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Brasil intensifica articulações com a China para acelerar transição energética e ampliar investimentos em energia limpa

Missão oficial liderada por Rui Costa encerra agenda na China com foco em parcerias estratégicas nas áreas de energia renovável, inovação tecnológica e conectividade digital; expectativa é que acordos avancem com a visita de Lula em maio

O governo brasileiro encerrou nesta quarta-feira (30) uma intensa agenda de compromissos oficiais na China, com foco na atração de investimentos em energia limpa e no fortalecimento da cooperação tecnológica entre os dois países. A missão, liderada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, percorreu Pequim e Xangai ao longo de quatro dias, promovendo encontros com representantes de empresas e instituições chinesas dos setores energético, aeroespacial e de telecomunicações.

A etapa final da missão ocorreu em Xangai, onde a delegação brasileira participou de reuniões na sede do New Development Bank (NDB), o banco de fomento dos BRICS, presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff. Em pauta, esteve a viabilização de investimentos voltados à produção e transmissão de energia limpa no Brasil, bem como o fortalecimento da infraestrutura de conectividade digital, sobretudo por meio de tecnologias de internet via satélite.

O ministro Rui Costa destacou que o país tem um plano energético estruturado para os próximos dez anos, com prioridade absoluta para fontes renováveis, armazenamento de energia e ampliação das redes de transmissão, como forma de consolidar a transição energética brasileira. “Estamos trabalhando para que o Brasil seja referência global em energia limpa. O momento é de atrair novos parceiros internacionais que tragam inovação, tecnologia e soluções sustentáveis para acelerar esse processo”, afirmou.

Parcerias com empresas chinesas reforçam a pauta da energia limpa

Um dos principais avanços da missão foi a reunião com representantes da Windey Energy Technology Group, empresa chinesa especializada em energia eólica e soluções integradas para o setor elétrico. O encontro teve como objetivo discutir modelos de parceria para a implantação de projetos de geração renovável no Brasil, além de tratar da formação de mão de obra qualificada e da cooperação em pesquisa e desenvolvimento.

O Brasil, que já possui uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, busca ampliar ainda mais a participação das fontes renováveis, em especial a eólica e a solar, nos próximos anos. O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) projeta crescimento expressivo da capacidade instalada dessas fontes, com investimentos robustos previstos para atender à demanda crescente por energia de baixo carbono.

Durante a reunião com a Windey, a delegação brasileira destacou a importância da inovação tecnológica para enfrentar os desafios da geração intermitente, sobretudo no campo do armazenamento de energia e da modernização das redes. Também foram discutidos mecanismos de financiamento que possam viabilizar projetos estruturantes em regiões estratégicas do país.

Rui Costa enfatizou o interesse do governo federal em estreitar os laços com players internacionais do setor de energia limpa, buscando sinergias que tragam benefícios concretos para a indústria nacional e para a geração de empregos. “A energia renovável será o eixo estruturante do nosso desenvolvimento nos próximos anos, e a parceria com a China é fundamental para acelerar essa transição”, disse o ministro.

Conectividade digital como vetor de inclusão e desenvolvimento

Outro pilar da missão brasileira foi o avanço na cooperação com a SpaceSail, empresa chinesa que atua nos setores aeroespacial e de telecomunicações. A companhia mantém um memorando de entendimento com a estatal Telebrás, firmado em 2023, para o fornecimento de internet via satélite no Brasil. A tecnologia será essencial para conectar escolas, unidades de saúde, centros de assistência social e comunidades isoladas, sobretudo na Amazônia Legal.

O ministro das Comunicações, Frederico Filho, destacou que o governo federal está comprometido com a inclusão digital e que a implantação de estações terrenas deve ocorrer já no início de 2025. Até 2026, a meta é conectar mais de 138 mil escolas públicas, 40 mil unidades básicas de saúde e 13 mil CRAS, além de comunidades quilombolas e ribeirinhas, hoje excluídas da infraestrutura digital.

Segundo o ministro Rui Costa, o governo também pretende integrar a SpaceSail com o Senai Cimatec, centro de pesquisa vinculado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), para o desenvolvimento conjunto de tecnologias e soluções para conectividade e monitoramento remoto de infraestrutura crítica, incluindo usinas, subestações e redes de transmissão.

Expectativa de anúncios estratégicos com Lula em maio

As reuniões na China foram acompanhadas por representantes dos ministérios da Saúde, Minas e Energia, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além do BNDES e do Senai Cimatec. A articulação conjunta busca criar um ambiente favorável à cooperação internacional em áreas estruturantes, como energia, tecnologia, saúde e logística.

Rui Costa avaliou de forma positiva os resultados da missão e afirmou que a visita do presidente Lula à China, prevista para ocorrer entre os dias 11 e 13 de maio, deve marcar a consolidação de acordos e parcerias estratégicas que vêm sendo costurados desde 2023, com a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil.

“Voltamos ao Brasil com perspectivas concretas de avanço. A sinergia entre as economias brasileira e chinesa pode trazer investimentos em áreas que impactam diretamente a população: energia, conectividade, infraestrutura e emprego. O compromisso do presidente Lula com uma agenda desenvolvimentista está sendo bem recebido internacionalmente”, concluiu o ministro.

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