Representantes do programa “Meu Futuro, Minha Voz” participam da SB62, em Bonn, e defendem protagonismo feminino jovem nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas
Duas jovens brasileiras estão prestes a protagonizar um marco na diplomacia climática global. Jahzara Johari Ona e Jady Veríssimo, integrantes do programa “Meu Futuro, Minha Voz”, foram selecionadas para representar o Brasil na 62ª Sessão da Subsidiária para Implementação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (SB62), que acontecerá em junho, na cidade de Bonn, Alemanha.
Elas fazem parte da iniciativa Bonn Climate Camp Bridge, que reúne jovens de diferentes países para acompanhar de perto as negociações climáticas da ONU e atuar na construção de propostas de justiça climática. Suas presenças, além de simbólicas, são profundamente representativas de uma juventude que emerge dos territórios periféricos, levando conhecimento, vivências e propostas concretas aos espaços de tomada de decisão internacional.
Protagonismo feminino e juventude periférica na diplomacia climática
Para Jahzara e Jady, estar em Bonn não é apenas ocupar uma cadeira nas negociações, mas ocupar um espaço historicamente negado a jovens, mulheres e, especialmente, a quem vem das periferias brasileiras.
“Estamos aqui pra mostrar que as soluções vêm também das periferias, das escolas públicas, dos territórios que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas”, afirma Jahzara. Ela reforça que sua atuação não é isolada, mas representa um movimento crescente de jovens conscientes, preparados e comprometidos com a transformação ambiental e social.
Jady complementa: “Ocupar esse espaço é abrir caminho para outras meninas que sonham em participar das discussões que afetam diretamente nossas vidas e nossas comunidades.”
Ambas carregam consigo não apenas suas histórias, mas também a luta de milhares de jovens que enfrentam os desafios impostos pela crise climática em um dos países mais desiguais do mundo.
Meu Futuro, Minha Voz: formação e transformação
O programa “Meu Futuro, Minha Voz”, do Instituto Limpa Brasil, é a base da formação dessas jovens líderes. A iniciativa visa preparar adolescentes e jovens para atuarem na defesa de pautas socioambientais, com foco em educação ambiental, protagonismo juvenil e desenvolvimento de soluções sustentáveis dentro de seus próprios territórios.
Para Edilainne Muniz, diretora executiva do Instituto Limpa Brasil, a presença de Jahzara e Jady na SB62 é motivo de orgulho e esperança. “É a concretização do compromisso em amplificar vozes que muitas vezes são invisibilizadas. Elas representam jovens que querem construir um mundo melhor. O programa tem orgulho de apoiar essas lideranças que inspiram e abrem portas.”
A urgência da justiça climática nas vozes da juventude
A participação das duas brasileiras na SB62 ocorre em um contexto de acirramento das discussões sobre financiamento climático, adaptação, perdas e danos e responsabilidade histórica dos países desenvolvidos. Mais do que nunca, é necessário que as vozes da juventude, sobretudo de quem vive na linha de frente das mudanças climáticas, sejam levadas em consideração nas negociações.
Justiça climática não é apenas uma pauta ambiental, mas social, econômica e racial. Segundo diversos estudos, são as populações mais pobres e periféricas — muitas vezes negligenciadas nas discussões internacionais — que sofrem os maiores impactos de enchentes, secas, deslizamentos e outros eventos extremos cada vez mais frequentes.
Construindo pontes entre território e diplomacia
Ao participarem da SB62, Jahzara e Jady também têm como missão construir pontes entre suas realidades e a diplomacia internacional. Isso significa trazer relatos, soluções e perspectivas que geralmente ficam de fora dos documentos oficiais e das grandes negociações.
A mensagem das jovens é clara: não há como enfrentar a crise climática sem ouvir quem vive os seus impactos no cotidiano. E, mais do que ouvir, é preciso garantir espaços permanentes de participação e decisão para essas lideranças emergentes.
O futuro é agora, e a liderança é jovem
O protagonismo dessas jovens brasileiras na ONU reforça um movimento global de empoderamento da juventude frente à emergência climática. Elas representam não só o Brasil, mas uma geração que não aceita mais ser excluída dos processos que determinam seu próprio futuro.
Se há esperança para reverter os danos e construir um mundo sustentável, ela passa, inevitavelmente, pela liderança da juventude, especialmente de meninas, mulheres e populações periféricas.
