Roraima Enfrenta Segundo Apagão em Três Dias: Estado Sofre com Sistema Elétrico Isolado e Falhas em Usina Térmica

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Novo corte de energia em Roraima levanta preocupações sobre a vulnerabilidade do sistema elétrico local, enquanto o estado aguarda a conclusão da linha de transmissão Manaus-Boa Vista

Na noite desta terça-feira (3), Roraima enfrentou mais um apagão, o segundo em apenas três dias, deixando a capital Boa Vista e municípios do interior sem energia por quase três horas. A interrupção foi causada pelo desligamento automático da Usina Termelétrica Jaguatirica II, operada pela Eneva, que distribui energia para o estado. O episódio expõe as fragilidades do sistema elétrico roraimense, que é o único no Brasil ainda não conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Desligamento e Restauração

De acordo com o Relatório Preliminar de Interrupção de Energia (IPIE) do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o apagão ocorreu às 23h46, resultando em uma carga interrompida de 240 megawatts (MW). A restauração da energia começou logo após o desligamento, com o restabelecimento total das cargas concluído às 2h42 desta quarta-feira (4). No entanto, as causas exatas do desligamento ainda estão sendo investigadas. O relatório apontou que vários equipamentos e linhas de transmissão foram desconectados da rede operacional.

Entre os agentes envolvidos no fornecimento de energia em Roraima estão a Roraima Energia, Eneva, BBF, Oliveira Energia e OXE. Em nota, a Roraima Energia, concessionária responsável pelo fornecimento de energia no estado, atribuiu o corte à parada automática das termelétricas e pediu desculpas pelo transtorno causado aos consumidores.

Sistema Elétrico Isolado e Dependência de Termelétricas

Roraima enfrenta desafios únicos no setor elétrico devido à sua condição de estado não conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Isso significa que o estado depende exclusivamente de usinas termelétricas, que operam a gás natural e óleo diesel, para abastecimento de energia. A Usina Termelétrica Jaguatirica II, que sofreu o desligamento nesta terça-feira, é uma das principais fontes de energia para o estado, operada pela Eneva.

A situação é agravada pela longa espera pela construção da linha de transmissão Manaus-Boa Vista, que permitiria a conexão de Roraima ao SIN. As obras estão paralisadas há mais de uma década devido a questões ambientais. Recentemente, o governo federal emitiu uma portaria para permitir a importação de energia da usina hidrelétrica de Guri, na Venezuela. Contudo, essa alternativa tem enfrentado desafios e instabilidade, especialmente após ser interrompida durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Apagões Frequentes e Incertezas Energéticas

Este foi o segundo apagão em Roraima em um intervalo de apenas três dias, além de ser o quarto apagão registrado no Brasil em menos de duas semanas. No domingo anterior (1º de setembro), o ONS também relatou o desligamento automático total do sistema isolado de Roraima, resultando no corte de 85 MW. A energia foi restabelecida por volta das 13h40 daquele dia.

Esses incidentes são parte de uma sequência de apagões que têm afetado outras regiões do país. No dia 22 de agosto, um apagão deixou os estados do Acre e Rondônia sem energia por várias horas, afetando 218 mil consumidores no Acre e 572 mil clientes em Rondônia. O evento foi causado por uma falha no sistema de transmissão em corrente contínua do Complexo Madeira, além de problemas no sistema de transmissão em 230 kV que interliga os estados.

No último dia 31 de agosto, outro apagão atingiu a capital São Paulo e várias áreas de Guarulhos, na região metropolitana, devido a uma falha em uma subestação da Eletrobras. Esse incidente deixou 942 mil imóveis sem energia, com o restabelecimento demorando mais de duas horas. A Eletrobras informou que a causa do corte foi um acidente envolvendo uma pipa que atingiu a rede elétrica.

Conclusão: Desafios e Expectativas

Os sucessivos apagões em Roraima expõem a vulnerabilidade do sistema elétrico do estado e ressaltam a urgência de se conectar ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A dependência de usinas termelétricas sujeitas a falhas técnicas, somada à instabilidade no fornecimento de energia importada da Venezuela, coloca em risco a segurança energética da região.

A expectativa é que a conclusão da linha de transmissão Manaus-Boa Vista, aguardada há anos, possa finalmente trazer uma solução definitiva para esses problemas. Enquanto isso, os moradores de Roraima continuam enfrentando os impactos de um sistema elétrico isolado e frequentemente instável.

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