Relatório do ONS aponta que quase 40% das interrupções em 2024 estão relacionadas a eventos meteorológicos extremos; setor intensifica ações preventivas e de monitoramento climático
O setor elétrico brasileiro enfrenta um desafio crescente diante das mudanças climáticas: o aumento significativo dos desligamentos na rede básica de transmissão provocados por condições meteorológicas adversas. De acordo com dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), até o dia 5 de junho de 2025, 39,10% dos desligamentos registrados neste ano foram causados por fatores climáticos, totalizando 375 ocorrências. O percentual representa um aumento expressivo em relação ao consolidado de 2024, quando 32,4% das perturbações em linhas de transmissão tiveram relação direta com eventos meteorológicos.
Esse cenário coloca em evidência a necessidade de reforçar as medidas de resiliência climática no setor de transmissão de energia, que desempenha papel essencial na segurança e estabilidade do sistema interligado nacional (SIN).
Climatempo: suporte técnico e monitoramento para o setor elétrico
Em resposta a essa demanda, empresas como a Climatempo, maior consultoria meteorológica da América Latina, vêm intensificando a oferta de relatórios técnicos e serviços de previsão de eventos extremos para o setor elétrico brasileiro. Nos últimos 12 meses, a Climatempo elaborou mais de 350 laudos técnicos, um crescimento em relação aos mais de 330 laudos emitidos em 2023.
Esses relatórios são fundamentais para que agentes do setor, especialmente as transmissoras de energia, possam justificar as interrupções não programadas associadas às condições climáticas, evitando penalidades regulatórias e aprimorando as estratégias de gestão e manutenção da infraestrutura.
“No contexto de mudanças climáticas, as condições meteorológicas adversas afetam cada vez mais as linhas de transmissão, com destaque para eventos como ventos intensos, descargas elétricas, erosões e incêndios recorrentes. Esses fatores elevam o risco de desligamentos e podem provocar impactos significativos para as empresas e a sociedade”, destaca Luciano Ritter, Executivo de Negócios da vertical Energia da Climatempo.
Intensificação das ações preventivas
Atualmente, a Climatempo realiza o monitoramento de cerca de 140 mil quilômetros de linhas de transmissão, além de mais de 40 concessões de distribuição de energia e aproximadamente 400 parques eólicos em todo o território nacional.
Esse acompanhamento em tempo real tem sido essencial não apenas para justificar interrupções, mas também para antecipar a ocorrência de eventos extremos e orientar ações preventivas. “Nossos serviços de previsão e monitoramento contribuem para mitigar os impactos operacionais, oferecendo suporte estratégico para que as empresas aumentem a resiliência climática das suas operações”, acrescenta Ritter.
Penalidades e necessidade de comprovação
As transmissoras são penalizadas financeiramente quando há desligamentos emergenciais e não programados. Por isso, os relatórios de análise meteorológica são indispensáveis para correlacionar a ocorrência de eventos climáticos com as interrupções no fornecimento, fornecendo subsídios técnicos que atestam as causas externas dos incidentes.
Esse diagnóstico técnico também é importante para o planejamento de investimentos em reforços e modernização das infraestruturas, com foco na adaptação às novas condições climáticas que tornam eventos extremos mais frequentes e intensos.
Cenário climático e impactos no sistema elétrico
O aumento dos desligamentos climáticos no Brasil acompanha uma tendência global de intensificação de fenômenos meteorológicos extremos, resultado direto do avanço das mudanças climáticas e do aumento das temperaturas médias globais.
Além dos efeitos diretos sobre as linhas de transmissão, como quedas de torres e rompimento de cabos, há também impactos indiretos, como o agravamento de incêndios florestais e processos de erosão, que podem comprometer a estabilidade dos corredores de transmissão e dificultar a manutenção de faixas de servidão.
Segundo especialistas, a adaptação do setor elétrico brasileiro a esse novo cenário passa pelo investimento em soluções tecnológicas que possibilitem maior monitoramento preditivo, além de medidas estruturais para fortalecer a resiliência das redes.
Perspectivas e necessidade de adaptação
A expectativa da Climatempo é que a demanda por laudos técnicos e consultoria meteorológica continue crescendo nos próximos anos, acompanhando a tendência de aumento na frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos.
A experiência da Climatempo, com mais de duas décadas de atuação no Brasil e na América Latina, reforça a importância da integração entre o setor meteorológico e o setor elétrico como estratégia fundamental para garantir a segurança e a confiabilidade do sistema de transmissão de energia.
Para o setor elétrico, o desafio está posto: é preciso evoluir rapidamente na adoção de soluções resilientes, capazes de lidar com um ambiente cada vez mais exposto às incertezas climáticas, garantindo o fornecimento de energia de forma estável e segura para a sociedade.