Falta de capacitação profissional, infraestrutura tecnológica limitada e insegurança regulatória são barreiras que impedem companhias de transformar a inteligência artificial em vantagem competitiva
Embora a inteligência artificial (IA) continue no centro das discussões corporativas e seja considerada essencial para a transformação digital, um grande número de empresas ainda não consegue extrair o máximo potencial dessa tecnologia. Segundo um levantamento recente da ISC², organização especializada na capacitação de profissionais de segurança cibernética, 45% das empresas ainda não possuem uma estratégia consolidada para o uso da IA, o que limita sua aplicação prática e os benefícios que ela poderia proporcionar.
O grande paradoxo é que, mesmo sendo considerada um divisor de águas na inovação empresarial, a IA tem sido mais debatida do que, de fato, aplicada de maneira eficiente. Muitas empresas ficam presas ao “hype” tecnológico, mas esbarram em desafios estruturais para avançar, deixando de aproveitar a capacidade dessa tecnologia para impulsionar a produtividade, otimizar processos e garantir vantagem competitiva.
De acordo com Vera Thomaz, CMO da Unentel, distribuidora de soluções tecnológicas para o mercado B2B, essa defasagem pode comprometer a competitividade de diversas empresas, criando um ciclo de inovação limitado. “Isso significa que, na prática, a maioria das empresas não consegue transformar a IA em uma vantagem real. Com isso, elas se tornam vulneráveis a concorrentes que já estão um passo à frente, integrando essa tecnologia em suas operações com mais eficiência”, analisa a executiva.
Capacitação profissional e infraestrutura ainda são desafios
A falta de qualificação profissional para lidar com a IA é um dos principais obstáculos que dificultam sua adoção no mercado. Por ser uma tecnologia que exige conhecimento técnico e mão de obra especializada, muitas empresas enfrentam dificuldades na formação de equipes capazes de lidar com algoritmos avançados, análise de dados e integração de soluções inteligentes ao negócio.
Além da escassez de talentos, a infraestrutura tecnológica limitada também impede a adoção plena da IA. Para que essa tecnologia seja implementada de forma eficiente, as empresas precisam de bases de dados organizadas, sistemas compatíveis e uma arquitetura digital flexível. No entanto, muitas ainda dependem de sistemas antigos e rígidos, que dificultam a integração de novos recursos e tornam o processo mais complexo e custoso.
“Sem uma base tecnológica sólida e adaptável, torna-se desafiador processar grandes volumes de dados e implementar soluções avançadas de forma eficaz. A falta de padronização e consistência nas bases de dados, aliada à dependência de sistemas antigos e pouco flexíveis, também torna a inserção da IA demorada, complexa e cara”, explica Vera Thomaz.
Regulamentação e segurança digital geram hesitação no mercado
Outro fator que contribui para a adoção lenta da inteligência artificial nas empresas é a incerteza regulatória. O uso da IA ainda gera debates sobre privacidade, ética e segurança digital, levando muitas empresas a hesitar antes de investir de forma mais agressiva nessa tecnologia. O receio de vazamento de dados e de uso indevido das informações está entre as principais preocupações dos empresários, especialmente diante de uma legislação que ainda está sendo moldada para acompanhar essa nova realidade.
Por outro lado, a IA também pode ser uma grande aliada na proteção de dados e segurança digital. Modelos avançados de inteligência artificial já estão sendo usados para detecção de fraudes e ameaças cibernéticas em tempo real, garantindo uma camada extra de proteção para empresas e clientes.
Empresas que investem em IA ganham vantagem competitiva
Apesar dos desafios, a inteligência artificial tem um potencial inegável de transformar negócios, otimizando processos complexos, identificando riscos e gerando insights estratégicos para empresas de diferentes setores. Ao utilizar a IA para automatizar tarefas repetitivas, estruturar grandes volumes de dados e realizar análises preditivas, empresas podem reduzir custos, aumentar a eficiência operacional e tomar decisões mais embasadas.
Para as companhias que desejam se destacar no mercado, o investimento em capacitação profissional, modernização da infraestrutura tecnológica e integração da IA nas operações diárias é um caminho inevitável. “Empresas que estão investindo na capacitação, modernização e integração da IA em suas operações estarão um passo à frente da concorrência, conquistando mais agilidade, inovação e rentabilidade no mercado”, conclui Vera Thomaz.
Se, por um lado, o cenário atual mostra que muitas empresas ainda não sabem como explorar ao máximo a inteligência artificial, por outro, o avanço da tecnologia e a crescente necessidade de inovação deixam claro que a IA não é apenas uma tendência passageira, mas um diferencial competitivo para o futuro dos negócios.