Órgão antitruste aprova sem restrições consórcios para usinas solares e acordos estratégicos que fortalecem a transição energética de grandes consumidores
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem qualquer restrição, duas operações relevantes para o setor elétrico brasileiro que reforçam a tendência de autoprodução de energia por grandes consumidores. As decisões envolvem a formação de consórcios entre empresas ligadas à Auren Energia e à Sendas Distribuidora, controladora do Assaí Atacadista, além de um acordo estratégico entre a Sabesp e a Casa dos Ventos.
Na primeira operação aprovada, três sociedades de propósito específico (SPEs) – Jaíba L1, Jaíba SE2 e Jaíba NE3 –, atualmente controladas pela Auren Energia, formarão consórcios com a Sendas para viabilizar a exploração conjunta de usinas solares no município de Jaíba, em Minas Gerais. O projeto permitirá à Sendas acessar energia elétrica por meio do regime de autoprodução, modelo em que o consumidor participa da geração da energia que consome, obtendo vantagens econômicas e previsibilidade de custos.
Segundo o processo analisado pelo Cade, a iniciativa está alinhada ao plano estratégico da Sendas de suprir sua crescente demanda energética por meio de fontes limpas e sustentáveis, ao passo que para a Auren representa mais uma frente de atuação no mercado de geração renovável – segmento em franca expansão e foco prioritário das grandes empresas do setor.
Energia solar como motor da autoprodução
O modelo de autoprodução vem ganhando espaço entre consumidores eletrointensivos diante do cenário de transição energética e do aumento dos custos da energia no mercado cativo. A Auren Energia, uma das maiores plataformas de energia do país, aposta na estruturação de projetos solares e eólicos em parceria com grandes consumidores, combinando previsibilidade, economia e sustentabilidade.
As três usinas em Jaíba deverão operar com contratos firmes de fornecimento a longo prazo, fortalecendo o portfólio de geração solar da Auren e consolidando o posicionamento da Sendas como um dos principais consumidores corporativos em modelo de autoprodução. O município mineiro, aliás, tem se destacado pela alta irradiação solar e disponibilidade de infraestrutura, o que atrai investimentos no setor.
Parceria estratégica entre Sabesp e Casa dos Ventos
A segunda operação aprovada pelo Cade envolve a companhia de saneamento Sabesp e a Casa dos Ventos, uma das líderes nacionais em geração e desenvolvimento de projetos de energia renovável. O acordo prevê a exploração conjunta de usinas solares fotovoltaicas no Mato Grosso do Sul, com início da operação comercial previsto para o segundo semestre de 2026.
Segundo comunicado oficial da Sabesp, a iniciativa faz parte de uma estratégia mais ampla de modernização da sua matriz energética, com foco em reduzir custos e aumentar a eficiência operacional. A energia gerada será destinada prioritariamente às próprias operações da empresa, o que reforça seu compromisso com a sustentabilidade ambiental e a eficiência energética.
A Casa dos Ventos, por sua vez, vê na parceria uma oportunidade estratégica de ampliar sua carteira de projetos de geração limpa com contratos de longo prazo com consumidores de grande porte. A empresa tem adotado um modelo de negócio baseado em autoprodução e venda direta no mercado livre, mantendo protagonismo na transição energética brasileira.
Autoprodução: tendência consolidada no setor elétrico
As duas aprovações reforçam uma tendência que se consolida no setor elétrico: grandes empresas buscando reduzir exposição ao mercado cativo e garantir energia limpa, previsível e de menor custo por meio de modelos de autoprodução. Esse movimento vem sendo incentivado por marcos regulatórios que flexibilizam o acesso ao mercado livre e promovem fontes renováveis como pilares da política energética nacional.
Além disso, os investimentos em usinas solares e eólicas contribuem diretamente para as metas de descarbonização do país, ampliando a participação de fontes limpas na matriz energética. A atuação conjunta entre geradoras, comercializadoras e consumidores reforça o papel do setor privado na construção de um modelo energético mais eficiente, resiliente e sustentável.
Com o aval do Cade, tanto Auren quanto Casa dos Ventos avançam em seus planos estratégicos, estabelecendo parcerias de longo prazo com empresas comprometidas com uma economia de baixo carbono, como Sabesp e Assaí. As operações confirmam o dinamismo do mercado de energia renovável e o papel da autoprodução como ferramenta central na estratégia energética corporativa.