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Brasil assume protagonismo nuclear em evento no Rio e sela parcerias estratégicas para o setor

Abertura da NT2E 2025 reúne autoridades do governo, lideranças internacionais e setor empresarial para debater o papel da energia nuclear no desenvolvimento sustentável e na segurança energética do país

O Brasil deu um passo importante rumo ao fortalecimento da energia nuclear como vetor estratégico de desenvolvimento ao sediar, no Rio de Janeiro, a abertura da NT2E 2025 — a maior feira de negócios e tecnologia do setor nuclear da América Latina. Realizada no ExpoMag, a cerimônia de abertura do evento, nesta terça-feira (20), reuniu mais de 3.200 participantes, 150 palestrantes, representantes de 15 países e lideranças de peso do setor público e privado para discutir o papel da energia nuclear na matriz energética brasileira e no cenário global de descarbonização.

Autoridades políticas, especialistas e executivos nacionais e internacionais compartilharam a convicção de que o Brasil precisa consolidar sua posição estratégica no setor. O país, que detém uma das maiores reservas de urânio do mundo, tem o potencial de tornar a energia nuclear uma aliada definitiva da segurança energética, da inovação tecnológica e das metas de sustentabilidade.

“É hora de mostrar que o nuclear é tecnologia de ponta, é inovação, é autonomia, é Brasil, é protagonismo. A NT2E 2025 é a prova disso”, destacou Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), na abertura oficial.

A solenidade também contou com a presença do Ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, General Marcos Antônio Amaro dos Santos, da Secretária Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), Ana Paula Bittencourt, e de representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), incluindo uma participação especial em vídeo do diretor-geral Rafael Grossi. Lideranças como Maria Korsnick (NEI), Mikhail Chudakov (AIEA) e Ivan Dybov (Rosatom) também marcaram presença.

Ana Paula Bittencourt, que representou o ministro Alexandre Silveira, afirmou que “falar de energia nuclear é falar de futuro”. Segundo ela, o MME reconhece a importância da fonte para a segurança energética e para os compromissos ambientais assumidos pelo país. “Nosso país detém recursos significativos de urânio, ocupando uma posição invejável no ranking mundial. Além disso, a energia nuclear é uma grande aliada da descarbonização. É por isso que essa fonte deve ser fomentada.”

Já o General Marcos Amaro ressaltou o caráter estratégico do setor nuclear para o Brasil: “A NT2E representa uma oportunidade valiosa para reunir lideranças políticas, acadêmicas, empresariais e técnicas para debater os avanços e o futuro desse setor estratégico.”

O debate sobre o papel do Estado também foi pauta. Pedro Cavalcante, Secretário-Adjunto de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Gestão e Inovação, reforçou a importância do alinhamento entre as estatais, o mercado e a sociedade civil para o avanço da agenda nuclear.

O deputado federal Julio Lopes, por sua vez, criticou a demora na retomada das obras de Angra 3. “Infelizmente, seguimos sem cuidar e sem tratar com seriedade da retomada das obras de Angra 3, o que considero um desastre administrativo — tanto do ponto de vista da política governamental quanto da política energética”, afirmou.

Acordos estratégicos

O primeiro dia da NT2E também foi marcado pela assinatura de três acordos estratégicos que visam fortalecer a inovação e a sinergia entre diferentes segmentos do setor energético.

O primeiro acordo, firmado entre a Amazul e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), estabelece uma cooperação para o desenvolvimento de centros de irradiação e novos materiais. A iniciativa é vista como um passo fundamental para o avanço das aplicações civis da tecnologia nuclear no Brasil.

O segundo acordo, entre a Westinghouse Electric Company e a Constellation, é um memorando de confidencialidade (NDA) com foco em aplicações do micro reator eVince em plataformas de sondagem. O modelo inovador representa uma aposta em soluções compactas e versáteis para ambientes remotos ou industriais.

Por fim, a ABDAN firmou um memorando de entendimento com a Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2). A parceria visa fortalecer a integração entre a indústria nuclear, o setor de hidrogênio de baixa emissão, data centers e outras tecnologias emergentes, ampliando o escopo de soluções para a transição energética.

Brasil em foco no cenário internacional

A NT2E 2025 posiciona o Brasil como um dos principais atores globais na discussão sobre o papel da energia nuclear na transição energética. Com uma agenda que inclui mais de 30 painéis, minicursos e a participação de 147 instituições parceiras, o evento reforça o protagonismo brasileiro em um momento crucial para o setor.

Em um cenário mundial cada vez mais desafiador, onde a segurança energética e a descarbonização caminham lado a lado, o Brasil tem a chance de transformar sua riqueza mineral e sua capacidade tecnológica em uma vantagem competitiva global. A NT2E 2025 mostra que o país está pronto para discutir, propor e liderar.

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