Por Joana Waldburger, COO da Tyr Energia
A crescente preocupação com a eficiência operacional e a sustentabilidade tem impulsionado o setor de saúde a buscar soluções que não apenas reduzam custos, mas também otimizem recursos e promovam a responsabilidade ambiental. Nesse contexto, o mercado livre de energia emerge como uma estratégia inovadora para hospitais, permitindo maior controle sobre os gastos energéticos, flexibilidade contratual e acesso a fontes renováveis.
Hospitais são instalações com uma das mais altas demandas energéticas entre os setores. Equipamentos médicos de última geração, sistemas de climatização, iluminação ininterrupta e necessidades específicas de áreas críticas, como UTIs e centros cirúrgicos, tornam o consumo de energia um componente significativo das despesas operacionais. Segundo dados do setor, a energia elétrica pode representar até 20% dos custos fixos de um hospital, sendo, portanto, uma área estratégica para redução de despesas.
No mercado cativo, o modelo predominante no Brasil, as instituições hospitalares dependem de uma única distribuidora de energia, com tarifas reguladas e pouca ou nenhuma margem para negociação. Já no mercado livre, os hospitais podem negociar diretamente com geradores ou comercializadoras de energia, estabelecendo contratos personalizados que atendam suas necessidades específicas. Além disso, é possível optar por fontes sustentáveis, como solar, eólica ou biomassa, alinhando os objetivos financeiros às metas ambientais.
A flexibilidade do mercado livre oferece benefícios que vão além da simples redução de custos. Com maior previsibilidade e estabilidade tarifária, os hospitais podem planejar seus orçamentos de forma mais eficaz. Além disso, o montante economizado pode ser redirecionado para áreas essenciais, como aquisição de novos equipamentos, treinamento de equipes e melhoria da infraestrutura hospitalar.
Outro benefício crucial é a contribuição para a agenda ESG (ambiental, social e de governança). Ao optar por energia limpa, os hospitais não apenas reduzem sua pegada de carbono, mas também demonstram um compromisso público com a sustentabilidade, o que pode ser um diferencial competitivo em licitações e no relacionamento com investidores e pacientes.
Para maximizar os benefícios do mercado livre, é fundamental que os hospitais invistam em uma gestão energética eficaz. Os medidores inteligentes, tecnologia que já é amplamente utilizada em países como Estados Unidos, Reino Unido e Japão, desempenham um papel essencial nesse processo. Esses dispositivos, capazes de monitorar o consumo em tempo real, permitem uma análise detalhada dos padrões de uso de energia.
Com os dados fornecidos pelos medidores, os gestores podem identificar desperdícios, prever demandas sazonais e implementar medidas corretivas rapidamente. Por exemplo, é possível programar o desligamento de equipamentos em horários de menor necessidade ou reconfigurar sistemas de climatização para maior eficiência energética. Essa abordagem não apenas reduz custos, mas também melhora a sustentabilidade das operações.
Além das vantagens financeiras e ambientais, o mercado livre de energia também proporciona maior segurança operacional. A comercializadora atua como intermediária entre o hospital e a distribuidora, garantindo suporte em questões como correção de faturas, resolução de problemas técnicos e até mesmo na mitigação de impactos causados por eventuais interrupções no fornecimento. Esse suporte é particularmente valioso em um setor onde interrupções podem colocar vidas em risco.
O mercado livre de energia apresenta-se como uma solução estratégica para hospitais que desejam equilibrar eficiência, sustentabilidade e segurança. Ao combinar uma gestão energética inteligente com a liberdade de escolha do fornecedor, os hospitais podem alcançar uma redução significativa de custos e contribuir para a construção de um setor de saúde mais sustentável e resiliente. Essa transformação exige planejamento, capacitação e investimento em tecnologia, mas os benefícios de longo prazo tornam o esforço mais do que justificável.