Evento em Belém deve reforçar a liderança feminina na transição energética e abrir espaço para novas gerações
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que acontecerá em Belém no final deste ano, será um marco não apenas para a discussão global sobre descarbonização, mas também para a representatividade feminina no setor energético. Esse é o ponto de vista de Beyza Ozdemir, diretora comercial e de negócios da Karpowership para a América do Sul, que defende a inclusão da pauta de igualdade de gênero como um tema central do evento.
Segundo Ozdemir, as mulheres desempenham um papel essencial na construção de um futuro sustentável, tanto na ciência quanto na liderança empresarial e política. No entanto, a presença feminina em espaços de decisão ainda é desproporcional, especialmente em setores tradicionalmente dominados por homens, como a indústria de energia.
“O caminho para um mundo mais sustentável depende da diversidade de perspectivas e da garantia de que todas as vozes sejam ouvidas”, afirma a executiva. “Muitas mulheres já lideram pesquisas inovadoras e acordos estratégicos para um futuro mais verde. Reconhecer esse protagonismo e incentivar novas lideranças femininas deve ser um compromisso global na COP30.”
A COP30 como plataforma de empoderamento
A COP30 não será apenas um evento para discutir políticas climáticas, mas também uma oportunidade para inspirar jovens mulheres a ocuparem posições de destaque no setor energético e em outras áreas estratégicas. Ozdemir destaca que ainda há um longo caminho a percorrer para que meninas e adolescentes se enxerguem como futuras líderes globais.
“Eventos dessa magnitude precisam ir além dos debates técnicos e criar espaços de inspiração para a próxima geração. Muitas jovens não têm acesso a plataformas que lhes permitam expressar suas ideias e dialogar com líderes experientes”, ressalta. “A COP30 pode desempenhar um papel transformador ao conectar essas jovens a referências femininas que já estão fazendo a diferença no mundo.”
Ela acredita que, se iniciativas de mentoria e inclusão forem estruturadas dentro da programação oficial da COP30, o impacto será ainda maior. “Imagine o poder de uma adolescente do Pará, que talvez nunca tenha tido contato com lideranças femininas no setor energético, poder ouvir histórias de mulheres que moldaram suas carreiras em um ambiente desafiador. Essa representatividade pode ser um divisor de águas para muitas jovens que sonham com um futuro diferente.”
Desafios e perspectivas para maior equidade no setor energético
Apesar dos avanços na inclusão feminina em setores estratégicos, a realidade ainda está longe do ideal. Em um contexto global onde algumas narrativas questionam a agenda ESG, garantir a ascensão das mulheres a cargos de liderança continua sendo um desafio. Para Ozdemir, essa não é apenas uma questão de equidade, mas uma necessidade para a construção de um mundo mais equilibrado e sustentável.
“A diversidade de pensamento impulsiona a inovação. Empresas e governos que investem em lideranças plurais colhem benefícios significativos, não apenas em termos de imagem, mas também em eficiência e resultados”, enfatiza.
Ela ressalta que a transformação precisa começar cedo, por meio da educação e da criação de oportunidades para que meninas desenvolvam confiança em seu potencial. “Quando as mulheres têm acesso a modelos de sucesso e a ambientes que incentivam seu crescimento, elas se tornam agentes de mudança.”
Para as jovens que aspiram atuar em setores tradicionalmente masculinos, Ozdemir deixa um conselho direto: “Construam sua confiança e não se deixem intimidar. O mundo está mudando, e cada uma de nós tem um papel crucial nesse processo. O futuro da energia, e do planeta, precisa de mais mulheres liderando a mudança.”
