Abertura da 15ª edição do maior evento de energia eólica da América Latina destaca desafios regulatórios e o papel do Brasil na transição energética global
A 15ª edição do Brazil Windpower, maior evento de energia eólica da América Latina, começou nesta terça-feira (22/10) em São Paulo, ressaltando o papel crucial que o Brasil desempenha na transição energética global. Na cerimônia de abertura, líderes do setor discutiram os desafios enfrentados pelo setor eólico no país e as oportunidades que o Brasil tem de consolidar sua liderança internacional em energia renovável.
O evento contou com a presença de Marco Basso, presidente do Grupo Informa Markets Latam; Elbia Gannoum, presidente-executiva da ABEEólica; Ben Backwell, CEO do Global Wind Energy Council (GWEC); Fernando Elias, presidente do Conselho de Administração da ABEEólica; Rafael Munilla, Chief Business Development Officer da Ocean Winds; e Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia.
Crescimento e Desafios do Setor Eólico
O presidente do Grupo Informa Markets Latam, Marco Basso, abriu o evento destacando o papel do Brazil Windpower como um fórum fundamental para discutir os principais movimentos regulatórios, políticas públicas e inovações que têm impulsionado o crescimento da energia eólica no Brasil. “Estamos em um ponto decisivo para o setor. O Brasil está consolidado como um eixo estratégico na descarbonização da economia global e na neoindustrialização verde, atraindo investimentos para as energias renováveis”, afirmou Basso.
Com o mundo cada vez mais consciente das mudanças climáticas e da urgência de uma transição energética sustentável, o Brasil, como sexto maior produtor de energia eólica do mundo, já conta com mais de 1.000 parques de geração e uma capacidade instalada que ultrapassou os 30 gigawatts (GW) em 2023, segundo dados da ABEEólica. No entanto, Basso lembrou que o desafio é manter o ritmo de crescimento diante de um cenário regulatório complexo.
Brasil no Centro da Transição Energética Global
O CEO do Global Wind Energy Council (GWEC), Ben Backwell, destacou que o Brasil, com sua robusta capacidade de geração eólica, está em uma posição única para liderar a transição energética em mercados emergentes. “O Brasil está no centro do cenário energético global, não só pela sua capacidade de geração, mas também por seu papel de liderança no G20 e como anfitrião da COP30 em 2025. O país tem a oportunidade de se consolidar como uma referência global na indústria verde”, ressaltou Backwell.
Backwell também apontou para o paradoxo do setor: apesar do crescimento contínuo, ele ainda não é suficiente para atender às metas globais de descarbonização. “A energia eólica já ultrapassou 1 terawatt de capacidade instalada em 2023 e, embora tenhamos a expectativa de chegar a 130 GW instalados em 2024, ainda não estamos crescendo o suficiente para acompanhar a demanda necessária para cumprir as metas climáticas”, alertou o executivo.
Crise e Perspectivas para Fabricantes de Tecnologia
O presidente do Conselho de Administração da ABEEólica, Fernando Elias, trouxe um panorama mais crítico do momento atual, apontando para as dificuldades enfrentadas pelos fabricantes de tecnologia eólica no Brasil. “Estamos enfrentando uma crise que afeta toda a cadeia produtiva. Desde o início do ano, temos trabalhado para encontrar soluções que envolvem políticas de incentivo e regulação que beneficiem não apenas as geradoras, mas também os fabricantes e fornecedores do setor”, explicou Elias.
Entre as soluções apontadas, Elias mencionou o engajamento do setor em temas como a demanda crescente por energia elétrica, a inserção de baterias nos leilões de capacidade, a criação de data centers alimentados por energia renovável e o desenvolvimento de uma regulação eficiente para o mercado de carbono. Para ele, essas iniciativas podem ajudar a aliviar a crise e garantir a continuidade dos investimentos no setor.
Perspectivas para o Futuro
O desafio, segundo os especialistas presentes, é manter o Brasil no caminho do crescimento sustentável em um cenário global cada vez mais exigente. O Brazil Windpower 2024 é visto como um momento crucial para debater esses temas e traçar um plano de ação que permita ao país consolidar seu protagonismo no mercado global de energia renovável.
O evento também reforçou a importância de políticas públicas robustas e da colaboração entre governo, empresas e investidores para garantir o sucesso do setor. À medida que a energia eólica se consolida como uma das principais fontes de eletricidade no Brasil e no mundo, o papel do país como líder global na transição energética se torna cada vez mais evidente.
A ABEEólica e o GWEC estimam que, com o aumento dos investimentos e um ambiente regulatório mais favorável, o Brasil pode continuar expandindo sua participação na matriz energética global, contribuindo significativamente para as metas de descarbonização e desenvolvimento sustentável. O Brazil Windpower 2024 continua sendo um espaço essencial para discutir os rumos do setor eólico e garantir que o país aproveite todo o seu potencial nessa indústria em constante crescimento.
