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Biocombustível de coco: a nova aposta sustentável para o futuro da energia no Brasil

Pesquisa transforma resíduos de coco verde em fonte de energia renovável, impulsionando a economia circular e reduzindo impactos ambientais

A busca por soluções energéticas sustentáveis tem levado cientistas e indústrias a explorarem novas matérias-primas renováveis, e um dos mais promissores caminhos surge a partir de um resíduo abundante no Brasil: o coco verde. Com um consumo elevado em regiões tropicais e uma taxa de decomposição extremamente lenta, as cascas e fibras do coco representam um desafio ambiental significativo. Agora, pesquisadores do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), vinculado ao Grupo Tiradentes (UNIT), por meio do projeto NUESC, estão desenvolvendo um processo inovador para transformar esse material em biocombustível, contribuindo para a redução da dependência de combustíveis fósseis e impulsionando a economia circular.

A pesquisa, realizada em parceria com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES) e a própria Petrobras, propõe uma alternativa para o descarte inadequado dos resíduos do coco verde, que em cidades como Aracaju chegam a 190 toneladas por semana. O alto volume desse resíduo impacta significativamente os serviços de limpeza urbana e, muitas vezes, sobrecarrega os aterros sanitários. Transformá-lo em combustível representa uma solução ambiental e energética estratégica.

Como funciona a conversão do coco em biocombustível

A biomassa do coco pode ser transformada em energia por meio de diferentes processos tecnológicos, incluindo pirólise, gaseificação e fermentação. No caso do projeto da UNIT, os pesquisadores optaram por um método eficiente e sustentável, minimizando o impacto ambiental e maximizando o aproveitamento energético do material. O processo envolve três etapas principais:

  1. Secagem e trituração – As fibras do coco são coletadas, desidratadas e moídas para facilitar o processamento.
  2. Conversão térmica – A biomassa é submetida à pirólise, técnica que aquece o material em ambiente sem oxigênio, transformando-o em bio-óleo, biocarvão e gases combustíveis.
  3. Refino e aproveitamento – O bio-óleo pode ser refinado e utilizado como combustível para motores e geradores, enquanto o biocarvão pode ser empregado como fonte de energia ou para melhorar a qualidade do solo.

Além disso, avanços tecnológicos permitiram a integração de processos de extração de óleo, produção de biodiesel e bio-óleo a partir de oleaginosas, tornando a produção ainda mais sustentável e eficiente.

Um passo para o futuro: biocombustível de coco e aviação sustentável

A produção de biocombustíveis renováveis como o derivado do coco verde não apenas reduz resíduos sólidos urbanos, mas também pode impulsionar a aviação sustentável. O Combustível Sustentável de Aviação (SAF) tem sido uma das principais apostas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor aéreo, um dos mais desafiadores para a descarbonização.

O Brasil possui um enorme potencial para se tornar referência global na produção de SAF, devido à abundância de biomassa e à infraestrutura já existente para biocombustíveis. Empresas nacionais estão investindo fortemente no desenvolvimento do Alcohol-to-Jet (AtJ), tecnologia que converte etanol da cana-de-açúcar em combustível de aviação. A pesquisa com o biocombustível de coco pode abrir caminho para novas oportunidades nesse mercado em expansão.

Impacto ambiental e socioeconômico: economia circular em ação

O projeto do ITP vai além da inovação tecnológica. Ele representa um modelo de economia circular, onde um resíduo que antes era um problema passa a ser um recurso valioso. Com a produção de biocombustível a partir do coco verde, a cidade de Aracaju pode reduzir significativamente seus custos com limpeza pública e minimizar a degradação ambiental causada pelo descarte inadequado desse material.

Além disso, a iniciativa tem potencial para gerar empregos e incentivar o desenvolvimento local, fortalecendo um novo mercado para biocombustíveis e promovendo a transição energética para fontes mais limpas e renováveis.

Com pesquisas avançadas e investimentos no setor, o Brasil pode estar diante de uma revolução na forma como aproveita seus recursos naturais, transformando resíduos em combustível e consolidando-se como uma potência na produção de energias sustentáveis.

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