Estudo da EPE aponta crescimento da demanda e avanços em eficiência energética com foco em eletricidade renovável e políticas públicas de conservação
O consumo de energia no Brasil deverá crescer, em média, 2,1% ao ano ao longo dos próximos dez anos, de acordo com projeções divulgadas no Caderno de Demanda e Eficiência Energética do Plano Decenal de Expansão de Energia 2034 (PDE 2034). O estudo foi publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia (MME), nesta sexta-feira (11/10). O relatório fornece uma visão abrangente e detalhada das expectativas de evolução do consumo energético no país, assim como as metas de eficiência energética para o período.
O PDE 2034 serve como uma ferramenta estratégica de planejamento a longo prazo, oferecendo um panorama sobre o desenvolvimento do setor energético brasileiro. As projeções são realizadas com base em diferentes cenários econômicos e técnicos, e incluem análises setoriais e por fontes de energia. Um dos principais objetivos desse estudo é identificar tendências e propor políticas públicas que assegurem a segurança energética, a competitividade econômica e a sustentabilidade ambiental do Brasil.
Consumo de Energia: Petróleo e Eletricidade em Destaque
Entre as principais conclusões do estudo, destaca-se o papel contínuo dos derivados de petróleo como a principal fonte de energia no país até 2034. No entanto, há um crescimento expressivo projetado para a eletricidade, com incremento anual estimado em 2,5%. Este aumento será impulsionado principalmente pela expansão de fontes renováveis, como eólica e solar, que já vêm ganhando protagonismo no setor elétrico brasileiro.
Além disso, o estudo projeta uma expansão de 1,6% na participação do gás natural na matriz energética. Este combustível, considerado uma alternativa mais limpa em comparação aos derivados de petróleo, é apontado como fundamental para garantir a transição energética no Brasil, especialmente no setor industrial e na geração de energia termelétrica.
Três Cenários para o Consumo de Eletricidade
O caderno também apresenta três cenários possíveis de evolução do consumo de eletricidade no Brasil, considerando as incertezas econômicas que podem afetar o crescimento do país ao longo da próxima década. Essas variações nos cenários refletem a capacidade do setor elétrico de se adaptar às oscilações de demanda e à implementação de políticas de incentivo ao uso de energias renováveis.
Em um cenário mais conservador, com crescimento econômico modesto, o aumento no consumo de eletricidade seria mais contido. No entanto, no cenário mais otimista, que prevê maior expansão econômica e industrial, o consumo de energia elétrica poderia crescer de forma mais acentuada, exigindo investimentos significativos em infraestrutura e geração de energia.
Ganhos de Eficiência Energética: Setores de Transporte e Indústria em Foco
Outro ponto central do estudo é a evolução da eficiência energética no Brasil. As estimativas indicam que, em 2034, os ganhos de eficiência energética alcançados serão equivalentes a uma economia de 6,7% no consumo final de energia, em comparação aos níveis de 2023. Esses ganhos são expressivos e representam o compromisso do país com a sustentabilidade e a redução de desperdícios.
O setor de transportes deverá ser o maior responsável por essa melhoria, contribuindo com 46% dos ganhos de eficiência energética. A renovação da frota de veículos, com modelos mais eficientes e menos poluentes, será uma das principais estratégias adotadas. Já o setor industrial deverá responder por 36% da redução no consumo de energia, graças a investimentos em novas tecnologias e processos produtivos mais eficientes.
Eficiência Elétrica e Políticas Públicas
A eficiência elétrica também será um componente fundamental para a economia de energia no Brasil. De acordo com as projeções do PDE 2034, o país poderá reduzir em 6,8% o consumo de eletricidade até 2034, comparado ao consumo de 2023. Esse resultado será obtido por meio de uma combinação de políticas públicas e iniciativas do setor privado.
Programas como o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) e o PEE (Programa de Eficiência Energética da Aneel) têm desempenhado um papel essencial na promoção de tecnologias mais eficientes. Além disso, os Índices Mínimos de Eficiência Energética, que estipulam padrões de consumo para eletrodomésticos e equipamentos, incentivam a adoção de produtos que consomem menos eletricidade.
A inovação tecnológica será um dos principais motores para esses avanços. A substituição de equipamentos antigos e menos eficientes, tanto no setor residencial quanto no industrial, contribuirá diretamente para a redução do consumo energético. O incentivo ao uso de tecnologias mais modernas também deverá trazer benefícios econômicos, com a redução dos custos de produção e o aumento da competitividade do país.
Segurança Energética e Modicidade Tarifária
O estudo reforça que o foco na eficiência energética tem implicações que vão além da economia de energia. Ao reduzir o consumo desnecessário e otimizar o uso dos recursos disponíveis, o Brasil melhora sua segurança energética, garantindo que o sistema elétrico seja capaz de atender à demanda mesmo em momentos de crise ou adversidade.
Além disso, a eficiência energética contribui para a modicidade tarifária, ou seja, a manutenção de preços mais acessíveis para os consumidores. Ao consumir menos energia para realizar as mesmas atividades, as famílias e as empresas conseguem reduzir seus gastos com eletricidade, o que tem um impacto direto no orçamento doméstico e na rentabilidade dos negócios.