Ex-secretário de Transição Energética passa a atuar diretamente no gabinete do ministro Alexandre Silveira e será voz do governo nas pautas de energia para a conferência climática
O engenheiro Thiago Barral foi oficialmente nomeado assessor do gabinete do ministro Alexandre Silveira, no Ministério de Minas e Energia (MME), conforme publicação no Diário Oficial da União desta quarta-feira (12). A nomeação ocorre poucos dias após sua exoneração da Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento, ocorrida na última sexta-feira (6).
A mudança de cargo não representa um afastamento, mas sim uma reconfiguração estratégica de atuação dentro da estrutura do MME. Segundo fontes do governo ouvidas reservadamente, Barral passará a ter papel de destaque na coordenação da delegação brasileira para a COP30, com foco específico nos assuntos relacionados à energia, o que consolida sua posição como um dos principais articuladores do setor nas discussões globais sobre o clima.
Perfil técnico e trajetória em destaque
Com ampla trajetória no setor elétrico, Thiago Barral é reconhecido por sua atuação técnica e pelo diálogo constante com o mercado, agentes reguladores e instituições internacionais. Antes de assumir cargos no MME, foi presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), onde ganhou visibilidade por sua defesa de uma matriz energética cada vez mais limpa, segura e diversificada.
À frente da Secretaria de Transição Energética, Barral teve participação ativa no desenvolvimento de políticas voltadas para energias renováveis, eficiência energética, hidrogênio de baixo carbono e modernização do setor elétrico brasileiro. Sua saída do cargo surpreendeu parte do setor, mas, com a nova função, ele permanece no centro das decisões estratégicas do Ministério.
Sua nomeação para o gabinete do ministro é vista como um movimento político para reforçar a representação técnica do Brasil nas instâncias internacionais, especialmente no que diz respeito à preparação da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que será realizada em Belém (PA), em 2025.
Brasil na COP30: energia como protagonista
O reposicionamento de Barral ocorre em um momento em que o Brasil busca protagonismo na agenda climática internacional, impulsionado pela realização da COP30 em território nacional. A pauta energética será um dos pilares do evento, dado o papel central da descarbonização da matriz elétrica na meta de atingir a neutralidade de carbono até 2050.
Nesse contexto, a experiência de Barral é considerada um trunfo. Além do conhecimento técnico, ele tem trânsito entre instituições multilaterais, organismos internacionais e fóruns especializados, o que deve facilitar a construção de uma narrativa sólida do Brasil como liderança climática, ancorada em seu potencial renovável.
Nos bastidores, a expectativa é que Barral atue como uma ponte entre o MME, o Itamaraty, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, além de organizações da sociedade civil e do setor privado, compondo uma estratégia integrada para a conferência.
Sinalização ao mercado e continuidade técnica
Embora a nomeação represente uma mudança formal de cargo, a permanência de Barral no MME é interpretada como um sinal de continuidade na condução técnica da política energética brasileira, em especial nas áreas ligadas à transição energética. Sua atuação é bem vista por agentes do setor elétrico, especialistas e investidores, especialmente pela ênfase em soluções sustentáveis com viabilidade econômica.
A nomeação também alinha o discurso interno do governo federal, que busca reforçar compromissos com a transição justa, a redução de emissões e a atração de investimentos verdes para o setor de energia.
Com a COP30 se aproximando, a permanência de um quadro técnico experiente como Barral na linha de frente das negociações é uma aposta para dar solidez às propostas brasileiras diante de um cenário internacional cada vez mais exigente e competitivo.