Com energia majoritariamente renovável e conexão internacional via cabos submarinos, o estado dá um passo estratégico na corrida global por data centers sustentáveis.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) emitiu, nesta semana, pareceres técnicos favoráveis à conexão de dois grandes data centers no Complexo Industrial e Portuário do Pecém à Rede Básica do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Este movimento marca um momento histórico, sendo os primeiros empreendimentos desse tipo conectados diretamente à Rede Básica no Nordeste brasileiro, e representa uma etapa estratégica na tentativa de posicionar o país como um dos principais destinos globais para investimentos em infraestrutura digital de alta capacidade.
Os projetos têm previsão de conexão a partir de janeiro de 2027, consolidando o Ceará como um hub tecnológico aliado a uma matriz energética limpa e sustentável, algo cada vez mais valorizado por investidores internacionais atentos às pautas de descarbonização e eficiência energética.
Energia limpa como diferencial competitivo
A expansão do mercado de data centers no Brasil tem encontrado no Ceará um ambiente altamente competitivo, não apenas pela localização estratégica, mas também pela abundância de energia renovável.
Os dois novos data centers serão abastecidos predominantemente por fontes de energia eólica e solar, cujos parques estão concentrados no estado e no restante da região Nordeste. Este fator tem se tornado um dos principais critérios de decisão para empresas globais que buscam reduzir suas emissões de carbono, atender metas de ESG (ambiental, social e governança) e operar com padrões sustentáveis.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a matriz elétrica brasileira, composta por mais de 83% de fontes renováveis, é um dos diferenciais mais competitivos do país no cenário internacional para atrair data centers, especialmente aqueles de grande porte que demandam elevadas cargas energéticas e operação 24 horas.
Infraestrutura robusta e conexão global
Outro ponto determinante para a escolha do Ceará é a presença de uma robusta infraestrutura de cabos submarinos. Atualmente, o estado é uma das principais portas de entrada e saída de dados do Brasil para outros continentes. Essa conexão internacional oferece menor latência, maior velocidade e estabilidade na transmissão de dados, elementos cruciais para operação de data centers que suportam serviços em nuvem, inteligência artificial e operações financeiras de alta frequência.
O primeiro data center será conectado à Subestação Pecém II (230 kV), enquanto o segundo estará interligado à futura Subestação Pecém III (500 kV). Esta última está condicionada à realização de obras previstas na 4ª Emissão do Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE), publicada em fevereiro deste ano. As intervenções estruturais garantirão não apenas a conexão dos data centers, mas também maior confiabilidade e segurança operacional para o sistema elétrico do Nordeste.
Movimento estratégico do governo brasileiro
O governo federal tem articulado ativamente um Plano Nacional para Atração de Data Centers, que busca transformar o Brasil em um destino competitivo nesse mercado global.
O tema foi levado pelo Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao Fórum Econômico Mundial, na Suíça, onde foram apresentadas as vantagens do Brasil, especialmente sua matriz elétrica limpa, estabilidade institucional e potencial de expansão da infraestrutura de transmissão.
Para o ministro, “a combinação de energia limpa, estabilidade regulatória e infraestrutura digital posiciona o Brasil como um dos países mais preparados para receber grandes operações de data centers no mundo”.
Impacto econômico e desenvolvimento regional
A instalação desses empreendimentos no Ceará deverá gerar impactos econômicos significativos, tanto na criação de empregos altamente qualificados quanto no fomento de novas cadeias produtivas ligadas à tecnologia, inovação, serviços de TI e energia limpa.
Além disso, o movimento contribui para consolidar o estado como referência em transformação digital, sustentabilidade energética e integração econômica global.
Sustentabilidade, inovação e desenvolvimento caminham juntos
O avanço dos data centers no Ceará reforça uma tendência mundial: a busca por operações de tecnologia cada vez mais alinhadas à sustentabilidade e à eficiência energética.
Com a decisão do ONS, o Brasil dá um passo relevante não apenas no fortalecimento de sua infraestrutura elétrica e digital, mas também na construção de uma economia mais verde, conectada e competitiva no cenário internacional.
A expectativa é que outros estados com perfil semelhante, sobretudo no Nordeste, passem a disputar também novos investimentos, estimulando a modernização da infraestrutura energética, de telecomunicações e logística no país.
