Diretor-Geral da IRENA pede consenso global e compromisso financeiro para uma transição energética alinhada com as metas do Acordo de Paris
Durante a COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, líderes globais e ministros de energia se reuniram para discutir a urgência de aumentar os investimentos e ações em energia renovável, estabelecendo uma meta de triplicar a capacidade mundial dessas fontes até 2030. O evento, que ocorre sob a Presidência da COP29 do Azerbaijão e com o apoio da União Europeia e dos Emirados Árabes Unidos (Presidência da COP28), visa reafirmar e impulsionar compromissos assumidos no ano anterior, principalmente os ligados ao Consenso dos Emirados Árabes Unidos — um conjunto de metas ambiciosas voltadas para conter o aquecimento global a 1,5°C e alcançar a transição energética global.
Francesco La Camera, Diretor-Geral da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), ressaltou o papel crítico da década atual para as ações climáticas. Segundo ele, “os anos de 2024 a 2030 são cruciais para reorientar o mundo em direção ao caminho de 1,5°C”. La Camera também enfatizou a importância de um acordo financeiro robusto e da atualização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) até 2025, quando será a próxima oportunidade para que os países aumentem suas metas climáticas.
Desafios e Perspectivas Financeiras para uma Transição Energética Justa
O relatório da IRENA, apresentado durante a COP29, projeta que, embora o mundo tenha alcançado um recorde histórico de investimentos em energias renováveis, com US$ 570 bilhões aplicados em 2023, há uma lacuna significativa a ser preenchida. Para atingir as metas globais, seriam necessários US$ 31,5 trilhões em investimentos cumulativos até 2030, com um déficit anual de US$ 1,5 trilhão entre 2024 e 2030. Esses valores são indispensáveis para garantir o avanço em energias renováveis, infraestrutura de rede, eficiência energética e tecnologias de conservação.
A IRENA também destacou a necessidade de reorientar os fluxos financeiros globais para a energia limpa e a descarbonização de forma a viabilizar uma transição energética justa e equitativa. Para La Camera, o objetivo é construir um consenso global e aumentar os compromissos nacionais, especialmente em relação às NDCs. “Esta é a última oportunidade nesta década para os países aumentarem suas ambições”, afirmou o diretor, lembrando que os compromissos de 2025 serão essenciais para manter a meta de 1,5°C viva.
Ações Globais e Compromissos Futuramente Necessários
O evento contou com discussões que enfatizaram a importância da cooperação internacional e da criação de políticas de longo prazo. Os representantes dos países presentes na cúpula reforçaram a necessidade de uma maior mobilização de recursos por parte de instituições financeiras globais e nacionais. Diversos países reafirmaram seu compromisso em destinar mais fundos para projetos de energia renovável, que incluem desde a construção de usinas solares e parques eólicos até melhorias em redes de distribuição e armazenamento de energia.
Em complemento, foram discutidas medidas para fortalecer a eficiência energética, um dos principais fatores para reduzir emissões de carbono. A meta de dobrar a eficiência energética até 2030 exige que países e empresas invistam em tecnologias e infraestruturas mais eficientes, o que ajudaria a diminuir o consumo de energia e os custos operacionais, além de criar novos postos de trabalho em setores sustentáveis.
Próximos Passos: Expectativa para as NDCs em 2025
Na COP29, os participantes concluíram que os compromissos financeiros e as metas de eficiência devem estar diretamente refletidos nas próximas NDCs, em 2025. La Camera e demais líderes pediram que todos os países se esforcem para elevar suas ambições, reforçando que as atualizações das NDCs, se realizadas de forma significativa, poderiam colocar o mundo em um caminho mais seguro para atingir as metas do Acordo de Paris.
Com a data para a apresentação das novas NDCs se aproximando, o papel das nações desenvolvidas em fornecer assistência financeira e tecnológica aos países em desenvolvimento foi novamente enfatizado como um fator determinante para o sucesso da transição global. Nesse contexto, a COP29 surge como um espaço vital para consolidar o compromisso de nações e instituições com a criação de um sistema energético global mais sustentável e inclusivo.
Ao final da Cúpula de Ação Climática dos Líderes Mundiais em Baku, a expectativa é de que as negociações e os acordos firmados continuem a gerar impulso para um progresso concreto e que inspirem ações globais coordenadas até a COP30. Para La Camera, a próxima atualização das NDCs será decisiva para alcançar o Consenso dos Emirados Árabes Unidos, permitindo que a comunidade global avance de forma coordenada na direção de um futuro sustentável.