Programa de Resposta da Demanda alcança 237 MW médios de economia em 2024, aliviando a rede elétrica e otimizando o uso de geração termelétrica
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) revelou resultados impressionantes para o Programa de Resposta da Demanda em 2024, registrando uma economia recorde de 237 MW médios no consumo de energia elétrica em todo o país. Desde sua criação, em 2017, o programa se propôs a envolver empresas e indústrias para que reduzam o consumo durante horários críticos, aliviando a necessidade de geração adicional em períodos de alta demanda. O impacto da economia alcançada se aproxima do consumo total do estado do Amapá, destacando a relevância do programa para o sistema energético brasileiro.
O Programa de Resposta da Demanda foi acionado em 69 dias ao longo do ano, nos meses de janeiro, março, abril, junho, julho e agosto, em momentos em que o sistema enfrentava pressões significativas, como alta demanda e disponibilidade hídrica limitada. A iniciativa não só beneficia as empresas participantes com compensações financeiras, como também reduz o custo para o sistema energético, uma vez que evita a necessidade de acionamento de usinas termelétricas de alto custo.
O Funcionamento da Resposta da Demanda
O Programa de Resposta da Demanda foi estruturado para que os consumidores, especialmente grandes indústrias e empresas, reduzam voluntariamente seu consumo de energia em horários de pico ou em períodos de escassez de recursos hídricos. O modelo foi implementado em parceria com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e permite que os participantes que cumpram os requisitos de redução recebam uma compensação financeira.
A operação busca mitigar o uso da chamada “geração térmica fora da ordem de mérito”, ou seja, aquelas usinas térmicas que não estavam previstas na geração inicial e que possuem um custo de operação mais elevado. Dessa forma, o programa apresenta uma solução mais econômica e menos impactante ao sistema, transferindo benefícios para toda a sociedade.
A Resposta da Demanda é ativada em momentos críticos e atua como uma ferramenta estratégica para manter o equilíbrio entre oferta e demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN). Em 2024, as operações foram realizadas em momentos planejados com antecedência, oferecendo uma alternativa mais sustentável e financeiramente vantajosa ao sistema elétrico brasileiro.
Histórico e Evolução do Programa
O programa foi concebido em 2017 como um projeto piloto, funcionando inicialmente em uma fase experimental. Nesta etapa, o ONS supervisionava as reduções voluntárias de consumo, e os consumidores eram remunerados mediante o cumprimento das exigências pré-definidas. Após esse período inicial, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) formalizou o programa com a publicação da Resolução Normativa ANEEL nº 1.030/22.
Em 2021, o programa evoluiu para um modelo mais estruturado com o lançamento do Mecanismo de Redução Voluntária da Demanda (RVD), no qual as empresas interessadas em participar submetiam propostas de redução de consumo ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Nessa etapa, a energia negociada no âmbito do programa foi isentada do rateio de inadimplência no Mercado de Curto Prazo (MCP), garantindo mais segurança para as empresas participantes.
Em 2022, o programa atingiu um novo patamar com a implementação da Resposta da Demanda Estrutural, uma versão permanente que aprimorou as condições e critérios de participação. Em 2024, o programa ganhou ainda mais versatilidade com o lançamento de um produto de Disponibilidade, onde o consumidor pode oferecer a redução de consumo apenas quando o sistema elétrico necessitar, aumentando a flexibilidade e otimização do uso da energia.
Resultados e Impacto para o Sistema Elétrico
Os 237 MW médios economizados em 2024 são um reflexo da consolidação do programa e da adesão crescente dos consumidores à ideia de uma gestão mais eficiente da energia. Os dias em que a operação foi ativada permitiram uma economia significativa, reduzindo a necessidade de geração térmica e, consequentemente, os custos associados a essa geração.
De acordo com a CCEE, esse modelo de incentivo proporciona uma alternativa mais barata e sustentável, ajudando a evitar o aumento da conta de luz, já que os custos de geração térmica são repassados aos consumidores. Assim, a Resposta da Demanda beneficia não só os participantes diretos, mas também o sistema elétrico como um todo.
A Importância da Resposta da Demanda para a Sustentabilidade Energética
O uso de um programa de Resposta da Demanda também se alinha com a busca por sustentabilidade no setor elétrico. Ao diminuir a dependência das térmicas em momentos de alta demanda, o programa contribui para uma matriz energética mais limpa e eficiente. Além disso, ele representa um avanço no uso de tecnologias e soluções inteligentes para o gerenciamento de energia, uma tendência que deve ganhar ainda mais força com o aumento da digitalização e monitoramento em tempo real das operações no setor.
A Resposta da Demanda, portanto, não só atinge objetivos de redução de custos e eficiência operacional, como também está alinhada com os compromissos de sustentabilidade e otimização dos recursos energéticos. Em um cenário de desafios crescentes, como escassez hídrica e aumento da demanda, iniciativas como essa demonstram o potencial de inovação no setor elétrico e a relevância de políticas de incentivo à gestão inteligente da energia.