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Lucro da Cemig recua 9,9% no 1º trimestre e expõe vulnerabilidade à volatilidade regional do setor elétrico

Resultado da estatal mineira foi pressionado por diferenças de preços entre submercados e aumento expressivo da dívida líquida

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) iniciou o ano de 2025 com resultado financeiro pressionado por distorções no mercado de energia elétrica. A empresa registrou um lucro líquido de R$ 1,038 bilhão no primeiro trimestre, queda de 9,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo o relatório divulgado pela companhia, o principal fator para o recuo foi a exposição à diferença de preços entre submercados – especialmente entre as regiões Sudeste/Centro-Oeste e Sul, em comparação ao Norte e Nordeste.

Essa discrepância impactou diretamente a atuação da Cemig na comercialização de energia, atividade na qual a companhia tem presença relevante. Durante o trimestre, os preços médios da energia nas regiões Sudeste e Sul ficaram cerca de R$ 400 por megawatt-hora acima daqueles praticados nas regiões Norte e Nordeste, provocando um descompasso financeiro relevante para as empresas expostas a múltiplos submercados.

Resultados operacionais: entre desafios de mercado e avanços estruturais

Além disso, o Ebitda ajustado da companhia – indicador que mede o desempenho operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização – totalizou R$ 1,799 bilhão entre janeiro e março, o que representa uma retração de 9,6% em relação ao primeiro trimestre de 2024. O resultado revela uma combinação de pressões operacionais e de mercado sobre o desempenho da estatal mineira.

Por outro lado, a receita líquida da Cemig apresentou crescimento. No primeiro trimestre de 2025, a empresa registrou R$ 9,844 bilhões, alta de 8,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse avanço foi impulsionado principalmente por reajustes tarifários, aumento do volume de energia distribuída e crescimento no número de consumidores.

Contudo, o endividamento da empresa acendeu um sinal de alerta. A dívida líquida da Cemig atingiu R$ 15,242 bilhões ao final de março, um salto de 24,1% em relação ao fechamento do quarto trimestre de 2024. O prazo médio de amortização está em 5,5 anos. Segundo a empresa, parte da elevação se deve à estratégia de antecipação de investimentos e ao alongamento do perfil da dívida, o que reforça a necessidade de atenção à sustentabilidade financeira no médio e longo prazos.

Apesar da pressão sobre o lucro, a empresa manteve indicadores operacionais estáveis e reforçou o compromisso com o plano estratégico que prevê modernização da rede elétrica, digitalização de processos e expansão de fontes renováveis. No entanto, os resultados reforçam os desafios de atuar em um setor cada vez mais marcado por volatilidade regulatória e climática.

Perspectivas e desafios

Para os investidores, o recado é claro: mesmo com fundamentos sólidos e boa performance histórica, a Cemig está exposta às incertezas estruturais do mercado elétrico brasileiro. A diferença de preços entre submercados, embora transitória, escancara a importância de políticas públicas que garantam maior previsibilidade e estabilidade tarifária para os agentes do setor.

O desempenho da Cemig no primeiro trimestre mostra a necessidade de maior resiliência frente às oscilações regionais de preços de energia. Com o setor enfrentando mudanças regulatórias e desafios climáticos crescentes, empresas como a Cemig precisarão ajustar estratégias para mitigar riscos e preservar a rentabilidade nos próximos trimestres.

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