Incêndios e suas consequências aumentam interrupções no fornecimento de energia em Minas Gerais, com tendência de agravamento até o início do período chuvoso
O impacto das queimadas em Minas Gerais tem sido devastador para a rede elétrica da Cemig, com mais de 45 mil unidades consumidoras prejudicadas apenas no primeiro semestre de 2024. O levantamento da companhia revela que foram registradas 91 ocorrências de incêndios que afetaram significativamente o fornecimento de energia, um aumento de 15,34% em relação ao mesmo período do ano passado, quando cerca de 39 mil clientes foram afetados.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o problema é particularmente agudo, com mais de 5 mil clientes enfrentando interrupções em função de 15 incidentes que impactaram a infraestrutura elétrica da região. A situação é preocupante, pois, com a temporada de queimadas intensificada e a chegada do período seco que se estende até outubro, é esperado que o número de ocorrências aumente ainda mais.
Os incêndios têm um efeito devastador sobre a rede elétrica, não apenas destruindo equipamentos e estruturas, mas também provocando o rompimento dos cabos e o aparecimento de arcos elétricos devido ao calor intenso e à fumaça. Esses arcos podem gerar curtos-circuitos, resultando em novas interrupções no fornecimento de energia. Adicionalmente, os incêndios muitas vezes ocorrem em locais de difícil acesso, o que torna a manutenção e o reparo da rede ainda mais desafiadores.
“O funcionamento dos equipamentos da rede elétrica é gravemente comprometido quando exposto a queimadas, o que pode levar ao desligamento de linhas de transmissão e distribuição e até mesmo a acidentes graves para pessoas próximas a essas áreas”, afirma Matheus Amaral, engenheiro Líder da Cemig.
A companhia adota uma série de medidas preventivas para mitigar o impacto das queimadas. Isso inclui a limpeza das faixas de servidão, poda de árvores e arbustos, e remoção de vegetação ao redor dos postes e torres. Além disso, a Cemig realiza inspeções regulares em suas linhas de transmissão para identificar e neutralizar riscos potenciais. Em 2024, a empresa está investindo R$ 311 milhões em manutenção preventiva em toda a sua área de concessão.
Para ajudar a prevenir a ocorrência de incêndios, a Cemig recomenda algumas práticas simples para a população. É fundamental apagar fogueiras de acampamentos com água e evitar jogar pontas de cigarros acesas em áreas rurais ou estradas. Garrafas plásticas ou de vidro também devem ser mantidas fora da exposição direta ao sol em áreas vegetadas, pois podem provocar focos de incêndio. Além disso, mesmo queimadas permitidas por lei devem ser realizadas com cautela, a uma distância mínima de 15 metros de rodovias, ferrovias e faixas de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia. A Cemig reforça que é proibido o uso de fogo em áreas de reservas ecológicas, preservação permanente e parques florestais.
O problema das queimadas não é exclusivo de Minas Gerais. No Brasil, o ano de 2023 registrou 47 mil quedas de energia elétrica provocadas por incêndios e queimadas, um aumento de 21% em comparação ao ano anterior, conforme dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em 2019, foram registrados 23 mil casos, o que demonstra um aumento significativo em apenas quatro anos. No primeiro quadrimestre de 2024, já foram notificados mais de 18 mil casos, evidenciando a gravidade da situação.
O aumento dos incêndios e queimadas destaca a necessidade urgente de ações preventivas e de conscientização para proteger a rede elétrica e minimizar o impacto sobre os clientes e a infraestrutura vital.