Competição no mercado e estratégias de integradores ajudam a manter preços acessíveis para consumidores finais, aponta Solfácil
Apesar do aumento nos custos de equipamentos fotovoltaicos, o preço da energia solar para residências no Brasil registrou uma queda de 3% no quarto trimestre de 2024, segundo dados do Radar, indicador trimestral produzido pela Solfácil, maior ecossistema de energia solar da América Latina. O custo médio caiu de R$ 2,53 para R$ 2,46 por Watt-pico (Wp), beneficiando consumidores que continuam a investir em sistemas solares, mesmo em um cenário desafiador para o setor.
De acordo com o estudo, a principal razão para a queda foi a necessidade de integradores do setor solar em manter preços competitivos em um mercado cada vez mais disputado. “Os integradores enfrentam um cenário desafiador, em que manter preços competitivos é crucial para não perder mercado. Essa dinâmica tem beneficiado os consumidores, mas afeta a rentabilidade do setor”, explica Fabio Carrara, CEO e fundador da Solfácil.
Competitividade e Dinâmica de Preços no Setor Solar
O aumento nos preços dos equipamentos fotovoltaicos, impulsionado por fatores como câmbio, inflação e custos logísticos, poderia ter elevado os valores para os consumidores finais. No entanto, os integradores têm absorvido parte desse impacto, reduzindo suas margens de lucro para atrair novos clientes. Além disso, as negociações mais prolongadas entre empresas e consumidores também têm dificultado o repasse integral dos aumentos de custo.
Entre as diferentes faixas de potência analisadas no estudo, os projetos de menor porte, com até 4 kWp, apresentaram a menor queda nos preços, com retração de 2% em relação ao trimestre anterior. Isso reflete um mercado em que pequenas instalações, frequentemente realizadas em residências, têm margens menores para ajustes de preço.
Cenário Regional e Redução de Preços nos Estados
A pesquisa da Solfácil também mostrou que a maioria dos estados brasileiros registrou redução nos preços da energia solar, com destaque para Paraná e Tocantins, que lideraram o ranking com quedas de 7%. Rio de Janeiro e Piauí apareceram logo em seguida, ambos com recuo de 6%. Já estados como São Paulo, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul tiveram quedas de 5%.
Por outro lado, Espírito Santo (-2%), Sergipe (-2%) e Amapá (-1%) foram os únicos estados a apresentar aumentos nos preços médios da energia solar durante o período.
No panorama regional, o Centro-Oeste se mantém como a região mais acessível para a instalação de sistemas solares, com custo médio de R$ 2,36 por Wp, seguido pelo Sul (R$ 2,44/Wp) e Nordeste (R$ 2,45/Wp). No entanto, o Norte desponta como a região mais cara, com custo médio de R$ 2,60 por Wp, apesar de um recuo de 4% no trimestre. O Sudeste, acima da média nacional, registrou R$ 2,48 por Wp, após redução de 3%.
Perspectivas para 2025: Mudanças Tributárias e Impactos no Setor
Embora o quarto trimestre de 2024 tenha sido positivo para os consumidores, o setor solar enfrenta desafios importantes em 2025. Mudanças tributárias podem elevar significativamente o custo dos equipamentos fotovoltaicos, o que pode acabar sendo repassado ao consumidor final. Esse cenário pode impactar tanto a competitividade do mercado quanto a acessibilidade de novos projetos, especialmente para consumidores residenciais e pequenos negócios.
Fabio Carrara observa que o setor precisa buscar alternativas para mitigar esses desafios, como incentivar políticas públicas de apoio à energia solar, diversificar fornecedores e investir em eficiência operacional. “A longo prazo, a sustentabilidade do mercado solar brasileiro depende da capacidade de inovar e manter-se competitivo, mesmo em cenários adversos”, reforça.
Sustentabilidade e Crescimento da Energia Solar
O Brasil segue como um dos líderes globais na adoção de energia solar, com mais de 42,4 GW de capacidade instalada em geração distribuída e centralizada até o final de 2024, segundo a Absolar. Esse crescimento reflete a busca por fontes de energia mais limpas e acessíveis, alinhando-se às metas globais de descarbonização.
Apesar dos desafios, o mercado solar brasileiro continua sendo um exemplo de como a competitividade e a inovação podem beneficiar tanto consumidores quanto o meio ambiente. A queda de preços observada no quarto trimestre de 2024 é um reflexo da maturidade do setor, mas também um alerta para a necessidade de políticas que garantam a sustentabilidade desse crescimento nos próximos anos.