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Brasil reduz intensidade de carbono na geração elétrica com inclusão de novas renováveis na base de cálculo oficial

Atualização do MCTI incorpora usinas solares, eólicas e a biomassa ao cálculo de emissões, refletindo avanço na descarbonização da matriz elétrica brasileira

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) divulgou, no último dia 12 de junho, os novos fatores de emissão de dióxido de carbono (CO₂) associados à geração de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) para os quatro primeiros meses de 2025. Os dados, publicados na plataforma SIRENE, Sistema de Registro Nacional de Emissões, refletem uma importante mudança metodológica: a ampliação da base de cálculo com a inclusão de novas usinas de fontes renováveis, como solares, eólicas e termelétricas a biomassa.

Essa atualização é um marco técnico e institucional que aponta para um esforço contínuo do Brasil em aprimorar seus inventários de emissões e consolidar a transição energética com base em dados cada vez mais precisos e transparentes. Em abril de 2025, o fator médio de emissão mensal foi de 0,0289 toneladas de CO₂ por megawatt-hora (tCO₂/MWh) — o equivalente a 28,9 kg de CO₂ por MWh gerado. Nos meses anteriores, os fatores foram 0,0237 (janeiro), 0,0248 (fevereiro) e 0,0215 (março), revelando oscilações compatíveis com a sazonalidade e a composição da matriz naquele período.

A secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Andrea Latgé, explicou que a nova base de cálculo representa um avanço metodológico importante, já que amplia a representação da realidade do setor elétrico nacional. “A atualização assegura que os fatores de emissão reflitam da maneira mais precisa possível a evolução do setor elétrico brasileiro. Isso garante maior transparência e confiabilidade para os usuários que utilizam esses dados em seus inventários e análises”, destacou.

Inclusão de novas usinas reflete maturidade do setor

A principal inovação técnica do novo cálculo está na inclusão de conjuntos de usinas solares e eólicas — mesmo aquelas que compartilham pontos de inserção na rede elétrica, bem como de termelétricas movidas a biomassa. Todas essas fontes possuem emissões nulas ou extremamente reduzidas de CO₂, o que contribui diretamente para a queda dos fatores médios mensais.

Até dezembro de 2024, apenas usinas eólicas diretamente conectadas à rede elétrica eram consideradas no cálculo do MCTI. Com a atualização, o cenário ganha mais fidelidade à realidade operacional do SIN, coordenado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

A metodologia de cálculo permanece inalterada, mas a ampliação da base de dados representa uma mudança significativa na avaliação das emissões do setor. Os dados são cruciais para diversos usos, incluindo a elaboração de inventários corporativos de gases de efeito estufa (GEE), a modelagem de políticas públicas e a estruturação de projetos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Matriz elétrica mais limpa, mas com desafios

De acordo com o Anuário Estatístico da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a participação de fontes renováveis na oferta interna de eletricidade brasileira foi de 88,2% em 2024. Embora a energia hidráulica tenha registrado queda em sua participação (56,1%), o crescimento da capacidade instalada em solar e eólica impulsionou essas fontes a um patamar conjunto de 23,7%.

Esse cenário reforça o papel estratégico do Brasil na transição energética global. A atualização dos fatores de emissão é um indicativo claro do avanço técnico e institucional no monitoramento das emissões do setor elétrico, essencial tanto para o cumprimento de metas climáticas quanto para a competitividade das empresas no mercado internacional.

Foco em transparência e governança climática

A publicação dos novos fatores de emissão pelo MCTI vai ao encontro das exigências de transparência climática defendidas nos fóruns internacionais. Países e empresas estão sob crescente pressão para apresentar dados auditáveis e metodologicamente robustos sobre suas emissões.

Ao incorporar fontes renováveis que anteriormente não eram plenamente contempladas, o Brasil dá um passo importante na governança climática do setor elétrico, reforçando a credibilidade de seus dados e a qualidade das políticas públicas de mitigação de GEE.

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