Com gastos anuais de R$ 136 milhões, universidade busca eficiência energética e menor impacto ambiental
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) deu um passo importante em sua gestão ambiental ao implementar a Política de Sustentabilidade e Educação Regenerativa (SER/UFRJ), aprovada por unanimidade no Conselho Universitário (Consuni). A iniciativa busca otimizar o uso de recursos naturais, reduzir os elevados custos com energia elétrica e água, e promover um ambiente mais sustentável nos campi da instituição.
Em 2024, os gastos da UFRJ com energia elétrica e água totalizaram R$ 136 milhões. Apenas nas unidades localizadas na cidade do Rio de Janeiro, o consumo de energia atingiu 64.998.816 kWh, o que representa 0,5% do total consumido no município. Este valor coloca o consumo por metro quadrado da universidade em 75 kWh/m²/ano, muito acima da média ideal de 53,7 kWh/m²/ano definida pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS).
Foco em Eficiência Energética
“É urgente fazer o uso consciente de energia elétrica e água. Além de atender a uma necessidade ambiental, isso permite redirecionar recursos para áreas prioritárias como assistência estudantil e transporte universitário,” destacou o professor Francisco Esteves, coordenador-geral da Política SER/UFRJ.
Para enfrentar o problema, três grupos de trabalho foram criados com a missão de identificar gargalos no consumo de energia, Buscar fontes de financiamento e Planejar readequações estruturais.
Casos de Consumo Excessivo e Ineficiência
Entre os prédios com maior consumo energético estão o Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Interfaces Humano-Computador para a Amazônia Cognitivo (LabCog), onde está instalado o supercomputador Lobo Carneiro, e o Restaurante Universitário (RU) Central. Ambos consomem mais de 200 kWh/m²/ano, o que, segundo a professora Susanne Hoffmann, é justificável pelas demandas operacionais dessas instalações.
Em contrapartida, prédios como o Jorge Machado Moreira (JMM) e o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs) apresentam consumo abaixo da média esperada, reflexo da precariedade de infraestrutura.
“Muitas salas desses prédios não têm sequer ar-condicionado, o que explica o baixo consumo, mas também aponta para a necessidade de melhorias estruturais,” acrescentou Hoffmann, que também coordena o Plano de Logística Sustentável (PLS) da UFRJ.
Ações a Longo Prazo e Sustentabilidade
A Política SER/UFRJ inclui medidas de curto, médio e longo prazos para reduzir o consumo de energia e água. A longo prazo, a universidade pretende ampliar a instalação de sistemas de eficiência energética, como painéis solares e medidores inteligentes.
A UFRJ também busca conscientizar a comunidade acadêmica sobre a importância de mudanças de comportamento no uso de recursos naturais. “Consumo eficiente tem a ver com sustentabilidade e educação. A política inicia um processo de transformação cultural na universidade,” reforçou Esteves.
Participação e Inovação
A primeira reunião para implementar a política contou com a presença do reitor Roberto Medronho, coordenadores da Política SER/UFRJ e especialistas de áreas como engenharia e planejamento técnico. “A interdisciplinaridade é fundamental para criar soluções que realmente impactem o dia a dia da UFRJ e contribuam para a redução do consumo,” afirmou Medronho.
O programa também prevê a ampliação do número de medidores de energia para identificar com maior precisão os pontos de desperdício e implementar soluções específicas em cada unidade.