Ministro de Minas e Energia Recebe Estudos sobre Retorno do Horário de Verão como Solução para Crise Energética

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Pesquisas sobre o impacto da reimplementação do horário de verão são entregues ao ministro Alexandre Silveira em meio à crise de estiagem que ameaça o setor elétrico

Nesta segunda-feira, 16 de setembro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, receberá os estudos que avaliam a viabilidade do retorno do horário de verão no Brasil. A medida, que havia sido suspensa em 2019, volta a ser debatida como uma possível solução para mitigar os efeitos da crise hídrica prolongada que o país enfrenta, afetando diretamente o setor elétrico.

De acordo com o ministro, o retorno do horário de verão é uma proposta pensada para enfrentar os impactos da estiagem, que há meses atinge diversas regiões do Brasil, reduzindo os níveis dos reservatórios das hidrelétricas e pressionando a oferta de energia elétrica. “Estamos explorando todas as alternativas que possam colaborar para o enfrentamento dessa crise, e o horário de verão é uma delas. A expectativa é que ele possa contribuir para a redução da demanda de energia durante os horários de pico”, afirmou Silveira.

Estudos Avaliam Impacto Energético e Econômico

Os estudos que serão entregues ao ministro foram conduzidos por diversas entidades do setor energético e especialistas em economia. O objetivo principal é avaliar se a reimplementação do horário de verão resultaria em uma economia de energia significativa, especialmente durante o período noturno, quando a demanda por eletricidade tende a ser maior.

Historicamente, o horário de verão foi adotado no Brasil como uma medida de redução do consumo de energia, especialmente nos meses de maior demanda, entre outubro e fevereiro. Ao adiantar os relógios em uma hora, a intenção era aproveitar melhor a luz natural e diminuir o consumo durante o chamado horário de pico, que geralmente ocorre entre 18h e 21h. No entanto, a eficácia da medida tem sido amplamente debatida nos últimos anos.

Desde a sua suspensão, em 2019, os avanços tecnológicos, como a popularização de lâmpadas de LED e a automação residencial, reduziram parte do impacto do horário de verão no consumo de energia, levando especialistas a questionarem se a medida ainda teria o mesmo efeito positivo de outrora. Contudo, a crise de estiagem atual reacendeu o debate, uma vez que a escassez de chuvas tem pressionado o sistema elétrico do país, forçando o governo a buscar soluções imediatas.

Crise Hídrica Agrava Desafios Energéticos

A seca prolongada tem sido uma das principais preocupações para o governo federal e para o setor elétrico brasileiro em 2024. Com reservatórios de usinas hidrelétricas em níveis críticos, a capacidade de geração de energia está comprometida, levando a um aumento do uso de termelétricas, que são mais caras e poluentes. Esse cenário já resultou em aumento nas tarifas de energia para os consumidores e intensificou a necessidade de racionamento em algumas regiões.

Diante desse cenário, o retorno do horário de verão é visto como uma estratégia adicional para aliviar a pressão sobre o sistema elétrico durante os meses mais quentes do ano. “Embora a economia gerada pelo horário de verão possa ser limitada em relação ao total de consumo, qualquer redução no uso de eletricidade durante o horário de pico pode ter um efeito positivo no equilíbrio do sistema”, argumenta um dos especialistas envolvidos no estudo.

Debate sobre o Impacto Econômico

Além dos impactos no consumo de energia, o retorno do horário de verão também levanta discussões sobre os seus efeitos econômicos. Para alguns setores da economia, como o turismo e o comércio, o adiantamento dos relógios representa um aumento na movimentação e consumo, uma vez que as pessoas tendem a aproveitar mais o período de luz do dia após o expediente. Por outro lado, há setores, como o da agricultura, que podem ser negativamente impactados pela mudança de horário, devido à necessidade de ajuste nos turnos de trabalho.

Outro ponto levantado pelos estudos é o efeito do horário de verão na saúde pública. Há indícios de que a mudança de horário pode impactar o ritmo biológico das pessoas, gerando distúrbios de sono e problemas de produtividade nos primeiros dias após a mudança. No entanto, esses efeitos são, em sua maioria, temporários e desaparecem conforme a adaptação ao novo horário.

Próximos Passos

Com a entrega dos estudos, cabe ao governo avaliar se o retorno do horário de verão será uma medida válida para enfrentar a atual crise energética. O ministro Alexandre Silveira já declarou que a decisão será tomada com base em evidências técnicas e na análise detalhada dos impactos da medida. “Nosso foco é garantir a segurança energética do Brasil, ao mesmo tempo em que buscamos soluções sustentáveis e que causem o menor impacto possível para a população e para a economia”, declarou o ministro.

Se o governo optar por reimplementar o horário de verão, a medida poderá ser adotada já no próximo mês, quando historicamente o ajuste dos relógios era realizado. Para isso, será necessário um decreto presidencial que determine o período exato de vigência da medida e as regiões do país que serão abrangidas, uma vez que o horário de verão não costuma ser adotado de forma uniforme em todos os estados brasileiros.

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