Crescimento Recorde no Consumo de Energia Elétrica em Setembro é Puxado pela Indústria

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Consumo de eletricidade aumenta 4,1% em setembro, com destaque para o setor industrial, enquanto o Rio Grande do Sul mostra recuperação após inundações históricas

O consumo nacional de eletricidade no Brasil registrou um aumento significativo em setembro de 2024, atingindo 46.281 GWh, conforme os dados da mais recente edição da Resenha do Mercado de Energia Elétrica. Este volume representa um crescimento de 4,1% em comparação a setembro do ano anterior, impulsionado especialmente pelo aumento no consumo industrial, que subiu 5,8% no período. Os setores residencial e comercial também contribuíram para o aumento, evidenciando uma demanda aquecida e uma economia em recuperação.

Com o terceiro mês consecutivo de crescimento recorde no consumo industrial, o cenário reflete uma retomada importante para o setor, que teve uma expansão notável após retrações no início do ano. O Rio Grande do Sul, em particular, afetado por enchentes severas e impactos climáticos históricos em maio, também começou a ver a normalização de seu consumo de energia, com um aumento de 4,3% no mês em comparação a setembro de 2023.

Destaques por Setor e Região

Em setembro, o setor industrial foi o grande destaque, com um aumento de consumo de 5,8% na comparação interanual, um desempenho expressivo e de impacto no volume total de energia consumida. Os últimos três meses foram de recordes sucessivos no consumo industrial, marcando a recuperação de um setor que foi prejudicado por desafios econômicos e de demanda nos últimos anos. Em termos de indústrias mais intensivas em energia, o setor de extração de minerais metálicos e o setor de papel e celulose mostraram as maiores expansões de consumo, demonstrando uma tendência positiva em setores estratégicos para o país.

O mercado de energia no Rio Grande do Sul, atingido por chuvas intensas e inundações em maio, finalmente começa a normalizar seu consumo. O estado registrou um crescimento de 4,3% em setembro em comparação ao mesmo mês de 2023. Os setores residencial e comercial do Rio Grande do Sul foram responsáveis por parte dessa expansão, com aumentos de 8,3% e 5%, respectivamente, refletindo o retorno das atividades e o crescimento da demanda das residências. Na indústria, o crescimento foi de 4,2%, destacando-se pela recuperação nos setores mais afetados anteriormente.

Expansão do Mercado Livre

O ambiente de contratação livre de energia, também conhecido como mercado livre, segue em crescimento acelerado. Em setembro, o mercado livre respondeu por 43,7% do consumo nacional de energia elétrica, somando 20.223 GWh consumidos. Esse segmento apresentou uma expansão de 11,6% no consumo em relação a setembro de 2023 e um aumento impressionante de 43,8% no número de consumidores, consolidando uma tendência de migração do mercado regulado para o mercado livre.

A região Nordeste liderou essa expansão, com um aumento de 13,4% no consumo de energia e um expressivo aumento de 66,4% no número de consumidores livres, atraídos pelas possibilidades de tarifas mais competitivas e flexíveis oferecidas pelo mercado livre. Essa tendência de migração é incentivada pela Portaria MME nº 50/2022, que ampliou as condições para migração ao mercado livre para consumidores do grupo A, categoria que inclui grandes consumidores de energia, como indústrias e empresas de médio e grande porte.

Cenário do Mercado Regulado

Enquanto o mercado livre se expande, o mercado regulado, no qual consumidores pagam tarifas definidas pelas concessionárias de distribuição de energia, representou 56,3% do consumo total de energia em setembro, com um volume de 26.058 GWh. Esse segmento teve uma leve retração de 1,1% no consumo em relação ao ano anterior, refletindo o movimento de migração de consumidores para o mercado livre em busca de preços mais vantajosos. Apesar disso, o número de unidades consumidoras no mercado regulado aumentou 1,2%, uma expansão puxada principalmente por novos consumidores, como aqueles de baixa renda e pequenos estabelecimentos comerciais.

Entre as regiões, o Norte apresentou o maior aumento no consumo no mercado regulado, com um crescimento de 4,1%, acompanhada também pela maior expansão no número de consumidores cativos, que cresceu 3,4%. Esse aumento foi impulsionado pelo aumento das atividades comerciais e pela inclusão de novos consumidores residenciais e comerciais.

Perspectivas para o Setor de Energia

Os dados indicam um crescimento sólido na demanda por eletricidade em diferentes setores, com destaque para o consumo industrial e a migração de consumidores para o mercado livre, refletindo as transformações pelas quais o setor elétrico brasileiro está passando. De acordo com especialistas, esse aumento de consumo indica uma economia em recuperação e o retorno das atividades industriais e comerciais a níveis pré-pandemia.

A expectativa para os próximos meses é de que o mercado livre continue sua trajetória de crescimento, impulsionado pela flexibilização das regras de migração e pela busca de consumidores por custos mais acessíveis e um controle mais direto sobre o fornecimento de energia. Com a aproximação do verão e o aumento natural do consumo em função das altas temperaturas, é esperado um acréscimo ainda maior na demanda por eletricidade, o que pode gerar novos recordes de consumo e a necessidade de monitoramento atento para evitar sobrecargas no sistema.

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