Companhia atribui resultado ao aumento do endividamento após fusão com AES Brasil e projeta desalavancagem acelerada
A Auren Energia fechou o ano de 2024 com um prejuízo líquido de R$ 32,6 milhões, revertendo o lucro de R$ 15,6 milhões registrado no ano anterior. O desempenho do quarto trimestre foi ainda mais desafiador, com um prejuízo de R$ 363,6 milhões, contrastando com o lucro de R$ 220,2 milhões do mesmo período de 2023.
Os números refletem o impacto da incorporação da AES Brasil, concluída nos últimos meses do ano passado. Embora a fusão tenha aumentado significativamente a escala de atuação da companhia, também elevou seu nível de endividamento, comprometendo os resultados financeiros no curto prazo.
Apesar disso, a Auren mantém uma visão otimista, apostando na sua forte geração de caixa e na redução acelerada da alavancagem nos próximos anos. Segundo a diretoria, o endividamento mais alto é um efeito natural da expansão, mas a expectativa é de uma rápida recuperação financeira.
Receita cresce, mas pressão sobre lucro persiste
Mesmo com o impacto negativo no resultado líquido, a Auren registrou um crescimento expressivo na receita. Em 2024, a companhia faturou R$ 11,25 bilhões, um aumento de 17,7% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, a receita atingiu R$ 3,6 bilhões, representando uma alta de 35% sobre o mesmo período de 2023.
O Ebitda ajustado (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), indicador que mede a eficiência operacional da empresa, fechou o ano em R$ 3,3 bilhões, uma queda de 5% frente a 2023. No quarto trimestre, o Ebitda caiu 12,7%, totalizando R$ 889,8 milhões.
A queda na rentabilidade operacional foi influenciada pelo maior custo financeiro decorrente do aumento da dívida líquida, que atingiu R$ 18,9 bilhões. Com isso, o índice de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) subiu para 5,7 vezes, contra 1,6 vez registrado antes da conclusão da fusão.
Perspectiva: desalavancagem rápida e confiança na geração de caixa
Diante do novo cenário financeiro, a estratégia da Auren passa pela redução da alavancagem e otimização dos custos financeiros. Segundo Mateus Ferreira, vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, a maior despesa financeira impactou o resultado contábil, mas o lucro societário combinado da Auren e da AES Brasil foi de R$ 272 milhões, o que reforça a solidez do negócio.
O CEO da companhia, Fabio Zanfelice, também demonstrou otimismo, destacando que a forte geração de caixa será determinante para reduzir o endividamento nos próximos anos. No quarto trimestre de 2024, a taxa de conversão de caixa atingiu 59,3%, enquanto no acumulado do ano foi de 56,9%.
Zanfelice estima que, em um período de dois anos, a alavancagem da Auren estará em um patamar significativamente menor. O executivo enfatizou que a fusão com a AES Brasil foi um movimento estratégico para consolidar a empresa no setor e que, com uma estrutura financeira mais equilibrada, a companhia estará bem posicionada para crescer de forma sustentável.
O futuro da Auren no setor elétrico
Olhando adiante, o mercado acompanhará de perto a evolução da alavancagem e a capacidade da Auren de cumprir sua promessa de recuperação rápida. A fusão com a AES Brasil ampliou a capacidade de geração e comercialização de energia da empresa, reforçando sua presença no setor elétrico brasileiro.
A expectativa é que a companhia continue ajustando sua estrutura financeira, ao mesmo tempo em que busca oportunidades de crescimento e eficiência operacional. A divulgação dos próximos resultados será um teste crucial para validar a estratégia da empresa e sua capacidade de entregar valor aos acionistas no longo prazo.
Os números do quarto trimestre de 2024 foram divulgados oficialmente no dia 25 de fevereiro de 2025, e o mercado agora aguarda os próximos passos da companhia para avaliar o impacto da fusão e a concretização da recuperação projetada pela gestão.