ONS apresenta Plano de Contingência para garantir segurança energética em meio à estiagem e aumento de demanda

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Medidas incluem recomendação para o retorno do horário de verão e otimização de hidrelétricas e linhas de transmissão para enfrentar os desafios do sistema elétrico

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) detalhou as primeiras ações do Plano de Contingência para Atendimento do Sistema Elétrico durante a reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada na quinta-feira, 19 de setembro, na sede do Operador. Essas iniciativas, solicitadas pelo Ministério de Minas e Energia, têm como objetivo garantir o suprimento de energia em um cenário de estiagem severa e de demanda elevada devido às altas temperaturas.

O diretor-geral do ONS, Marcio Rea, destacou que, apesar dos desafios, não há risco de falta de energia em 2024, mas medidas estão sendo implementadas para reforçar a segurança do sistema, especialmente nos horários de maior demanda. “Não há risco de faltar energia este ano. Mas já estamos tomando medidas para garantir a segurança do sistema, principalmente nos horários de ponta”, afirmou Rea.

Medidas do Plano de Contingência

Entre as principais iniciativas apresentadas pelo ONS estão ações para aumentar a eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN) e assegurar o fornecimento de energia nos momentos críticos, como os horários de ponta, quando a demanda atinge seu pico. As medidas incluem:

  • Retorno do Horário de Verão: O ONS apresentou estudos que indicam a importância da adoção do horário de verão nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. A medida pode reduzir os custos operacionais, garantir o suprimento de energia e aumentar a confiabilidade do SIN nos horários de demanda máxima, especialmente à noite. A redução da demanda máxima poderia chegar a 2,9%, gerando uma economia estimada de R$ 400 milhões entre os meses de outubro e fevereiro.
  • Projeto-piloto do Programa de Resposta da Demanda: Aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio do despacho nº 2.679/2024, o projeto visa dispor de recursos adicionais para atender à demanda máxima do SIN, oferecendo mais flexibilidade ao sistema.
  • Manutenção das defluências mínimas nas usinas de Porto Primavera e Jupiá: Para ajudar a manter os níveis adequados dos reservatórios, foi determinado que as defluências mínimas nas usinas hidrelétricas de Porto Primavera e Jupiá serão mantidas em 3.900 m³/s e 3.300 m³/s, respectivamente, até 31 de outubro de 2025.
  • Uso otimizado do reservatório de Belo Monte: A proposta é reduzir a vazão mínima do reservatório da hidrelétrica de Belo Monte para 100 m³/s, em vez dos atuais 300 m³/s, respeitando todas as licenças e autorizações. Isso permitiria o uso da água acumulada no reservatório nos horários de maior demanda.
  • Entrada em operação de novas linhas de transmissão: O ONS reconheceu a importância de colocar em operação as linhas de transmissão (LTs) 500 kV Porto do Sergipe – Olindina – Sapeaçu; 500 kV Terminal Rio – Lagos C1 e C2; e 345 kV Leopoldina 2 – Lagos. Essas LTs são essenciais para escoar a potência gerada pela UTE Porto Sergipe e pelas usinas termelétricas da área do Rio de Janeiro e Espírito Santo, garantindo maior estabilidade ao sistema.

Horário de Verão: Um reforço estratégico

O estudo do ONS reforçou a importância do horário de verão para enfrentar a atual conjuntura do setor elétrico. A medida, que caberá ao Governo Federal decidir se será implementada, pode trazer importantes benefícios para a operação do SIN, especialmente no período de maior demanda energética, entre outubro e fevereiro.

Segundo Marcio Rea, “o ONS realizou os estudos sobre o horário de verão e recomendou sua adoção, visto que há ganhos positivos para o setor elétrico, contribuindo para a eficiência do SIN e, principalmente, ampliando a capacidade de atendimento na ponta de carga.” Ele explicou que a medida poderia aliviar a rampa de carga entre 18h e 19h, adiando o horário de pico em até duas horas. Isso facilitaria a compensação pela saída da Micro e Mini Geração Distribuída (MMGD) e da geração solar, permitindo que essas fontes renováveis contribuam por mais tempo.

Desafios e o futuro do setor elétrico

Com as medidas em vigor e as projeções otimistas para a recuperação dos níveis dos reservatórios, o ONS e o CMSE demonstram confiança na capacidade do sistema elétrico brasileiro de superar os desafios atuais. O Plano de Contingência, apresentado nesta reunião, é uma resposta coordenada entre os principais órgãos do setor para garantir a segurança energética do país e evitar crises, mesmo em cenários adversos de clima e demanda elevada.

O monitoramento contínuo e a implementação de novas soluções, como o retorno do horário de verão, são fundamentais para assegurar que o sistema elétrico mantenha sua confiabilidade e eficiência, contribuindo para a economia e o bem-estar da população.

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