegada do período úmido no fim do ano, a maior oferta de água para as hidrelétricas trouxe alívio não apenas para os reservatórios, mas também para o bolso dos consumidores.
Consumo consciente: o papel do consumidor no equilíbrio do setor
Embora a bandeira verde sinalize condições favoráveis de geração e custos menores, especialistas alertam para a importância de manter hábitos conscientes no consumo de energia. O acionamento de termelétricas, mais caro e menos sustentável, pode ser reduzido com escolhas de consumo mais eficientes, ajudando a estabilizar o sistema e reduzir impactos financeiros para todos.
Desde sua criação, o sistema de bandeiras tarifárias busca atribuir ao consumidor um papel mais ativo na gestão da energia, refletindo as variações de custo de forma clara e objetiva. Ao mesmo tempo, incentiva ações que promovam a sustentabilidade do setor, como o uso de eletrodomésticos em horários de menor demanda e a adoção de tecnologias mais eficientes.
“Mesmo em momentos de bandeira verde, é necessário evitar desperdícios. O consumo consciente não apenas reduz custos individuais, mas também contribui para um sistema elétrico mais sustentável e resiliente”, reforça Feitosa.
O que esperar para 2025?
Com o avanço das fontes renováveis no Brasil e a integração de novas tecnologias no sistema energético, especialistas estão otimistas em relação à capacidade do país de enfrentar desafios futuros. Entretanto, as condições climáticas continuarão desempenhando um papel crucial na definição das bandeiras tarifárias, mantendo o consumidor como peça central nesse processo.
Encerrar 2024 com bandeira verde é, sem dúvida, um indicativo positivo. Contudo, o desafio de equilibrar oferta, demanda e sustentabilidade no setor elétrico permanecerá no horizonte, exigindo esforços contínuos de consumidores, reguladores e operadores do sistema.