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Eletrobras inicia processo de venda da participação na Eletronuclear

Movimento faz parte de acordo recente que amplia presença do governo no conselho da Eletrobras e permite à companhia reduzir exposição ao segmento de geração nuclear

A Eletrobras, maior empresa de energia elétrica da América Latina, contratou o banco de investimentos BTG Pactual para assessorar a venda de sua participação residual na Eletronuclear, empresa responsável pela geração de energia nuclear no Brasil.

Esse movimento representa mais um passo no processo de reorganização estratégica da Eletrobras, que, desde sua privatização em 2022, busca concentrar seus investimentos em áreas consideradas prioritárias, como energias renováveis, transmissão e geração hidrelétrica.

Atualmente, mesmo após a privatização, a Eletrobras ainda detém 36% das ações com direito a voto e 68% do capital total da Eletronuclear, o que mantém sua exposição parcial ao segmento nuclear, apesar de não possuir mais o controle da companhia.

A decisão de vender essa participação está alinhada com um acordo firmado recentemente entre a Eletrobras e o governo federal, que amplia a representatividade do Estado no conselho de administração da empresa. Esse acordo também abre caminho para que a companhia se desfaça de ativos considerados não estratégicos, como é o caso da geração nuclear.

Contexto do desinvestimento na Eletronuclear

A Eletronuclear é responsável pela operação das usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e pela construção de Angra 3, projeto que sofreu sucessivas paralisações e enfrenta desafios técnicos e financeiros há anos.

Por questões legais e de soberania energética, a geração nuclear no Brasil permanece sob controle estatal, sendo vedado, pela Constituição, o controle privado sobre esse segmento. Com a privatização da Eletrobras, a Eletronuclear e a Itaipu Binacional foram segregadas da operação principal e transferidas para uma nova estatal, a ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional), que passou a responder diretamente por essas atividades.

Apesar dessa separação formal, a Eletrobras manteve uma participação societária significativa na Eletronuclear, que agora pretende alienar definitivamente, consolidando seu afastamento do setor nuclear.

BTG Pactual lidera o processo de venda

O BTG Pactual foi contratado para estruturar e conduzir o processo de venda. O banco deverá coordenar as etapas de avaliação dos ativos, modelagem financeira, estruturação jurídica e busca de potenciais compradores, sempre observando as restrições legais do setor nuclear, que exige controle estatal.

Segundo apuração da nossa equipe, o projeto ainda está nos estágios iniciais e deverá enfrentar uma série de negociações complexas, especialmente em aspectos regulatórios e estratégicos.

O provável destino dessa participação é a própria ENBPar, estatal criada justamente para assumir os ativos nucleares e binacionais que não poderiam permanecer sob controle privado. No entanto, fontes próximas indicam que há discussões sobre o modelo de repasse, o valor da operação e os prazos para sua efetivação.

Acordo recente reforça papel do governo na Eletrobras

A venda da participação na Eletronuclear está diretamente relacionada ao acordo firmado no mês passado entre o governo e a Eletrobras, que ampliou a influência do Estado no conselho de administração da companhia, mesmo após a privatização.

Esse acordo buscou atender às preocupações do governo federal quanto à governança da empresa, especialmente no que se refere a ativos estratégicos para a segurança energética nacional. Além disso, a negociação permitiu que a Eletrobras avançasse com seu plano de desinvestimento em setores que não fazem mais parte de seu core business.

Impactos no mercado e no setor elétrico

A saída da Eletrobras da Eletronuclear representa um passo relevante no redesenho do setor elétrico brasileiro. De um lado, reforça o foco da Eletrobras em segmentos onde possui vantagem competitiva, como geração hidrelétrica, eólica, solar e transmissão. De outro, consolida o entendimento de que a geração nuclear permanecerá, por definição, como um ativo estratégico sob controle estatal.

O movimento também reflete uma tendência observada em vários mercados: empresas de energia buscando se especializar e otimizar seus portfólios, desinvestindo em ativos que não estão alinhados com sua estratégia de longo prazo.

Para investidores e analistas, o desfecho dessa transação é relevante, pois pode impactar tanto o balanço patrimonial da Eletrobras quanto o plano de investimentos futuros da companhia.

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