Energia solar residencial pode ficar 13% mais cara, alerta consultoria Greener

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Mudanças nas tarifas de importação e benefícios fiscais da China pressionam o mercado de Geração Distribuída no Brasil

A energia solar, um dos setores mais promissores para a sustentabilidade e redução de custos energéticos no Brasil, pode enfrentar um aumento significativo nos preços em 2024. Segundo estudo da consultoria Greener, especializada em inteligência de mercado fotovoltaico, os kits solares residenciais podem ficar 13% mais caros, resultado do aumento do Imposto de Importação (II) para módulos fotovoltaicos e da redução dos benefícios de exportação do governo chinês.

O Imposto de Importação, que subiu de 9,6% para 25%, combinado com a diminuição do benefício fiscal chinês de 13% para 9%, é apontado como o principal fator para o impacto. Para consumidores residenciais, isso se traduz em kits solares mais caros, além de um aumento no tempo de retorno sobre o investimento, conhecido como payback, que passaria de 3 para 3,2 anos.

Impacto direto no mercado residencial

A análise da Greener considerou o exemplo de um kit residencial de 4 kWp, revelando os seguintes impactos:

  • Elevação de 26% no preço dos módulos fotovoltaicos: Este aumento reflete diretamente os custos de importação, que respondem por grande parte da cadeia produtiva no Brasil, uma vez que 95% dos módulos são importados, principalmente da China.
  • Aumento de 13% no custo total do kit fotovoltaico: O kit, que inclui módulos, inversores e estrutura de suporte, terá um acréscimo significativo, tornando o investimento inicial mais alto para o consumidor final.
  • Acréscimo de 6,71% no tempo de retorno do investimento: Com o preço mais elevado, o período necessário para que o consumidor recupere o valor investido aumentará, chegando a 3,34 anos em cenários mais extremos.

Outro ponto de atenção é o frete marítimo, que, se continuar em alta – atualmente representando 13,87% do preço FOB (Free on Board) dos módulos importados – pode ampliar ainda mais o impacto. Nesse cenário, os módulos nacionalizados teriam um aumento de 43,42% no preço, enquanto o custo total do kit fotovoltaico subiria 22%, estendendo o payback para quase 3,4 anos.

Efeito também na Geração Centralizada

A consultoria Greener não limitou sua análise aos sistemas residenciais. Em novembro, a empresa apontou que o aumento do Imposto de Importação também deve impactar os projetos de Geração Centralizada (GC), com projeção de elevação de mais de 8% no CAPEX (investimento inicial em capital). Essa modalidade de geração, utilizada em projetos de grande escala, também é altamente dependente de componentes importados, o que reforça os desafios impostos pelas mudanças tributárias.

Em 2024, as importações devem continuar desempenhando um papel crucial no setor solar brasileiro, que já importou mais de 16 GW de módulos até setembro deste ano. Esse volume é essencial para atender à crescente demanda por energia renovável no país, mas está cada vez mais suscetível a variações externas, como as políticas fiscais da China e custos logísticos globais.

Um setor resiliente, mas em alerta

Marcio Takata, CEO da Greener, destacou que o setor fotovoltaico já demonstrou resiliência em situações adversas anteriores, mas alerta para os desafios impostos pelas mudanças tributárias “As mudanças tributárias e fiscais trazem desafios relevantes para toda a cadeia solar, com impacto direto nos custos e na atratividade dos empreendimentos, desde sistemas de pequeno porte até projetos de grande escala. Apesar disso, a energia fotovoltaica segue sendo essencial para a matriz elétrica brasileira, principalmente em períodos de estiagem prolongada, que têm comprometido a geração hidrelétrica.”

De fato, com os efeitos cada vez mais intensos das mudanças climáticas, o Brasil enfrenta desafios na diversificação de sua matriz energética. A energia solar, que já desempenha um papel crucial na mitigação dos impactos da crise hídrica, segue como uma alternativa vital para a sustentabilidade energética do país.

O que esperar em 2024?

Embora o aumento de preços possa desanimar consumidores e investidores no curto prazo, a Greener acredita que o setor solar continuará sendo atrativo. O payback de 3,2 anos, mesmo com os ajustes, ainda é considerado vantajoso em comparação com outras alternativas energéticas. Além disso, a economia proporcionada pelos sistemas solares, especialmente em locais com altas tarifas de energia elétrica, deve continuar sendo um diferencial para os consumidores.

No entanto, especialistas do setor alertam que as mudanças fiscais exigem maior planejamento e análise de viabilidade, tanto por parte de consumidores residenciais quanto de grandes investidores. Empresas e consultorias do setor recomendam que consumidores interessados em sistemas solares avaliem com cuidado os custos e busquem fornecedores que ofereçam transparência e suporte técnico adequado.

O novo cenário será um teste para a resiliência do setor fotovoltaico, mas também uma oportunidade para que novas soluções e modelos de negócios surjam, garantindo que a transição energética no Brasil continue avançando de forma sustentável e acessível.

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