Brasil se posiciona como protagonista nas cadeias globais da transição energética, aponta MME

Brasil se posiciona como protagonista nas cadeias globais da transição energética, aponta MME
Foto: Igo Estrela/SGB

Ministério de Minas e Energia reforça, em audiência no Senado, que o país tem condições estratégicas para liderar a produção e o processamento de minerais críticos, essenciais para baterias, veículos elétricos e tecnologias sustentáveis

O Brasil está diante de uma oportunidade histórica para se consolidar como ator estratégico nas cadeias globais de valor da transição energética. Esse foi o principal recado transmitido pelo Ministério de Minas e Energia (MME) durante a audiência pública realizada na última terça-feira (17/06) na Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) do Senado Federal, que debateu as ações do governo no fomento aos projetos estratégicos de mineração no país.

O avanço da transição energética global, impulsionado pela necessidade de reduzir as emissões de carbono e substituir fontes fósseis por energias limpas, está aumentando de forma exponencial a demanda por minerais estratégicos. São insumos indispensáveis para tecnologias como baterias, veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e sistemas de armazenamento de energia.

Brasil: recursos, energia limpa e ambiente favorável

Durante sua apresentação, Rodrigo Cota, diretor do Departamento de Transformação e Tecnologia Mineral da Secretaria Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SNGM/MME), destacou que o Brasil possui todas as condições para ocupar um papel central nesse cenário.

“O refino e o processamento de minerais estão hoje altamente concentrados em poucas regiões do mundo, o que cria riscos geopolíticos e econômicos. Existe uma necessidade urgente de diversificação geográfica das cadeias produtivas. O Brasil tem muito a oferecer: abundância de minerais, uma matriz energética majoritariamente limpa e renovável, com capacidade de expansão, além de mão de obra qualificada, infraestrutura competitiva, segurança jurídica e forte capacidade de desenvolvimento tecnológico”, afirmou Cota.

Potencial mineral e transformação local

O diretor enfatizou que o país não deve se limitar à exportação de matéria-prima bruta. O grande diferencial está na capacidade de agregar valor localmente, com o desenvolvimento de indústrias de refino, transformação e produção de insumos para as tecnologias verdes.

“O Brasil tem condições não só de suprir a demanda global por minerais estratégicos, como também de transformar esses recursos em produtos de maior valor agregado, como componentes para baterias, veículos elétricos e equipamentos de geração renovável”, reforçou.

Políticas públicas e instrumentos de financiamento

Segundo Cota, o governo brasileiro já está estruturando um conjunto de políticas públicas, incentivos e instrumentos financeiros para acelerar essa transformação. Entre as iniciativas, estão:

  • Apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias na mineração;
  • Oferta de linhas de crédito e financiamento para projetos de mineração e transformação mineral;
  • Fomento a projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D) focados na cadeia de minerais estratégicos;
  • Estímulo à formação de mão de obra especializada e parcerias internacionais para transferência de tecnologia.

Minerais estratégicos na transição energética

Entre os minerais considerados críticos para a transição energética, destacam-se:

  • Lítio, essencial para baterias;
  • Níquel e cobalto, para veículos elétricos;
  • Terras raras, fundamentais em turbinas eólicas, motores elétricos e componentes eletrônicos;
  • Cobre, indispensável para sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia limpa.

O Brasil possui reservas significativas desses minerais e, em alguns casos, tem potencial para ser líder mundial na produção, desde que avance na industrialização e na transformação local dos recursos.

Desafio geopolítico e oportunidade estratégica

O debate também deixou claro que, no cenário global, a diversificação das cadeias de suprimento é não apenas uma questão econômica, mas também geopolítica e de segurança energética.

Atualmente, grande parte do processamento global de minerais está concentrado na Ásia, especialmente na China. Isso cria um cenário de vulnerabilidade para países e blocos econômicos que dependem desses insumos para suas transições energéticas.

“O Brasil surge como alternativa confiável, sustentável e estratégica para o fornecimento de minerais e produtos transformados, com vantagens competitivas pela combinação de recursos naturais, energia limpa e estabilidade institucional”, pontuou Cota.

Janela de oportunidade e chamada à ação

O MME destaca que o país vive uma janela de oportunidade, que não pode ser desperdiçada. Para isso, será necessário articular governo, iniciativa privada, comunidade científica e instituições financeiras na construção de uma política industrial verde, voltada para inserir o Brasil no centro da transição energética global.

O avanço desse movimento não só fortalece a economia nacional, como também contribui diretamente para os compromissos climáticos e para a construção de um futuro mais sustentável, tecnológico e competitivo.