Domingo, Junho 15, 2025
20.7 C
Rio de Janeiro

PRESIQ: Programa de Sustentabilidade busca impulsionar indústria química com impacto de R$ 112,1 bilhões no PIB até 2029

Projeto de Lei propõe estímulos fiscais para descarbonização e uso de matérias-primas renováveis, visando transformar o setor e reduzir emissões de CO²

Em um momento estratégico para a indústria nacional e às vésperas da realização da COP30 no Brasil, a Câmara dos Deputados analisa o Projeto de Lei 892/2025, que institui o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (PRESIQ). A proposta visa reposicionar o setor químico brasileiro no cenário global, com forte aposta na descarbonização, diversificação de matérias-primas e estímulos à ampliação da capacidade instalada das empresas.

De autoria do Deputado Federal Afonso Motta (PDT-RS), o texto do PRESIQ busca não apenas adequar a indústria química brasileira às exigências ambientais internacionais, mas também impulsionar a produção nacional, reduzir a dependência de insumos externos e fortalecer a competitividade global. Com estímulos fiscais considerados “inteligentes”, o projeto pretende gerar efeito direto, indireto e de renda de R$ 112,1 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) até 2029.

Segundo o parlamentar, a iniciativa é uma resposta à necessidade de modernizar o parque industrial e de atender às metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), com o objetivo de diminuir em 30% as emissões de CO² por tonelada produzida e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Nova matriz de insumos e a força da biomassa

Atualmente, a produção química brasileira apresenta uma pegada de carbono menor do que a de diversas regiões do mundo. Estudo realizado pela Way Carbon para a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) aponta que o setor nacional é de 5% a 35% menos carbono-intensivo do que o da Europa, e de 15% a 51% em relação ao restante do mundo. Esta vantagem se deve, em parte, à matriz energética relativamente mais limpa e aos esforços históricos da indústria local.

No entanto, o PRESIQ pretende ampliar esse diferencial competitivo. A proposta aposta no aumento do uso de gás natural e biomassa como principais fontes de matérias-primas e energia, substituindo insumos mais poluentes e incentivando a transição para uma economia circular.

Entre as oportunidades mais promissoras estão o etanol, os óleos vegetais e a biomassa de resíduos agrícolas. Em paralelo, a energia verde proveniente de fontes hidráulica, eólica, solar, bem como o hidrogênio verde e o biometano, serão estratégicos para viabilizar a transição energética do setor.

De acordo com André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, o Brasil já possui acesso às principais matérias-primas renováveis e pode liderar o mercado de químicos de baixo carbono globalmente. “A diversificação da matriz é o melhor caminho para a descarbonização. A biomassa é precursora de diversos produtos químicos essenciais, e o Brasil tem a oportunidade de se tornar referência mundial”, afirma.

Mecanismos de incentivo e impacto econômico

O PRESIQ estrutura seus incentivos em dois blocos principais. O primeiro oferece créditos financeiros para a aquisição de matérias-primas menos poluentes, como o gás natural. O segundo prevê estímulos à ampliação da capacidade instalada nas centrais petroquímicas e indústrias químicas, com créditos financeiros de até 3% do valor investido.

Serão disponibilizados até R$ 4 bilhões para empresas que se enquadrem na modalidade industrial e até R$ 1 bilhão para investimentos em ampliação produtiva, com início previsto a partir de 2027. Para acessar os benefícios, as empresas deverão comprovar investimentos mínimos em pesquisa e desenvolvimento: ao menos 10% dos créditos usufruídos, ou 8% em pesquisa e 2% em programas socioeducativos, devidamente auditados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Com essa modelagem, o PRESIQ projeta a geração de quase 81 mil novos postos de trabalho diretos até 2029, além de criar oportunidades para mais de 1,7 milhão de trabalhadores diretos e indiretos em toda a cadeia produtiva.

Alinhamento com o Nova Indústria Brasil e a agenda ambiental

O novo programa também dialoga diretamente com o Nova Indústria Brasil, plano lançado pelo governo federal com o objetivo de modernizar o parque industrial até 2033. A iniciativa prevê linhas de crédito com juros reduzidos, subsídios e fundos especiais para setores estratégicos, entre eles a indústria química.

Ao integrar-se a essa política mais ampla, o PRESIQ pretende equalizar as oportunidades para o Brasil frente à concorrência internacional. “A indústria química brasileira enfrenta ventos globais contrários e precisa de suporte para manter sua competitividade. O PRESIQ é uma resposta a essa necessidade”, ressalta Afonso Motta.

Economia circular e compromisso ambiental

Outro pilar do PRESIQ é o incentivo à adoção de práticas de economia circular, especialmente na cadeia de plásticos e químicos. O objetivo é estimular o redesenho de produtos e processos, reduzindo o desperdício e aumentando a reutilização de materiais.

Essa transição dos modelos lineares de produção e consumo para modelos circulares é fundamental para o cumprimento dos compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris e nas agendas internacionais de sustentabilidade.

Conclusão

Se aprovado, o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química representará um marco na história do setor no Brasil. Com metas claras de descarbonização, estímulos à inovação e investimentos robustos, o PRESIQ poderá transformar o país em um líder mundial na produção de químicos de baixo carbono.

A proposta não apenas impulsiona o crescimento econômico, mas também reforça o compromisso ambiental brasileiro, num momento em que a sustentabilidade é cada vez mais determinante para a competitividade no mercado global.

Destaques

Goiás aprova incentivos fiscais para PCHs e CGHs e projeta R$ 1 bilhão em investimentos até 2028

Plano estadual poderá viabilizar mais de 30 novas usinas...

ENGIE conclui modernização da UHE Salto Osório e amplia potência instalada para mais de 1.100 MW

Projeto de R$ 300 milhões aumenta eficiência energética, reforça...

Appian e Omnigen entregam novos parques solares em Minas Gerais e reforçam aposta na energia limpa

Projetos Igarapés 05 e Andradas 03 ampliam presença da...

Últimas Notícias

GDSolar lança modelo de energia solar por assinatura com até 25%...

Serviço da empresa do Grupo Colibri Capital estreia em...

State Grid e GEB negociam aquisição de ativos de transmissão da...

Multinacionais avaliam compra da Quantum, que administra 2.851 km...

Projeto no Senado busca impedir flexibilização de critérios para renovação das...

Proposta legislativa quer garantir que ANEEL e MME sigam...

Chuvas acima do esperado elevam projeção para reservatórios hidrelétricos no Sudeste...

Operador Nacional do Sistema Elétrico revê estimativas de afluência...

Brasil amplia liderança energética e propõe cooperação com Caribe em fontes...

Durante cúpula no Itamaraty, ministro Alexandre Silveira destaca expertise...

Goiás aprova incentivos fiscais para PCHs e CGHs e projeta R$...

Plano estadual poderá viabilizar mais de 30 novas usinas...

Artigos Relacionados

Categorias Populares