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China inaugura a primeira estação híbrida de armazenamento de energia com baterias de lítio e sódio do mundo

Projeto pioneiro fortalece segurança energética, reduz dependência de insumos importados e acelera a transição energética chinesa rumo a uma matriz mais limpa e resiliente

A China acaba de dar um salto tecnológico na corrida pela transição energética global. Foi inaugurada, neste domingo (25), na província de Yunnan, a primeira estação híbrida de armazenamento de energia de grande escala que combina baterias de lítio e sódio. O projeto representa um marco não só para o país asiático, mas também para o setor energético mundial, ao abrir caminho para a adoção em larga escala de baterias de sódio, uma alternativa mais barata, abundante e estratégica em comparação ao lítio.

Com capacidade instalada de 400 megawatts-hora (MWh), a Estação de Armazenamento de Energia Baochi ocupa uma área equivalente a cinco campos de futebol (3,3 hectares). O empreendimento é capaz de armazenar e liberar 580 milhões de quilowatts-hora (kWh) por ano, energia suficiente para abastecer aproximadamente 270 mil residências chinesas, de acordo com informações divulgadas pela imprensa estatal, como o Global Times e o canal CCTV.

Avanço estratégico na segurança energética da China

Cerca de 98% da energia armazenada na nova estação provém de fontes renováveis, como solar e eólica, presentes em abundância na região de Yunnan, uma das mais verdes do país. Além de contribuir para a estabilidade da rede elétrica, o sistema híbrido também permitirá a futura participação no mercado de comercialização de energia, um modelo em expansão na China.

“O sistema híbrido permite uma integração mais estável das renováveis em larga escala à rede elétrica e viabiliza a participação futura no mercado de comercialização de energia”, destacou Wu Bin, vice-gerente do projeto, à CCTV.

Este movimento faz parte da estratégia chinesa de reduzir a dependência de insumos importados e fortalecer sua soberania energética. Atualmente, o país é altamente dependente de materiais críticos para a produção de baterias de íon-lítio, dos quais cerca de 70% são importados, principalmente da Austrália, Chile e Argentina.

Sódio: o novo protagonista da transição energética

A introdução de baterias de sódio em grande escala é uma inovação disruptiva. As baterias de sódio possuem vantagens técnicas relevantes, como:

  • Velocidade de resposta seis vezes maior do que modelos anteriores;
  • Operação estável em temperaturas que variam de -20 ºC a 45 ºC;
  • Vida útil mais longa em comparação às baterias de lítio;
  • Custo de produção significativamente mais baixo, graças à abundância de sódio em território chinês.

Segundo dados da imprensa estatal, o Lago Salgado de Chaka, localizado no oeste da China, possui reservas de sódio que são 500 vezes superiores às reservas globais de lítio, o que praticamente elimina a vulnerabilidade do país a pressões geopolíticas e flutuações de mercado no setor de mineração internacional.

Respostas ao gargalo do lítio e fortalecimento da matriz limpa

Atualmente, o armazenamento baseado em baterias de íon-lítio responde por 97% do mercado chinês de armazenamento de energia. Contudo, o crescimento acelerado da demanda por lítio, impulsionado pela expansão das fontes renováveis e da mobilidade elétrica, tem gerado alertas sobre riscos de escassez, aumento dos custos e dependência de cadeias de suprimentos externas.

O investimento da China no desenvolvimento e aplicação de baterias de sódio se apresenta, portanto, como uma solução estratégica, que não apenas reduz custos operacionais, mas também garante maior segurança energética e resiliência da rede elétrica.

Yunnan: epicentro da inovação energética chinesa

A escolha de Yunnan para a instalação deste projeto não é aleatória. A província já possui uma das maiores capacidades instaladas de fontes renováveis do mundo, com mais de 60 milhões de quilowatts provenientes de usinas solares, eólicas e hidrelétricas. Isso torna a região um laboratório ideal para testar soluções de armazenamento em larga escala.

Além disso, a estação de Baochi é vista como um modelo para futuras instalações na China e no mundo, especialmente em países que buscam acelerar suas metas de descarbonização sem depender exclusivamente das cadeias globais de lítio.

Conclusão: um marco para o futuro da energia global

O lançamento da primeira estação híbrida de baterias de lítio e sódio da China representa mais do que uma inovação tecnológica; é uma redefinição dos rumos da transição energética global. Ao apostar em tecnologias alternativas, mais baratas e menos dependentes de cadeias internacionais, a China não apenas fortalece sua segurança energética, como também pressiona o mercado mundial a buscar soluções mais sustentáveis, resilientes e acessíveis.

Esse movimento inaugura uma nova era no setor de armazenamento de energia, essencial para viabilizar a expansão das renováveis e acelerar o caminho rumo a uma economia de baixo carbono.

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