Iniciativa pioneira beneficia 470 famílias agroextrativistas, reduz uso de diesel e fortalece a bioeconomia regional, alinhando-se aos compromissos climáticos e à COP30
A comunidade agroextrativista da Ilha das Cinzas, no arquipélago do Marajó (PA), acaba de inaugurar uma agroindústria pioneira operada integralmente por energia solar, com armazenamento em baterias, graças a uma parceria estratégica entre a Natura, a WEG e a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (ATAIC). A iniciativa, inédita na região amazônica, beneficiará diretamente 470 famílias, promovendo maior autonomia energética, agregação de valor à produção local e redução das emissões de carbono.
Localizada em uma área de difícil acesso, banhada pelas águas do Rio Amazonas e periodicamente alagada, a comunidade enfrenta historicamente desafios relacionados à geração de energia e à logística de produção. A instalação de um sistema fotovoltaico off-grid, com armazenamento de energia em baterias (BESS – Battery Energy Storage System), representa uma solução inovadora e sustentável para superar esses obstáculos. O sistema assegura eletricidade contínua, inclusive à noite ou em períodos de baixa irradiação solar, reduzindo significativamente a dependência de geradores a diesel, que passam a ser utilizados apenas como alternativa emergencial.
A inauguração desta agroindústria marca um avanço expressivo para a ATAIC, que, com a nova estrutura, poderá transformar a cadeia produtiva local, deixando de vender sementes e amêndoas in natura para comercializar óleos e manteigas com maior valor agregado. A mudança permitirá um aumento estimado de 60% na renda das famílias agroextrativistas, promovendo o desenvolvimento econômico e social da comunidade.
Energia limpa impulsiona bioeconomia e conservação ambiental
Segundo Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura, a iniciativa está diretamente alinhada aos compromissos ambientais e climáticos da companhia, que há mais de 25 anos atua na região amazônica. “A inauguração da agroindústria operada com energia solar concretiza nossa estratégia de impulsionar negócios de menor impacto ambiental, alinhados às metas de zerar emissões líquidas de carbono até 2030 e transformar toda a operação da Natura em regenerativa até 2050”, destacou Pinhati.
A diretora ressalta ainda que o projeto é uma demonstração prática do potencial da bioeconomia como instrumento estratégico para enfrentar as mudanças climáticas, além de fortalecer o plano de industrialização sustentável da Natura na Amazônia e valorizar o protagonismo das comunidades tradicionais na conservação da floresta em pé. A iniciativa também se insere no contexto das discussões internacionais previstas para a COP30, que ocorrerá em Belém, capital paraense, consolidando-se como referência em práticas sustentáveis no bioma amazônico.
Modelo replicável para outras comunidades isoladas
Daniel Marteleto Godinho, diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG, enfatizou o caráter inovador e replicável do projeto. “A implementação deste sistema fotovoltaico na Ilha das Cinzas reafirma o nosso compromisso com a sustentabilidade. Demonstramos, na prática, como nossas soluções contribuem para a transição energética e podem ser replicadas em outras regiões da Amazônia e comunidades isoladas”, afirmou Godinho.
A WEG foi responsável pelo fornecimento do sistema fotovoltaico e do BESS, em parceria com a empresa W-Energy, que executou a instalação técnica e operacional da infraestrutura. Além disso, as equipes da Natura e da WEG capacitaram tecnicamente os moradores para operar e manter o sistema, promovendo a autonomia local e estimulando a sucessão geracional, com o engajamento de jovens na atividade agroextrativista.
Fortalecimento da sociobioeconomia e valorização das comunidades tradicionais
Francisco Malheiros, presidente da ATAIC, destacou que a parceria com a Natura, que já dura nove anos, vem consolidando a adoção de tecnologias sustentáveis na comunidade, incluindo tratamento de água, gestão de resíduos e geração de biometano. “O complexo funciona como um laboratório de tecnologias sociais. Além disso, contribui diretamente para o empoderamento das mulheres da comunidade, ampliando sua participação nas atividades produtivas e na geração de renda local”, afirmou Malheiros.
Com a nova estrutura energética, a expectativa é que a ATAIC consiga aumentar a produtividade de forma sustentável, oferecendo melhores condições econômicas e sociais às famílias e servindo de modelo para outras iniciativas semelhantes na Amazônia e em outras regiões do Brasil. O projeto reafirma o papel fundamental das comunidades tradicionais na manutenção da floresta em pé e no fortalecimento da sociobioeconomia como estratégia para o desenvolvimento sustentável da região.
Este caso exemplar evidencia como parcerias entre grandes empresas brasileiras e associações comunitárias podem impulsionar negócios sustentáveis, gerar valor social e ambiental, e contribuir para as metas globais de combate às mudanças climáticas, promovendo um modelo de desenvolvimento que alia conservação ambiental, inovação tecnológica e inclusão social.