Com a entrada em operação de novos projetos, ONS amplia escoamento de energia e fortalece a matriz energética brasileira.
A ampliação da infraestrutura de transmissão de energia elétrica no Brasil é uma peça-chave no processo de transição energética. Com a entrada em operação de três novas linhas de transmissão e uma subestação, o Nordeste do país, um dos maiores produtores de energia renovável do mundo, aumenta sua capacidade de escoar a geração de energia solar e eólica. Esses novos empreendimentos elevam a capacidade total de intercâmbio da região para 13.000 MW, aliviando as restrições de geração dessas fontes.
Marcio Rea, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), anunciou as mudanças nesta terça-feira, afirmando que a expansão dos limites de intercâmbio no subsistema Nordeste para as regiões Sudeste/Centro-Oeste e Norte trará benefícios significativos para o sistema interligado. Com isso, a energia gerada por fontes renováveis, como o vento e o sol, será melhor aproveitada, contribuindo para a segurança e eficiência energética do país.
Ampliação dos Limites de Intercâmbio
A capacidade de exportação de energia do Nordeste para o Sudeste/Centro-Oeste aumentou cerca de 12%, passando de 11.600 MW para 13.000 MW. Já a exportação para a região Norte registrou um acréscimo de quase 30%, elevando-se de 4.800 MW para 6.200 MW. Esses aumentos são essenciais para o melhor aproveitamento da energia produzida na região, especialmente em um cenário de crescente geração eólica e solar, fontes que estão no centro das políticas de transição energética do Brasil.
Essa melhoria no escoamento de energia devolve o sistema aos níveis anteriores à interrupção ocorrida em 15 de agosto de 2023, além de garantir mais segurança e confiabilidade no fornecimento de energia entre as regiões.
Novos Projetos de Infraestrutura
As melhorias anunciadas pelo ONS foram viabilizadas com a entrada em operação de uma subestação e três novas linhas de transmissão de 500 kV, todas localizadas no Ceará: SE 500/230 kV Pacatuba, LTs Pecém II/Pacatuba C, Fortaleza II/Pacatuba C e Pacatuba/Jaguaruana II C. Esses empreendimentos fazem parte dos Lotes 03 e 07 do Leilão de Transmissão nº 02, realizado em 2018.
Esses novos ativos fazem parte da estratégia de fortalecimento da infraestrutura elétrica para permitir que o Nordeste, maior produtor de energia limpa do Brasil, continue exportando sua produção de forma eficiente. Além disso, a entrada em operação de uma nova linha de transmissão de 500 kV na Bahia, prevista para o final de outubro, aumentará ainda mais a capacidade de escoamento para a região Sudeste/Centro-Oeste, com a capacidade total subindo para 13.800 MW.
Benefícios para a Transição Energética
Para Marcio Rea, as novas obras representam um ganho significativo para o Sistema Interligado Nacional (SIN), que se torna mais eficiente e robusto. “O SIN ganha em termos de segurança energética e a sociedade se beneficia ao ter um sistema elétrico mais eficiente, em constante evolução e cada vez mais sustentado por fontes renováveis”, destacou o diretor-geral do ONS. Ele ainda ressaltou que essa expansão está alinhada com a agenda de transição energética, uma das prioridades do Ministério de Minas e Energia.
A ampliação da rede de transmissão também vai ao encontro da crescente demanda por energias renováveis no Brasil, uma vez que a energia gerada por fontes eólicas e solares continua a bater recordes de produção na região Nordeste. Essa capacidade adicional ajudará a evitar perdas no processo de geração e a minimizar cortes que impactam diretamente o fornecimento de energia.
Metodologia de Restrição e Processos de Escoamento
Além da construção de novas linhas, o ONS anunciou em setembro uma revisão na metodologia de definição dos cortes de energia. As decisões de restrição agora levam em consideração um conjunto maior de geradores, agrupados em função do impacto que causam no fluxo de potência a ser controlado, ao invés de basear-se apenas no fator de sensibilidade. Essa revisão complementa as melhorias na infraestrutura de transmissão, criando um sistema mais eficiente para gerir as restrições de energia.
A infraestrutura de transmissão é um componente crucial na transição energética do Brasil. Com o crescimento contínuo da geração de energias renováveis no país, o escoamento adequado dessas fontes para as áreas de maior demanda é essencial para garantir um sistema elétrico sustentável e eficiente. A entrada em operação dessas novas linhas e subestações representa um passo importante nessa direção, reforçando a posição do Brasil como um dos maiores produtores de energia limpa do mundo.