Amcham Brasil Apresenta Propostas Estratégicas para Impulsionar Cooperação Energética entre Brasil e Estados Unidos

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Durante encontro com ministros em Foz do Iguaçu, a Câmara Americana de Comércio lança plano ambicioso para desenvolver o mercado de combustíveis sustentáveis e hidrogênio limpo

Em uma ação que reforça o compromisso com a transição energética e a cooperação bilateral, a Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio) apresentou hoje, em Foz do Iguaçu, propostas inovadoras para estreitar a colaboração entre Brasil e Estados Unidos no setor energético. O anúncio aconteceu durante uma reunião privada entre o Ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, e a Secretária de Energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm, além de 25 executivos de empresas líderes no setor de energia.

O encontro teve como pano de fundo dois temas cruciais: o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e a promoção do hidrogênio limpo, ambos essenciais para impulsionar a descarbonização global e a inovação energética. A Amcham, em conjunto com o Brazil Institute do Wilson Center, lançou um documento com propostas concretas para alavancar esses setores e estimular o crescimento econômico sustentável em ambos os países.

“Essas propostas são fruto de um diálogo profundo com empresas que estão na vanguarda da transição energética, além de consultas com os governos dos dois países. Acreditamos que essas contribuições podem fortalecer uma parceria estratégica entre Brasil e Estados Unidos, beneficiando não apenas as nossas economias, mas também o combate global às mudanças climáticas”, declarou Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil.

SAF: Combustível do Futuro para a Aviação

O mercado de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) tem atraído a atenção global como uma das soluções mais promissoras para a descarbonização do setor aéreo. Com potencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 80% em comparação ao querosene convencional, o SAF já é visto como indispensável para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Nesse cenário, Brasil e Estados Unidos se destacam como os dois maiores produtores de biocombustíveis do mundo, colocando ambos os países em uma posição privilegiada para liderar o desenvolvimento e a produção de SAF. O Brasil, em particular, tem um grande potencial para se tornar um dos líderes globais na produção de SAF, aproveitando suas condições climáticas, tecnológicas e a vasta disponibilidade de matérias-primas, como cana-de-açúcar, milho, macaúba e soja.

A Amcham Brasil apresentou 14 propostas específicas para o Brasil e para a cooperação entre os dois países. Entre as principais sugestões para o Brasil, estão:

  1. Promulgação do PL 528/2020: A proposta de lei estabelece um mandato nacional para que companhias aéreas utilizem SAF em suas operações, criando um mercado regulamentado para o combustível sustentável.
  2. Regime Tributário Especial: Criação de incentivos fiscais para atrair investimentos no setor de SAF, reduzindo a carga tributária de 24,5% para um patamar mais competitivo em relação ao querosene de aviação, que é de 11,8%.
  3. Incentivo à Inovação: Financiamento para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e matérias-primas voltadas à produção de SAF.

Em termos de cooperação entre Brasil e Estados Unidos, o documento também sugere a priorização do SAF no diálogo bilateral sobre energia, a harmonização de certificações internacionais para facilitar o comércio entre os dois países e a inclusão do Brasil em programas americanos de investimento conjunto, como o SAF Grand Challenge.

Hidrogênio Limpo: A Revolução Energética

Outro tema de destaque no encontro foi o hidrogênio limpo, apontado como uma solução de ponta para a descarbonização de setores como o industrial e o de transporte. O Brasil, com sua matriz energética renovável e capacidade de produção a baixo custo, tem potencial para se tornar um dos maiores produtores de hidrogênio de baixo carbono do mundo.

De acordo com um estudo da McKinsey, o Brasil pode gerar ganhos diretos de até US$ 125 bilhões até 2040 no setor de hidrogênio, sendo que 16% desse valor viria diretamente da produção de hidrogênio limpo. Atualmente, o país já conta com 49 projetos voltados ao desenvolvimento dessa tecnologia.

Entre as 18 propostas apresentadas pela Amcham para o hidrogênio limpo, destacam-se:

  1. Regulamentação da Lei de Hidrogênio Verde: A Amcham sugere um diálogo com o setor empresarial para definir regras claras para o acesso ao regime especial e incentivo à produção de hidrogênio verde no Brasil.
  2. Criação de Hubs de Hidrogênio: Lançamento de editais para incentivar o desenvolvimento de hubs de hidrogênio, previstos no Plano Trienal 2023-2025 do Programa Nacional do Hidrogênio.
  3. Infraestrutura: Mobilização de investimentos para construir a infraestrutura necessária para o armazenamento, distribuição e transporte de hidrogênio limpo.

Além disso, o documento propõe uma colaboração entre Brasil e Estados Unidos para a definição de padrões internacionais de certificação, a troca de melhores práticas sobre a criação de hubs de hidrogênio e o estabelecimento de fundos de investimentos conjuntos, envolvendo bancos privados e instituições como o BNDES e o Development Finance Corporation (DFC) dos EUA.

Foz do Iguaçu: Ponto Focal da Cooperação Energética

O encontro em Foz do Iguaçu ocorre paralelamente à Reunião Ministerial de Energia do G20 e ao Diálogo da Indústria de Energia Limpa EUA-Brasil (CEID), reforçando a cidade como um ponto focal para as discussões globais sobre o futuro da energia. Essas iniciativas da Amcham Brasil, que também liderou eventos similares com foco em economia e meio ambiente em fevereiro deste ano, destacam o papel central que o Brasil pode desempenhar na transição energética global.

Com as propostas lançadas pela Amcham, o Brasil reafirma sua posição como um player chave na agenda de sustentabilidade, inovação tecnológica e segurança energética, aproveitando o momento de convergência internacional para alavancar parcerias estratégicas com os Estados Unidos e fortalecer sua presença nas cadeias globais de valor.

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