Mercado Livre de Energia: 20 Gigantes Controlam Mais da Metade das Transações

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Com 239 comercializadoras ativas, o setor de energia vive uma fase de expansão e abertura, mas a concentração em grandes empresas ainda é a realidade

O mercado livre de energia no Brasil está em pleno crescimento e transformação, mas a concentração ainda é um dos principais traços dessa modalidade. Segundo dados recentes da consultoria Thunders, baseados em informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), as 20 maiores comercializadoras do país responderam por 51,77% do volume total de negociações no mercado livre de energia, considerando a média dos 12 meses entre julho de 2023 e julho de 2024. Entre os líderes, destacam-se a Raízen Power, com 3.748,2 megawatts médios (MWm) comercializados, seguida pela Auren, com 3.617,6 MWm, e o BTG Pactual, com 3.531,3 MWm.

Fonte: Elaborado pela Thunders a partir do InfoMercado CCEE publicado em setembro, com dados de julho de 2024

Embora o setor conte hoje com 239 empresas de comercialização de energia ativas na CCEE, apenas uma pequena fração dessas atua de forma expressiva. De acordo com a Thunders, enquanto 615 empresas estão registradas na CCEE, muitas delas têm pouco ou nenhum volume negociado. Esse cenário reflete, em parte, o processo gradual de abertura do mercado de energia no Brasil, o que promete tornar o setor mais dinâmico e atrativo para novos participantes nos próximos anos.

Abertura do Mercado Livre e Entrada de Novos Consumidores

A abertura do mercado livre de energia elétrica no Brasil permitiu que um número cada vez maior de consumidores escolhesse diretamente seu fornecedor de energia. A partir de janeiro de 2024, todos os consumidores de média e alta tensão ganharam o direito de migrar para o ambiente de contratação livre, desde que façam essa transição por meio de uma comercializadora. Essa expansão vem promovendo um aumento nas oportunidades para empresas que desejam atuar nesse setor e abriu espaço para que pequenas e médias comercializadoras ganhem relevância no mercado.

Segundo informações da CCEE, o mercado varejista começou a se formar no Brasil graças a essa expansão. Em julho de 2024, o mercado livre contava com 124 agentes com perfil varejista, dos quais 109 estavam com negociações ativas. Entre as principais comercializadoras varejistas, destacam-se a EDP Smart, com um volume médio de 83,2 MWm negociado nos últimos 12 meses; a Matrix, com 56,27 MWm; e a AES Tietê Integra, com 43,2 MWm.

Para o consumidor, o mercado livre permite flexibilidade para negociar preços e condições de fornecimento de energia, o que representa uma alternativa mais atraente em comparação ao mercado regulado. O modelo também cria vantagens econômicas, pois facilita a busca por fornecedores que melhor atendam às suas necessidades de consumo, sobretudo para empresas que podem ter economias expressivas ao aderir a contratos de fornecimento em grande escala.

Concentração e Expectativa de Consolidação do Mercado

Apesar do avanço da diversificação do mercado livre de energia, a concentração em poucas empresas ainda é uma marca importante do setor. Contudo, a Thunders indica que a tendência é de que o mercado passe por uma “pulverização” maior no curto prazo, impulsionada pela entrada de novos participantes. Ainda assim, a consultoria destaca que a expectativa de longo prazo é a de consolidação das grandes empresas, com fusões e aquisições, que podem dar origem a um mercado mais robusto, embora ainda concentrado.

Com essa concentração, as grandes comercializadoras ganham mais poder de barganha, possibilitando negociações de maior volume e, potencialmente, condições de fornecimento de energia mais vantajosas para grandes consumidores. Contudo, o ingresso de novos agentes tende a reduzir o domínio dessas líderes, beneficiando o mercado como um todo com maior competitividade e, em teoria, mais oportunidades de escolha para os consumidores.

Expansão do Mercado e Cenário Futuro

Em julho de 2024, cinco novas empresas se somaram ao mercado livre: AES Tietê Integra, Luz Varejista, Galaxy Energy, Nexa Energy e Aeris Com. Esse crescimento marca um movimento expressivo em relação aos últimos anos. Em 2017, o mercado contava com menos de 100 empresas comercializadoras ativas, um número que mais do que dobrou nos últimos sete anos. Esse aumento de participação é resultado direto das políticas de abertura do mercado e da demanda crescente por alternativas ao modelo tradicional de distribuição de energia.

A diversificação, no entanto, não resolve todos os desafios do mercado. Muitos dos novos participantes enfrentam barreiras, como os altos custos de entrada e as complexidades regulatórias e operacionais. Além disso, os players menores frequentemente têm dificuldades para competir com grandes comercializadoras que possuem uma estrutura consolidada e expertise no setor. Ainda assim, com a entrada de novos consumidores e a expansão da atuação das comercializadoras de perfil varejista, o mercado livre de energia no Brasil segue com perspectivas de crescimento e consolidação nos próximos anos.

No contexto internacional, o mercado brasileiro ainda está nos primeiros estágios de um mercado livre plenamente competitivo. Em países com setores energéticos já liberalizados, como Estados Unidos e parte da Europa, o processo de consolidação ocorreu após um período de entrada de novos players que, posteriormente, foram absorvidos por grandes conglomerados energéticos.

No Brasil, a abertura completa para todos os consumidores ainda é uma realidade distante, mas o avanço gradual, com políticas de incentivo à livre escolha do fornecedor de energia, indica que o país caminha para um mercado de energia mais dinâmico e competitivo.

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