Regiões Norte, Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste devem registrar precipitações abaixo de 50% da média histórica, enquanto o Sistema Interligado Nacional projeta crescimento de carga
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou, em seu boletim semanal do Programa Mensal de Operação (PMO), as projeções de Energia Natural Afluente (ENA) para a semana operativa de 12 a 18 de outubro. As estimativas indicam que as afluências — volume de água que chega aos reservatórios das hidrelétricas — permanecerão abaixo da média histórica para o mês de outubro em todas as regiões do Brasil, confirmando o cenário de seca em boa parte do território nacional.
De acordo com o ONS, a região Sul é a que apresenta o melhor desempenho em termos de afluência, com 86% da Média de Longo Termo (MLT). No entanto, as demais regiões mostram uma situação preocupante: a previsão é de que o Norte atinja apenas 49% da MLT, o Sudeste/Centro-Oeste, 45%, e o Nordeste, 34%.
Impacto das Baixas Afluências
A Energia Natural Afluente é um indicador fundamental para a operação do sistema elétrico brasileiro, que depende em grande parte da geração de energia hidrelétrica. Quando as afluências estão abaixo da média, os reservatórios não conseguem reter o volume de água necessário para manter a geração em níveis ideais, o que pode levar a uma maior dependência de usinas termelétricas, que possuem um custo de operação mais elevado e geram impactos ambientais maiores.
O cenário de seca prolongada nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste preocupa, pois essas áreas possuem grandes parques hidrelétricos que abastecem grande parte do país. As afluências abaixo de 50% da média histórica nessas regiões podem resultar em uma pressão maior sobre o sistema, além de eventuais aumentos no custo da energia para os consumidores.
Crescimento da Demanda de Carga
Apesar das condições hidrológicas desfavoráveis, o ONS também divulgou previsões de crescimento da demanda de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo o boletim, a demanda por energia elétrica deve aumentar 4,4% em outubro de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023, atingindo 81.952 MW médios.
A maior expansão é esperada na região Norte, com um crescimento de 8,8% na demanda, alcançando 8.406 MW médios. O Nordeste deve apresentar um aumento de 5% (13.970 MW médios), enquanto as regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste projetam uma aceleração de 4,3% (13.298 MW médios) e 3,5% (46.278 MW médios), respectivamente.
O aumento da demanda é impulsionado por fatores como o crescimento econômico, a retomada de atividades industriais e comerciais, além de uma maior utilização de equipamentos elétricos nas residências. Esse cenário coloca desafios adicionais para a gestão do SIN, que precisa lidar com a crescente demanda ao mesmo tempo em que as condições hidrológicas são desfavoráveis.
Níveis de Armazenamento nos Reservatórios
O boletim do ONS também atualizou as previsões para os níveis de Energia Armazenada (EAR) nos principais reservatórios do país ao final de outubro. As estimativas indicam que dois submercados devem registrar níveis acima de 50%: o Norte, com 62,4%, e o Sul, com 59,3%. Esses números são relativamente positivos, considerando o período seco pelo qual o país atravessa.
No entanto, as regiões Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste, que concentram grandes reservatórios, devem registrar níveis de armazenamento mais baixos. A previsão para o Nordeste é de 43,9%, enquanto o Sudeste/Centro-Oeste deve atingir apenas 39,4% de sua capacidade de armazenamento.
Os percentuais projetados são compatíveis com a estação seca, que se estende até o final de outubro em boa parte do Brasil. No entanto, a expectativa é que as chuvas voltem a ganhar força nos meses seguintes, o que poderia aliviar a situação dos reservatórios e reduzir a pressão sobre o sistema elétrico.
Custo Marginal de Operação
Outro dado relevante divulgado pelo ONS no boletim semanal é o Custo Marginal de Operação (CMO), que é o indicador utilizado para definir o custo de geração de energia adicional no sistema elétrico. Para a semana operativa de 12 a 18 de outubro, o CMO será de R$ 571,67 por megawatt-hora (MWh) em todas as regiões do país.
O valor do CMO reflete a necessidade de acionar usinas térmicas para suprir a demanda por energia, dado que a geração hidrelétrica está limitada pelas baixas afluências. Usinas térmicas, embora necessárias para garantir o abastecimento, têm um custo de operação significativamente mais alto do que as hidrelétricas, o que pode impactar diretamente nas tarifas de energia.