MME debate o potencial do hidrogênio na transição energética justa para reduzir as emissões de carbono na siderurgia brasileira
Em um esforço para impulsionar uma transição energética justa e sustentável na indústria siderúrgica brasileira, o Ministério de Minas e Energia (MME) participou, na última sexta-feira (25), de um evento online que abordou os desafios e as oportunidades do uso do hidrogênio como vetor de descarbonização. O debate, intitulado “Hidrogênio na Siderurgia Brasileira: desafios para a transição energética justa em setores intensivos em carbono”, reuniu especialistas para discutir o papel estratégico do hidrogênio de baixa emissão de carbono na transformação do setor siderúrgico nacional. O evento foi promovido pelo projeto H2Brasil, fruto da Cooperação Técnica Brasil-Alemanha, em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e a consultoria internacional NIRAS.
A indústria siderúrgica brasileira, conhecida pelo consumo intensivo de carbono, enfrenta uma pressão crescente para adotar práticas mais sustentáveis. Em resposta a essa necessidade, o hidrogênio se apresenta como uma alternativa viável para reduzir as emissões de carbono sem comprometer a produtividade do setor. O evento destacou, portanto, o papel do hidrogênio verde (produzido a partir de fontes renováveis) na criação de um setor mais sustentável, alinhado com as metas climáticas globais.
Desafios e oportunidades de uma transição energética justa
Um dos pontos centrais do debate foi a necessidade de promover uma transição energética que, além de sustentável, também seja inclusiva e socialmente justa. A transição energética justa considera não apenas os avanços tecnológicos e as metas ambientais, mas também os aspectos socioeconômicos das mudanças necessárias, especialmente em setores altamente dependentes de carbono, como é o caso da siderurgia. Segundo Karina Sousa, Diretora de Transição Energética do MME, o hidrogênio é uma peça essencial para a descarbonização da indústria brasileira. “O estudo reúne uma análise com dois objetivos principais: a descarbonização da indústria siderúrgica com novas energias renováveis, contribuindo para o atingimento das metas climáticas, e como fazer isso de uma forma justa e inclusiva”, afirmou Sousa.
Durante o evento, foi apresentado o estudo “Transição Energética Justa para indústrias intensivas em energia no Brasil: Conceito e critérios sustentáveis para a siderurgia”. Este relatório visa oferecer uma visão abrangente dos critérios socioambientais para uma produção siderúrgica mais sustentável, avaliar o atual panorama da indústria siderúrgica brasileira e apresentar recomendações para a transição a uma economia de baixo carbono. O objetivo é que essas recomendações sirvam de base para políticas públicas e iniciativas do setor privado em prol de uma indústria siderúrgica mais limpa.
Potencial do hidrogênio na siderurgia: caminhos e considerações
A siderurgia é um dos maiores emissores de carbono devido ao uso de combustíveis fósseis nos processos produtivos. O uso de hidrogênio, principalmente o hidrogênio verde, é uma das alternativas para substituir o carvão e outros insumos fósseis, podendo reduzir drasticamente as emissões de CO₂. Países como Alemanha e Japão já estão avançando em tecnologias que utilizam hidrogênio na produção de aço, com projetos-piloto que demonstram a viabilidade econômica e ambiental dessa mudança.
A adaptação do setor siderúrgico brasileiro, no entanto, apresenta desafios específicos. Entre os principais obstáculos está a necessidade de uma infraestrutura robusta para a produção, armazenamento e transporte de hidrogênio, além de incentivos fiscais e regulamentações que facilitem a adoção dessa tecnologia. Outro ponto importante é a capacitação de trabalhadores e a geração de empregos qualificados em um mercado que, ao adotar novas tecnologias, também exige novas habilidades. A implementação dessas mudanças exige um planejamento estratégico e um investimento contínuo, com o apoio de políticas públicas que incentivem a criação de um mercado de hidrogênio forte e competitivo no Brasil.
A importância de uma transição energética justa
Para que a transição energética no setor siderúrgico seja sustentável e inclusiva, é essencial que se considerem os impactos sociais da mudança. A adoção de tecnologias de baixo carbono não deve gerar perda de empregos ou criar desigualdades socioeconômicas, mas sim oferecer alternativas para o desenvolvimento e a capacitação dos trabalhadores. Nesse sentido, o conceito de transição energética justa busca garantir que as comunidades e os trabalhadores diretamente afetados pela transformação da indústria também se beneficiem das novas oportunidades que surgem com o avanço do hidrogênio e outras energias renováveis.
O evento destacou a importância de alinhar políticas públicas e investimentos privados para facilitar a integração do hidrogênio na matriz energética brasileira e oferecer alternativas para a transformação de setores intensivos em carbono. Além disso, ressaltou a relevância de construir um ambiente de cooperação internacional, aproveitando a parceria com a Alemanha e outros países para trocar conhecimentos e tecnologias que possam ser adaptadas à realidade brasileira.
Avanços e próximos passos para a descarbonização da siderurgia
O uso do hidrogênio verde na siderurgia ainda está em fase de desenvolvimento no Brasil, mas representa um caminho promissor para a descarbonização do setor. Projetos-piloto, parcerias internacionais e estudos como o apresentado no evento são fundamentais para identificar as melhores práticas e adaptar a tecnologia às necessidades do mercado brasileiro.
O estudo “Transição Energética Justa para indústrias intensivas em energia no Brasil” oferece um conjunto de diretrizes que podem servir de base para futuras políticas públicas e iniciativas de descarbonização da indústria. A partir dessas recomendações, o setor pode direcionar investimentos para tecnologias que favoreçam tanto a sustentabilidade ambiental quanto o desenvolvimento social, contribuindo para uma economia de baixo carbono.
A implementação do hidrogênio na indústria siderúrgica é um desafio complexo, mas essencial para o cumprimento das metas climáticas do Brasil. Ao investir no hidrogênio como uma alternativa viável, o país pode consolidar sua posição como um dos líderes na transição energética global, oferecendo um exemplo de como a descarbonização pode ser feita de forma justa e inclusiva.