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Gás de Vaca Muerta pode redefinir matriz energética e impulsionar reindustrialização no Brasil, afirma ministro

Alexandre Silveira destaca que a integração energética do Cone Sul, com foco na ampliação das importações de gás argentino, é estratégica para a transição energética, a redução de custos e o fortalecimento da indústria brasileira

Diante dos desafios impostos pela transição energética e pela necessidade de fortalecer a competitividade da indústria nacional, o Brasil aposta na integração energética com os países do Cone Sul como uma das principais soluções para garantir segurança energética, preços mais competitivos e desenvolvimento sustentável.

Durante o seminário “Desafios e Soluções para Integração Gasífera Regional”, realizado em Brasília, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou a importância de ampliar as importações de gás natural da Argentina, tendo como foco o aproveitamento do imenso potencial de Vaca Muerta, uma das maiores reservas de gás de xisto do mundo.

Segundo Silveira, a estratégia está diretamente alinhada com os objetivos do governo brasileiro de promover a reindustrialização do país, garantir preços mais competitivos de energia e acelerar a transição energética para uma matriz mais limpa e eficiente.

“A integração energética com a Argentina, especialmente com o gás de Vaca Muerta, é fundamental para que o Brasil avance em direção a uma nova economia verde, industrializada e socialmente justa. Já recebemos os primeiros volumes desse gás cruzando nossa fronteira, um marco para a nossa integração energética regional”, afirmou o ministro.

Vaca Muerta: uma solução energética estratégica para o Cone Sul

O campo de Vaca Muerta, localizado na província de Neuquén, na Argentina, é considerado uma das maiores reservas não convencionais de gás e petróleo do planeta. Seu potencial desperta grande interesse do Brasil, que enxerga na importação desse insumo uma alternativa robusta para reduzir custos, substituir fontes mais poluentes e fortalecer a segurança energética.

Atualmente, o governo brasileiro projeta a possibilidade de importar até 30 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia até 2030, meta que, segundo o ministro, é plenamente viável, desde que sejam superados entraves logísticos, tarifários e regulatórios.

Desafios regulatórios e infraestrutura são prioridades

Durante sua fala, Alexandre Silveira foi enfático ao apontar os desafios que precisam ser superados para viabilizar essa integração energética de forma eficiente. Ele destacou, entre os principais pontos:

  • A necessidade de liberalização dos preços de exportação de gás pela Argentina, permitindo que produtores e consumidores negociem diretamente, sem restrições artificiais;
  • A redução de tarifas de transporte interno, tanto na Argentina quanto na Bolívia, que hoje impactam a competitividade do gás entregue ao mercado brasileiro;
  • A conclusão do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, que será a principal via de entrada do gás argentino no Brasil, especialmente para abastecer o Rio Grande do Sul e outras regiões do país.

“De nada adianta trazer gás barato da Argentina se ele volta a se encarecer com as tarifas internas no Brasil. Precisamos trabalhar conjuntamente com os governos estaduais, especialmente o do Rio Grande do Sul, e com o setor privado para resolver essas questões”, pontuou Silveira.

Impacto na indústria, no agronegócio e na transição energética

A ampliação da oferta de gás natural a preços mais competitivos é vista como uma alavanca estratégica para destravar a produtividade da indústria brasileira, que há anos sofre com custos elevados de energia. Além disso, o gás desempenha um papel essencial na matriz de transição, por ser uma fonte menos poluente em comparação com derivados de petróleo e carvão.

O ministro ressaltou que, além de beneficiar a indústria, o insumo também terá impacto positivo no agronegócio, no setor de transportes e na geração de energia elétrica, oferecendo uma alternativa mais limpa e segura.

Papel da Petrobras e revisão do modelo nacional de gás

Outro ponto sensível, abordado por Silveira, é a necessidade de revisão no modelo de operação do mercado de gás no Brasil. Ele destacou o papel da Petrobras, que, segundo ele, deve atuar como vetor de desenvolvimento, garantindo preços acessíveis, revisão de tarifas e ampliação da infraestrutura de escoamento e processamento.

“Estamos comprometidos em construir um país e um continente com energia limpa, segurança energética, desenvolvimento econômico e justiça social. A integração energética do Cone Sul é, sem dúvidas, um dos caminhos mais seguros para isso”, concluiu.

Consenso regional pela integração energética

O evento contou com a presença de autoridades de toda a região, como a secretária de Energia da Argentina, María Tettamanti, o vice-ministro de Minas e Energia do Paraguai, Mauricio Bejarano, e o secretário-executivo da Organização Latino-Americana de Energia (OLADE), Andrés Rebolledo Smitmans, que reforçaram o alinhamento político e técnico para transformar o Cone Sul em uma região integrada energeticamente e mais competitiva.

A integração do gás não apenas promete preços mais baixos e segurança energética, mas também se posiciona como um pilar essencial na construção de uma matriz energética mais limpa e sustentável para todo o continente sul-americano.

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