O Ministério de Minas e Energia detalha esforços para garantir equilíbrio entre desenvolvimento técnico e viabilidade financeira em projetos eólicos offshore, focando na transição energética
A energia eólica offshore surge como uma das grandes apostas do Brasil na transição para uma matriz energética mais sustentável e limpa. Durante o painel “Eólica Offshore: Evolução do Framework Regulatório e Oportunidades no País”, realizado na conferência Rio Oil & Gas (ROG.e), no Rio de Janeiro, o Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou que está desenvolvendo um modelo inovador para a oferta de áreas destinadas à exploração dessa fonte renovável. A meta é assegurar o equilíbrio entre a viabilidade técnica dos projetos e sua competitividade no cenário global, evitando que o processo de seleção se transforme em uma corrida desenfreada pelo maior lance financeiro.
Karina Sousa, diretora do Departamento de Transição Energética do MME, destacou que o governo brasileiro tem adotado uma abordagem estratégica, que visa aprender com as melhores práticas internacionais, sem necessariamente replicar modelos já utilizados por outros países. “O desafio não é virar uma corrida de quem paga mais, mas sim quem tem condições de desenvolver a área e o projeto”, afirmou Karina. Segundo ela, o Brasil está desenhando os detalhes desse novo modelo de oferta de áreas de forma gradual e contínua, sempre buscando assegurar que os desenvolvedores de projetos eólicos offshore tenham capacidade técnica e compromisso com o avanço sustentável.
Modelo Baseado em Aprendizados Globais e Adaptação Local
A abordagem do Brasil para a energia eólica offshore se destaca por sua visão a longo prazo, que não se limita a fatores financeiros, mas busca garantir que as empresas escolhidas para explorar as áreas sejam capazes de realizar projetos sólidos e sustentáveis. Segundo Karina Sousa, o MME tem olhado para a experiência de outros países e se esforçado para adaptar as melhores práticas ao contexto brasileiro. “Estamos desenhando o detalhe do modelo de oferta das áreas, e é um trabalho constante”, complementou.
Diferente de outros setores onde a maior oferta financeira pode ser determinante na escolha das empresas que exploram os recursos, o modelo que está sendo desenvolvido pelo MME busca, sobretudo, quem tem a melhor capacidade técnica e a melhor proposta de desenvolvimento sustentável. A intenção é atrair investidores que estejam comprometidos com projetos de longo prazo, capazes de promover o crescimento do setor energético brasileiro sem comprometer os recursos naturais ou a sustentabilidade ambiental.
Grupo de Trabalho Focado no Desenvolvimento Sustentável
Parte importante desse desenvolvimento será conduzido pelo Grupo de Trabalho (GT) de Eólica Offshore, que está sendo estruturado pelo MME. Esse GT reunirá representantes de diversas instituições governamentais, especialistas em energia renovável e representantes da iniciativa privada, criando uma plataforma de colaboração para o desenvolvimento de projetos no setor. A iniciativa reflete o compromisso do governo brasileiro com uma abordagem integrada, onde a expertise de diferentes áreas será combinada para superar os desafios técnicos e regulatórios relacionados ao desenvolvimento da eólica offshore no país.
O principal objetivo do GT será coordenar as ações necessárias para viabilizar projetos de grande escala, que são essenciais para que o Brasil se posicione como um dos principais players globais no setor de energias renováveis. Ao compartilhar conhecimentos e aprendizados entre as instituições envolvidas, o MME espera criar uma base sólida para o desenvolvimento dessa fonte de energia, que tem um enorme potencial de transformação, tanto na matriz energética brasileira quanto na criação de empregos e desenvolvimento econômico.
Presença de Líderes do Setor Energético
O painel “Eólica Offshore: Evolução do Framework Regulatório e Oportunidades no País” também contou com a participação de figuras influentes do setor de energia. Gustavo Pontes, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Roberta Cox, da Global Wind Energy Council (GWEC), e Savanna Faulob, da Petrobras, estiveram entre os palestrantes, trazendo suas visões sobre as oportunidades e os desafios da exploração da energia eólica offshore no Brasil. O moderador do painel, Ricardo Cunha, da Corio, orientou a discussão para aspectos críticos, como o desenvolvimento de infraestrutura e a integração de novas tecnologias para otimizar a exploração dessa fonte renovável.
Um dos principais desafios destacados pelos palestrantes foi a necessidade de investimentos robustos em infraestrutura, especialmente no que diz respeito aos portos e à logística de transporte para a instalação dos parques eólicos no mar. Além disso, a criação de uma cadeia de suprimentos local forte e integrada foi apontada como essencial para garantir que os projetos possam ser desenvolvidos com eficiência e dentro dos prazos estabelecidos.
Um Futuro Promissor para a Energia Eólica Offshore no Brasil
Com uma costa extensa e condições climáticas favoráveis, o Brasil está posicionado de maneira estratégica para se tornar um dos maiores produtores de energia eólica offshore do mundo. As perspectivas para o setor são otimistas, com a previsão de que bilhões de reais sejam investidos nos próximos anos, além da criação de milhares de empregos diretos e indiretos.
O avanço da energia eólica offshore no Brasil também desempenha um papel crucial no cumprimento das metas de descarbonização do país, à medida que as fontes de energia renovável substituem gradualmente as fontes fósseis e poluentes. O MME está comprometido em garantir que esse processo ocorra de maneira equilibrada e sustentável, com o foco em projetos de longo prazo que possam gerar benefícios ambientais e econômicos para o Brasil.
Com os esforços contínuos do governo e a participação de empresas e instituições globais, o Brasil se prepara para dar um passo importante em sua transição energética, consolidando-se como um dos principais países a explorar o enorme potencial da energia eólica offshore.